18 h ·
21/3/22
«CONSCIÊNCIA
EVOLUTIVA: fase pré-cientismo.
«Recordam-se
vocês do bom tempo de outrora,
Dum tempo que
não volta mais
Quando íamos
a rir pela existência fora
Alegres como
em Junho os bandos dos pardais.»
Guerra
Junqueiro»
O comentário de LSO, atinente a uma infância por todos vivida, que a comparam, talvez, com a infância dos meninos de hoje, oferece um resquício de saudosismo em Guerra Junqueiro, que LSO minimiza com sorridente expressão atribuída a essa primeira etapa “pré-científica” da evolução do espírito. O certo é que o progresso traz mudanças tais, que espantam os adultos no confronto com os tempos de hoje, mais ensombrados, talvez, nessa liberdade primeira, de maior plenitude outrora e que Pessoa tantas vezes traduziu, na sua “CONSCIÊNCIA EVOLUTIVA” profundamente sentida, de génio inconformado:
«Quem
me dera que eu fosse o pó da estrada
E
que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem
me dera que eu fosse os rios que correm
E
que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem
me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E
tivesse só o céu por cima e a água por baixo. . .
Quem
me dera que eu fosse o burro do moleiro
E
que ele me batesse e me estimasse...
Antes
isso que ser o que atravessa a vida
Olhando
para trás de si e tendo pena.
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos -
Poema XVIII"
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