Mais um texto escorreito de José Milhazes, merecedor de variados pontos de vista,
grande parte dos quais não coloquei, no reconhecimento triste de mentalidades
portuguesas paralelas à do ditador russo, na sua insensibilidade pelo que
sucede diariamente, de multidões em fuga, por conta do monstro, cujo poder,
desafiador de todas as regras morais, não lhes perturba a consciência, na
cobardia da sua própria distância daquele, e da proximidade dos “simplórios”
que ousam condenar esse chefe Putin, dando azo aos exibicionismos verbais dos
tais, ditados pelas suas competências de igual imoralidade e cobardia desse facínora
russo, bem oculto e protegido…
O que pensam dois Cirílios da invasão russa
Círilio I, patriarca da Igreja
Ortodoxa da Rússia, está entre os que apresentam uma guerra que já fez milhares
de vítimas como uma cruzada contra o Ocidente, lugar de podridão e declínio de
costumes.
JOSÉ MILHAZES Colunista
do Observador. Jornalista e investigador
OBSERVADOR, 09 mar
2022
Cirílio o “Grande”
A
invasão militar da Ucrânia está a ser vendida pela propaganda do Kremlin aos
russos como mais uma acto humanitário de Putin para com o país vizinho e
recorre-se às mais incríveis formas para a justificar e até a glorificar. Mas
nem todos os russos pensam assim.
Círilio I (Kirill), patriarca da Igreja
Ortodoxa da Rússia (IOR), está entre aqueles que apresentam uma guerra que já
fez milhares de vítimas como uma cruzada contra o Ocidente: lugar de podridão e
declínio de costumes que é preciso salvar, quer os ocidentais queiram ou não.
É
do conhecimento geral que o chefe máximo da Igreja Ortodoxa Russa foi, durante
muitos anos, informador do KGB, serviços secretos soviéticos e talvez nessa
organização tenha aprendido que tudo o que havia na União Soviética comunista
era bom, incluindo as perseguições religiosas, e o mal estava todo concentrado
no Ocidente capitalista.
Vamos acreditar, embora seja difícil
imaginar, que ele fazia isso para evitar perseguições religiosas ou para salvar
a chama da Ortodoxia num meio de ateísmo militante.
Mas
porque é que ele apoia hoje a guerra contra a Ucrânia? Outra vez pela luta
contra o Ocidente? Sim, mas, desta vez, ele vai mais longe.
Paradas gays
A
Igreja Autocéfala Ucraniana, a Igreja Uniata (católicos de rito oriental) e a Igreja
Católica condenaram imediatamente a invasão. A
primeira lembrou o célebre episódio bíblico de Caim e Abel, não sendo
necessário explicar quem representa quem neste conflito.
Por outro lado, desde a primeira hora
que Cirílio apoia aquilo a que Vladimir Putin chama “operação especial”, embora
de ambos os lados combatam ortodoxos fiéis da Igreja Ortodoxa Russa! Milhões de russófonos que vivem na Ucrânia
obedecem ao Patriarcado de Moscovo, mas foram baptizados de “neonazis” pelo
“czar” delinquente, pois, no lugar de saírem com flores e cânticos à espera dos
“libertadores russos”, decidiram pegar em armas e resistir.
Verdade
seja dita, nem todo o clero ucraniano e russo da Igreja Ortodoxa Russa aprovou
a decisão do patriarca. Por exemplo, Onófrio, metropolita de Kiev e de toda a Ucrânia da IOR,
condenou firmemente a invasão do seu país, sublinhando que “esta guerra não tem
justificação nem perante Deus, nem perante os homens”.
Porém,
os apelos deste metropolita e de outros sacerdotes não levaram Cirílio I a
mudar de ideias, bem pelo contrário, o clérigo encontrou razões ainda mais
bizarras. Afinal a culpa é das paradas de orgulho gay.
Num
sermão pronunciado no passado Domingo, o dia do perdão, na Catedral de Cristo
Redentor de Moscovo, considerou que a origem desta guerra são as paradas gays
que tentam impor aos habitantes de Donbass: “As exigências a muitos para realizar paradas gay são
um teste à lealdade, Tudo o que eu digo não tem apenas a ver com uma
importância teórica qualquer e com um sentido espiritual. Em torno deste tema
tem lugar uma guerra real”.
“O perdão sem justiça é a capitulação e
a fraqueza”- sublinhou.
Cirílio “pequeno”
Cirílio tem seis anos e frequenta a
sexta classe de uma escola de Moscovo.
Quando assistia a uma aula de propaganda sobre a “operação especial”, perguntou
porque é que Putin começou uma guerra (palavra proibida oficialmente na Rússia
em relação às tropas russas) e, no intervalo, gritou “Glória à Ucrânia”
(palavra de ordem igualmente proibida).
Segundo
a mãe dele, depois da aula, recebeu uma chamada anónima a convidá-la para se
apresentar numa esquadra da polícia. A directora da turma do menino chamou-a
também à escola para um encontro com funcionários da inspecção de assuntos de
menores. A senhora não compareceu a nenhum dos encontros e retirou o filho da
escola.
No
dia seguinte, quando Cirílio estava sozinho em casa, tocaram à porta dois
agentes da polícia, ele não lhes abriu a porta e eles cortaram a electricidade
e puseram por debaixo da porta uma “chamada para interrogatório”.
Aguardemos
para ver o que irá acontecer a Cirílio e à sua mãe, mas já é mais do que
evidente qual dos dois Cirílios é o menino e qual é o mais corajoso.
Comentários para quê?
GUERRA NA UCRÂNIA UCRÂNIA
EUROPA
MUNDO RÚSSIA
COMENTÁRIOS:
Fernando Oliveira Santos: Sr José Milhases já reparou que ainda é transmitido em
Portugal um canal Russo "planeta RTR" que pelo pouco que percebo
continua a difundir a defesa de Putin e da invasão da Ucrânia. Os meus
respeitosos cumprimentos. Paulo Silva: Em Abril de 2005, no seu
discurso anual na Duma, Vladimir Putin disse que o colapso da defunta URSS foi
a maior catástrofe geopolítica do séc. XX, e que para o povo russo isso fora um
drama de verdade, pois deixou milhões de russos de fora da Federação Russa. O irredentismo – questão
comum à Itália e à Alemanha após Versalhes - é a principal ‘justificação’ para
as acções belicosas e belicistas de Putin. Querer transformar a agressão à
Ucrânia numa batalha de uma guerra cultural, pode cativar alguns distraídos,
mas não passa de uma desculpa esfarrapada. Não colhe. Meliodas Da Silva: Para o caso de o senhor
Milhazes ler este comentário, eu deixo-lhe esta pergunta: Você faz alguma ideia de qual
será o end game de Putin? Se colocar um governo fantoche, este cai no dia seguinte, se for uma
ocupação militar, terá de enfrentar intensa guerrilha. Geiger Dieter: Milhazes é um homem de fé.
Espera que por esta guerra Putin seja deposto e o PCUS volte ao governo. O Serrano> Geiger Dieter: O PCUS não precisa de voltar, já lá está há tempo
demais com o pupilo Putin que cursou no KGB com distinção e louvor. João Ramos: Imagem preocupante do que se
passa na Rússia, embora haja uma esperança protagonizado pela atitude corajosa
do jovem Cirilo… ….. joão
barbosa: Desde o início
da guerra da Ucrânia noto que ainda há idiotas úteis a brincar com as
informações/ opiniões do autor. É triste que nem nestas alturas de sofrimento
humano não haja um pingo de respeito por quem sofre. Muito gozava que os
ditos idiotas fossem fazer um estágio curricular nesse país para saber quanto
deve custar a vida. Estar no local dá sempre uma perspectiva nova . Eduardo Marta: Já percebi a razão do
símbolo Z nas forças russas que invadem e bombardeiam. É meia suástica, e significa
que o Putin está a usar exactamente os mesmos métodos que Hitler usou na
invasão da Polónia (bombardeou Varsóvia indefesa), dos países neutros (bombardeou Roterdão indefesa),
na própria união soviética. Desenhem outro Z, a 90º em relação ao primeiro Z.
Fica uma suástica! Ana Paiva > Eduardo Marta: Com todo o respeito, a suposta letra "Z" é
um símbolo. É um símbolo de movimento contínuo, como o é a suástica (strictu sensus) ou muitos
outros. Que são, aliás, usados desde a pré-História. O Z é uma suástica (não
necessita repeti-la). Ana Paiva > josé maria: Caro José Maria, não obstante o seu rigor e
assertividade, por vezes, como, de resto, (quase) todas as pessoas fazem, gosta
de mostrar só uma lado da moeda. Para exemplificar: a RDA auto-designava-se como
"democrática". Os nomes são
apenas isso: nomes. josé
maria > Ana Paiva: Então, se calhar, o partido de Putin é mesmo
comunista, apesar de inscrito na Internacional Democrata Centrista, mas o Putin
é que ainda não sabe e apoiou o Salvini e a Marine Le Pen, porque, às tantas,
estes também são esquerdistas, deve ser isso... Paulo Silva
> josé maria: Pois... E se calhar o PCP é de direita, ou o camarada
secretário converteu-se ao direitismo... Estará Alvaredo: O pensamento de Cirílo I o
Grande é a cartilha inspiradora do AVentura Tuga e da sua Assembleia Geral do
Reino do Sétimo Dia. Aliás eles andam por aqui todos, disfarçados, é claro, mas sem
conseguirem tapar completamente os pés. Teotonio Bernardo > Luis Santos: Como já afirmei mil vezes eu não sou comuna, voto no
Chega com toda a honra. Além disso, como não acompanhas as noticias dos últimos 30 anos
aproveito para informar que a Rússia não é comunista e é uma democracia
superior à maior parte das chamadas democracias ocidentais. Sim, o Putin é um pouco autoritário, mas o
Biden também é embora seja apenas uma marioneta. Obviamente que não ficaste esclarecido pois tens a cabeça pequenina
feita pelo imperialismo e pela CIA. Meliodas Da Silva > Teotonio Bernardo: A Rússia uma democracia?😂😂 Teotonio Bernardo
> Meliodas Da Silva: Se conseguires separar todo o
lixo que lês vindo da CNN, da imprensa portuguesa, e media financiados pela
CIA, saberá que sim. A democracia na Rússia não é perfeita mas é mais democracia do que a
dos EUA (corrupção legalizada em que o poder económico define as politicas a
troco de donativos de campanha) ou do Reino Unido (House of Lords não eleita,
classe politica aristocrata). As eleições
na Rússia são fiscalizadas por milhares de entidades e nunca foi encontrado
nenhuma viciação significativa de resultados. Além do mais, na Rússia a criminalidade é baixa, o emprego é elevado, a
habitação é acessível, a educação é grátis do jardim de infância à Universidade,
o sistema de saúde é grátis e a generalidade dos bens de consumo são baratos. Meliodas Da Silva > Teotonio Bernardo: A democracia americana não é
perfeita mas é mais livre que o regime russo. Para começar, na Rússia quem é
contra Putin acaba preso ou assassinado. Nos EUA o mesmo homem não pode estar mais de 8 anos no
poder, enquanto Putin só sai de lá na hora da morte. Sobre a qualidade de vida, cerca de
um terço dos russos vivem no limiar da pobreza. Teotonio Bernardo > Meliodas Da Silva: A democracia americana não é
perfeita mas é mais livre que o regime russo. Não é. Existem muitos partidos no
parlamento. Existe grande disputa eleitoral. Para começar, na Rússia quem é contra Putin acaba preso ou assassinado.
A Navalny é um criminoso comum,
financiado pela CIA. A sua popularidade não chega aos 5%. Nos EUA o mesmo homem não pode estar mais de
8 anos no poder, enquanto Putin só sai de lá na hora da morte. O Putin sai quando o partido dele deixar de
ganhar as eleições ou quando o partido decidir nomear outro. Sobre a qualidade de vida, cerca de um terço
dos russos vivem no limiar da pobreza. Isso
é falso. Números das Nações Unidas. Poverty
rate in the US is 17.8% Poverty rate
in Russia is 12.6% Car
Los > Teotonio Bernardo: Como já afirmei mil vezes eu
não sou comuna, voto no Chega com toda a honra. Para votares em Portugal,
terias que ser Português, ou nacionalizado. Não és nem uma coisa nem outra. És
russo, troll de profissão, servo de um psicopata que está a levar o teu país à
ruína. Maria Cordes: A perseguição a crianças, que
tem chegado através de notícias vindas da Rússia, é apocalíptica. O Patriarca é
um devoto do poder, nada tem a ver com a cristandade Jose Oliveira:
Sr. José Milhazes, o texto
parece ser genuinamente sério. Obrigado por partilhar. Carlos Chaves:
Caríssimo José Milhazes, muito
obrigado por partilhar connosco as suas opiniões baseadas na sua enorme experiência
vivida na “federação” Russa. Mais um excelente artigo obrigado. Infelizmente
todos sabemos como vai acabar a mãe e o pequeno Cirílio. O outro Cirílio “o
grande” escolheu mal a profissão. Pergunto-me ainda como é possível termos
no nosso país tantos “comentadores” (em todos os órgãos de comunicação social)
a defender o indefensável, que são estes regimes tirânicos. Cisca Impllit: Agradeço a limpidez deste
texto, J Milhazes. ….Maria Clotilde Osório > josé maria: Não vale a pena tentar ter razão usando a
agressividade nos argumentos. Essa agressividade é o que leva às guerras e à
violência. Os cristãos, como eu, acreditam na liberdade que Deus nos dá para
sermos o que quisermos, a liberdade de acreditar ou negar a sua existência, sem
mandar "raios e coriscos" sobre quem, como me parece ser o seu caso,
se encarniça a ridicularizar a fé. Nossa Senhora em Fátima só veio lembrar o
que Jesus nos ensinou. Nós temos a liberdade de acolher a sua mensagem ou não.
E, por favor, tente mostrar um pouco mais de respeito em público por quem, para
muitos, é uma Mãe que nos ama a todos (ao José Maria inclusive). Guarde o
escárnio para si. Não perde a sua dignidade nem isso o torna menos digno de
consideração e respeito
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