terça-feira, 22 de março de 2022

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De «LUIS SOARES DE OLIVEIRA

18 h  · 

21/3/22

«CONSCIÊNCIA EVOLUTIVA: fase pré-cientismo.

 

«Recordam-se vocês do bom tempo de outrora,

Dum tempo que não volta mais

Quando íamos a rir pela existência fora

Alegres como em Junho os bandos dos pardais.»

Guerra Junqueiro»

 

O comentário de LSO, atinente a uma infância por todos vivida, que a comparam, talvez, com a infância dos meninos de hoje, oferece um resquício de saudosismo em Guerra Junqueiro, que LSO minimiza com sorridente expressão atribuída a essa primeira etapa “pré-científica” da evolução do espírito. O certo é que o progresso traz mudanças tais, que espantam os adultos no confronto com os tempos de hoje, mais ensombrados, talvez, nessa liberdade primeira, de maior plenitude outrora e que Pessoa tantas vezes traduziu, na sua “CONSCIÊNCIA EVOLUTIVA” profundamente sentida, de génio inconformado:

«Quem me dera que eu fosse o pó da estrada

E que os pés dos pobres me estivessem pisando...

Quem me dera que eu fosse os rios que correm

E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio

E tivesse só o céu por cima e a água por baixo. . .

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro

E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida

Olhando para trás de si e tendo pena.

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XVIII"

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