sábado, 12 de março de 2022

Mas como perora!


Ora! Sempre com louçania. Por vezes nostalgia. A mastigar as palavras com a saliva necessária à unção da sua devoção. Alberto Gonçalves tem toda a razão, sim! 

Francisco e as Anacletas

A vida inteira do dr. Louçã é uma longa exibição de ódio à liberdade. Lamenta a invasão da Ucrânia com a sinceridade com que lamentava o terrorismo para em simultâneo apoiar os homicidas da ETA.

ALBERTO GONÇALVES, Colunista do OBSERVADOR

OBSERVADOR, 12 mar 2022, 00:2122

Fui informado de que o dr. Louçã me nomeara em artigo no Expresso. De vez em quando acontece, e é útil por me permitir perceber que, após décadas de saudável fanatismo e franca intolerância, o dr. Louçã continua vivo. E activo. Decerto o jornal mantém a colaboração em nome do pluralismo, donde o dr. Louçã preenche a quota da extrema-esquerda “revolucionária”, que tanta falta faz no espectro das opiniões. Aliás, a quota está impecavelmente preenchida: no Expresso, que eu saiba, há mais um ou dois exemplares da seita (no Público são quase todos). Deve ser o mesmo princípio, a pluralidade, a garantir os lugares do dr. Louçã na Sic Notícias, no Conselho de Estado e, num passado recente, numa cátedra universitária e na administração do Banco de Portugal. Fico feliz. Apenas estranho que, em nome dessa abertura, as prestigiadas instituições em causa não convidem o “skinhead” Mário Machado ou um dirigente do Ergue-te. Injustiças.

Vamos lá então responder à referência com que o dr. Louçã me honrou. A resposta não é difícil, difícil foi a leitura. O dr. Louçã é forte a passear moralismo infundado e a condenar tudo o que lhe cheire a democracia, proezas que na televisão tempera com o que a minha amiga Margarida Bentes Penedo adequadamente chamou um “sorriso torto”. Infelizmente, é fraco a escrever. Das raras ocasiões em que os enfrento, constato, com um princípio de enxaqueca, que os textos do homem são uma traquitana de clichés recolhidos em cartazes de manifestações e panfletos de protesto. Não existe um parágrafo legível: existem, ligadas por rosnados, frases que um “okupa” usaria na t-shirt, no dia em que a do “Che” fosse enfim para lavar. O termo técnico é “miséria”, parcialmente resgatada pela comicidade involuntária do exercício. Por perversão, espreitemos o exercício.

A crónica em questão intitula-se “Chegaram os McCarthiminions”, trocadilho inspirado. O objectivo da crónica é fingir que condena a invasão da Ucrânia enquanto demonstra que as maiores vítimas dessa invasão são os leninistas portugueses como ele, fustigados por colunistas portugueses como eu, evidentemente ao serviço de forças tão tenebrosas quanto a NATO, os EUA, Israel e talvez São Marino.

Com a pujança lírica de um ou dois padres Fanhais, o dr. Louçã inicia o texto mediante sentença genérica e inatacável: “A crueldade da guerra é infinita”. Por azar, seis linhas decorridas já entram em campo os mitos que, ao contrário da Ucrânia, realmente importam à criatura: o “massacre de Sabra e Chatila”, os “ataques a Gaza”, o “bombardeamento de Bagdade”. Tudo equivalente, tudo comparável, com o pormenor de que o recurso à equivalência e à comparação prova o que de facto mobiliza o dr. Louçã. Uma pista: não é o sofrimento dos ucranianos. Faz sentido. Quem em 2021 riu do Holodomor não vai chorar em 2022 por uns milhares de mortos em Kiev ou Odessa. Adiante.

Aos tropeções na Cimeira das Lajes, no Afeganistão e na eterna aversão à NATO, o dr. Louçã prossegue. Espantosamente, para quem sempre promoveu linchamentos sumários, prossegue benzinho, através da crítica ao ridículo “cancelamento” de artistas, atletas e demais profissionais russos a pretexto da invasão. O cuidado em localizar o precedente da purga no “macarthismo”, e não por exemplo no estalinismo, até poderia ser desculpado por tique nervoso. A chatice é que o tique é permanente. No fundo, conforme à natureza de uma carreira alimentada a falsidades, o dr. Louçã serve-se de uma injustiça autêntica, a que não liga nada, para inventar uma injustiça “similar”, que é a que lhe convém. No caso, utiliza os russos censurados para dissertar acerca dos mártires “vermelhos” que os portugueses desejam (?) censurar. Escusado dizer que o mártir maior é ele próprio. Se duvidam, perguntem-lhe.

Com assento cativo em inúmeros cadeirões, o dr. Louçã é um dos símbolos do regime, na acepção mais sombria e decadente do dito. Curiosamente, aquela cabecinha beata convenceu-se de que passa por “outsider”. Não passa. Andar 50 anos a repetir inanidades e a venerar criminosos não o transforma num dissidente do “sistema” que o abraça: quando muito, transforma o “sistema” que o abraça numa caricatura do que devia ser. Para o final da crónica, de modo a queixar-se, o dr. Louçã recorre ao que toma por sarcasmo. Pelos vistos, há por aí uns biltres, entre os quais a minha pessoa, que o perseguem e acusam de simpatizar com o sr. Putin.

Tem graça, um Torquemada perseguido. “Perseguições” e alucinações à parte, não preciso das opiniões do dr. Louçã sobre o sr. Putin para formar a minha opinião sobre o dr. Louçã. Dê as cambalhotas que der, Francisco Anacleto não engana: um camaradinha “alternativo” que apenas se distingue dos originais no descaramento com que dissimula, muito mal, o apreço pelo totalitarismo. A vida inteira do dr. Louçã é uma longa exibição de ódio à liberdade, e uma longuíssima vénia aos que a suprimem ou combatem. Por excesso de coerência, ou escassez de vergonha, esteve sempre do lado errado de todas as histórias. Esteve e está: o dr. Louçã lamenta a invasão da Ucrânia com a sinceridade com que lamentava o terrorismo para em simultâneo apoiar os homicidas da ETA.

Extraordinário é o espanto com que ainda se constata as contradições cometidas pelas catequistas, ou metástases, do dr. Louçã (“Chicominions” seria descer ao nível estilístico dele). Uma deputada finta a lei? Ai, mas ela é tão exigente no discurso. Um vereador pratica uma vigarice? Ai, mas ele é do Bloco. O Bloco despede funcionários à bruta? Ai, mas a retórica deles é a oposta. Meus caros, o pior desta gente não é a hipocrisia com que ganham a vida deles, e sim a hipocrisia com que desprezam a morte dos outros. Francisco e as Anacletas são comunistas.

FRANCISCO LOUÇà  PAÍS   GUERRA NA UCRÂNIA   UCRÂNIA   EUROPA   MUNDO

COMENTÁRIOS:

 Manuel Martins: Muito bom. O Louçã nem deve piar nos próximos dias...           Miguel Oliveira: Brilhante.     Pedra Nussapato: Ui ui, não sei o que o Louçã escreveu sobre o dr AG no Expresso, mas o que quer que tenha sido, aleijou!!!           Vitor Batista: Parabéns Alberto! Foi talvez o melhor texto que alguma vez li sobre o frade louçã e as suas beatas.  Caso para dizer que de certeza absoluta que Vasco Pulido Valente está orgulhoso do seu pupilo.  Que venha a próxima crónica ainda melhor do que esta e.....espero que a Lena amanhã não se "balde", porque vocês os dois chegam e sobejam para os "sociais democratas" todos. Bem hajam.           Not_Valid_Username: Não existe um parágrafo legível: existem, ligadas por rosnados, frases que um “okupa” usaria na t-shirt, no dia em que a do “Che” fosse enfim para lavar.“ Simplesmente soberbo!          Vitor Batista > Not_Valid_Username: Você ainda diz que é soberbo já eu nem consigo encontrar adjectivos.  Simplesmente brilhante.           Meio Vazio: AG esteve hoje particularmente inspirado. Não admira; a beatice é sempre um pitéu - e bordoadas no bispo Louça, só se perdem as que caem no chão.           Joaquim Albano Duarte: São comunistas e o discurso daquela gente é assustador porque demonstra não haver um pingo de empatia com as vítimas de Putin.           Paulo Silva: Muito bem, caro Alberto Gonçalves. O dr. Anacleto Louçã, apaniguados & comp.ª devem ter grau de instrução suficiente para saberem que os pais da futura NATO estavam do outro lado do oceano descansadinhos da vida a tratar do seu quintal sem precisarem de mais chatices, quando foram chamados de urgência ao velho continente para salvar os europeus de si próprios... por duas vezes! Os europeus muito devem aos fundadores da NATO as condições necessárias para a manutenção de um quadro de paz e de prosperidade, dentro da nova ordem mundial surgida após 1945. Os fanáticos dos amanhãs que cantam é que não o aceitam com todas as forças, porque o projecto deles era outro… num outro alfabeto. De facto é muito comovente a tendência do dr. Chico Anacleto para se envolver na defesa dos mais desprotegidos - que a si lhe pareçam servir os interesses - ou não tivesse como guia espiritual o mártir dos mártires cuja santa cabeça acabou por ir embater na ponta mais larga da picareta de alpinista do sr. Ramón Mercader, o enviado de Estaline. Uma verdadeira tragédia mexicana. Mas desenganem-se, a História apenas perdeu mais um digníssimo facínora. De nome Lev Davidovich Trotsky, o líder do Massacre de Kronstdat era implacável nas críticas ao rival Estaline, mas apenas porque este andava a matar as pessoas erradas. Não fora isso, e tudo estaria bem no reino dos gulags... O dr. Chico Anacleto também lamenta e condena muito o destino da Ucrânia, mas apenas para culpar europeus e americanos. O discípulo Mamadou Ba - um Anacleto entre as anaclets no ISCTE - é mais modesto no cinismo. Abriu a boca, não para condenar a terrível situação que se abateu sobre a Ucrânia e o seu povo, mas para se indignar pela grafitagem da fachada de um centro de trabalho dos irmãos do PCP, por alguém que não respeita hipócritas nem vendedores da banha da cobra. A capacidade de vitimização destas criaturas só tem igual na sua capacidade de alienação. Em tempos de guerra passam-se sempre coisas muito estranhas, mas o aqui d’el rey pela russofilia cancelada vindo deste representante da cultura de cancelamento é risível que dói.              José Dias: Venho por este meio, pela enésima vez, dar nota ao comentador que dá pelo nome de guerra de "jose maria" que a peça sobre a infracção do regime de exclusividade na AR por parte da deputada Mariana Mortágua também ainda não é esta ...             Paula Quintão: TOP, Alberto Gonçalves! Tão verdade a descrição desse…chamar-lhe indivíduo é um elogio … ser vivo sem coluna vertebral. Porque não organizam, ele e os seus pares, uma bela viagem de ida para os países com regime totalitário ou ditatorial, que tanto defendem? Lá está, invertebrados!! Não há pachorra!!!!!             Jose Oliveira: Esta das "Anacletas" não lembrava ao Diabo. Bem apanhado. :):) Quanto ao dr. Louçã, parece ir pelo mesmo caminho do dr. Cunhal. Uma vida inteira a lutar por .......... uma causa falhada. O outro morreu com 92 anos e nunca saiu da alucinação em que viveu, este ainda vive a alucinação dele e também não aparenta querer sair de lá. O que admira é o palco que lhe dão, sabendo de antemão que o que sai daquela cabeça de vento e nada, são a mesma coisa.        Carlos Dias > Jose Oliveira: Concordo plenamente consigo             Cipião Numantino: Hihihi, essa das Anacletas doeu! Pessoalmente sou suspeito para perorar sobre o manjerico em questão. Quem conhece o que frequentemente nos meus comentários vou debitando, sabe bem que tento ser justo e equilibrado nas minhas apreciações em especial, claro, quando estas envolvem juízos de valor sobre pessoas de quem não tenho mais indicações do que o que vou apreendendo como resultado do que por estes é escrito e da dialética que sustentadamente desenvolvem. E digo que sou suspeito já que perante a figurinha em questão, não consigo manter aquele equilibrado distanciamento que é mister ter-se no julgamento de pessoas concretas. Desde sempre senti uma espécie de repulsa pela criaturinha em questão de quem, tout court, antecipo o resultado mas me escapa a substância. Aquele ar seráfico de beato ultramontano desconcerta-me, e os esgares que se desprendem da sua sincronia facial intimidam-me mesmo que seja sob uma mera forma psicológica. Sem querer comparar o que é de todo incomparável, creio mesmo ter sentido similar repulsa quando me deparei com cobras ou enfrentando o temor das noites de breu que ocasionalmente suportei na minha infância quando em férias fazia a peregrinação anual às raízes familiares bem para lá dos confins do Marão algures nas berças transmontanas. Tanto o Anacleto como as cheerladies que o AG epitetou de Anacletas, são uma autêntica fraude política. O Anacleto como papa da seita. E as deusas sacerdotisas do culto como perfeitas asseclas apregoando amen. Um diz "mata" e as outras revivenciam o eco em repetitivo conceito, tonitruando o habitual "esfola". Toda a trupe em uníssono cantando hossanas ao comunismo enquanto se deliciam e lambuzam nas práticas, segundo todos eles, bem depravadas do capitalismo injusto e opressor. Pessoalmente nem sequer lhe chamaria hipocrisia. Transcende o mero conceito de teses adrede já bem conhecidas para se situarem no reino inefável da perversão intelectual. Uma espécie de vendedores da banha de cobra de antanho que fazem das teses propaladas do comunismo um infindável e bem lucrativo negócio. A sua proselitagem absorve diligentemente as suas tretas. Sem sequer intuírem que, ao contrário do que se diz, o comunismo resulta!!!! Pelo menos para esta trupe desvairada resulta perfeitamente. Uma, ao que se diz, além das mordomias e tenças proporcionadas pela política explora (aqui de forma normal) o AL de que certamente não prescindirá dos concernentes proventos mesmo que rodeada pela pobreza que propala combater. A outra (quem sai aos seus não degenera) alega desconhecimento da lei para amealhar mais uns patacos numa chico-espertice de que o Roubles seu antigo comparsa parece ter deixado um mais que evidente escol. Finalmente, o papa da trupe, abocanha tudo o que lhe passa sob o nariz. Ele é conselheiro da novel brigada do reumático, ele é alto funcionário do órgão financeiro mais importante do país e por aí a coisa vai. E o rebanho parece gostar e chorar por mais. Que isto do comunismo é uma espécie de profissão de fé de cariz eminentemente religioso em que cada um dos prosélitos ardentemente espera que o que nunca deu certo em lado nenhum, algum dia se cumprirá. Assim ao estilo de muita gente que sonha que lhes saia a lotaria, sem que cumpram os serviços mínimos e se dêem ao trabalho (e despesa) de comprar uma simples cautela. Claro que a trupe dos Anacletos tem os dias contados. A força da História derrogará os suficientes efeitos e o rolo compressor dos desiludidos acabará por reduzi-los à sua intrínseca insignificância. Certamente que enquanto o pau vem e vai folgam as costas. E numa atitude absolutamente rapace locupletam-se com os dividendos dos ingénuos e invejosos e o permanente esbulho exercido sobre o burro de carga que constitui o contribuinte, num frenesim de que o Zeca fez competente eco nos vampiros que tudo comiam e não deixavam nada. Num conceito meramente pessoal, de mim, só conseguirão receber uma tão exaltada tolerância que ronda  as raias do absoluto desprezo. E de resto, tanto se me dá como se me deu. Um artefacto das Caldas, revelaria ter provavelmente a mesma utilidade. Oh valha-me Deuzzzêeuzz!...         Carlos Dias > Cipião Numantino: Você escreve com quantos dedos no teclado?          Carlos Dias: O Xico deve estar arrependido de ter mencionado o nome de alguém muito superior intelectualmente e desprendido ideologicamente Não batas mais no Xiquinho. Bravo Alberto Gonçalves           António Abreu: O zé maria está cada vez mais um erudito intelectual. Começa a morder os calcanhares ao chico da loiça...           josé maria: Louçã deu cabo do dr. gonçalves e mostrou-lhe que questões geopolíticas complexas não devem ser tratadas com a narrativa simplista, demagógica e dicotómica, tão do agrado do ressabiado... Ó dr. gonçalves, há mais lógica polivalente do que a lógica bivalente do Aristóteles., sabia ? Que tal aproveitar para ler o Pensamento Complexo de Edgar Morin e deixar de analisar os assuntos geopolítcos pela rama ?          Carlos Dias > josé maria: E tu lês porquê Zé ? O Alberto Gonçalves perturba? O Xiquinho também lê            André Ondine > josé maria: É lá, o “josé maria” desta semana é particularmente erudito. Aristóteles, Morin....livra, que esta semana, lá no Rato, devem ter dado a password ao Manuel Alegre, à Edite Estrela ou mesmo ao Ericeira Sócrates, que também tem queda para despejar umas banalidades recorrendo a nomes que ele julga que o fazem parecer mais culto. Mas prefiro assim. Quando é o Galamba ou o Pedro Nuno Santos a fazer de “josé maria “, é sempre um registo mais superficial, insultuoso e arisco. Acaba por tornar-se desagradável. Assim não, o avençado continua a querer dar lições e a querer refazer a história, mas fá-lo com a elegância elefanteante de um intelectual habilidoso. Mas suspeito que a tendência para denunciar comentários negativos seja um ponto em comum a todos aqueles a quem é temporariamente dada a password do zé.         servus inutilis: os comunistas são amorais. o dr. loucã é imoral e faz questão          Madalena Sa: Tão verdade! São gente com mentalidades maquiavélicas! Não merecem o ar que respiram

 

 

 

 

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