domingo, 14 de abril de 2019

A questão da primeira pedra



Hoje, que se desvalorizou a questão da prostituição, que Madalenas arrependidas já não fazem sentido, com a igualdade de direitos que o género fêmea conquistou em relação ao género macho, além da desvalorização genérica das questões da virtude e do pecado, é difícil, sim, atirar a primeira pedra a esses de quem se trata – Assange e Pinto – tão apagada está já a distinção entre o Bem e o Mal. Talvez ninguém possa apontar o Mal, tão disseminado anda consciente ou inconscientemente no mundo. Mas eu acho-os a ambos os heróis, criaturas nojentas, dum atrevimento todo poderoso que pode ajudar a descobrir, é certo, muita falcatrua, mas essa invasão na privacidade alheia, se bem que útil para conter redes criminais feitas a ocultas, não deixa de parecer asquerosa, e esses indivíduos personagens hediondas, sedentas de sangue, como quaisquer hitlers perseguindo judeus, por ambição ou inveja, ou puramente alcoviteiras ansiosas de baixo estatuto.
 HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 14.04.19

FOTO: Julian Assange
Há temas que habitualmente ladeio por me parecerem menores ou apenas circunstanciais mas, de vez em quando, há um ou outro que inesperadamente chama a minha atenção. É o caso de Assange.
E a questão que me coloco é a de saber se Assange é um bandido ou um herói da transparência contra as manigâncias daqueles que estão habituados a manipular o rebanho dos mansos e amorfos. Só que estes mansos e amorfos votam e, portanto, os poderosos não podem prescindir deles num processo que se diz democrático.
E, de preferência, querem-nos – aos mansos e amorfos - devidamente manipulados, bem mansos e bem amorfos, distraídos.
A confirmar-se uma circunstância deste género, a da manipulação, quero crer que Assange deve ser considerado um herói.
Mas – e lá vem o tal «mas» que sempre existe – há questões legais (e éticas, haverá?) que o incriminam. E parece serem muitas, essas questões desde a invasão da privacidade individual até à extorsão e outras coisas horríveis…
Fica agora a minha dúvida sobre se este monte de ilegalidades de que o acusam não será, afinal, o castelo defensivo dos tais poderosos que se estão a ver descobertos e, apressadamente, o querem calar a todo e qualquer preço.
Por muito que venham por aí agora todas as costumeiras parangonas a dizer que o tipo é um bandido, eu fico na dúvida.
Mas, cautelosamente e por enquanto, não ponho as mãos no fogo em sua defesa. Por enquanto…
Idem, para com Rui Pinto.
13 de Abril de 2019
FOTO: Henrique Salles da Fonseca
(arredores de Sidney, pelas terras de Assange)
COMENTÁRIOS:
Anónimo  14.04.2019  09:16: Esta historia do Assange é como diz, estranha. Mas cutucou no vespeiro dos bandidos e não acredito que lhe perdoem. A falta de transparência é universal, infelizmente.
 Adriano Lima  14.04.2019  12:27 Penso que ainda há muita coisa a saber sobre este caso. Mas o mais certo é nunca vir a saber-se coisa alguma porque será criado um "buraco negro" que absorverá tudo o que possa mexer com os segredos dos deuses menores que manipulam os cordelinhos das nossas vidas. A esperança é que esse "buraco negro" não tenha densidade suficiente para engolir toda a luz.
Henrique Salles da Fonseca  14.04.2019  13:16: Estou de acordo consigo, coisa que raramente acontece! Um abraço com amizade Teresa Malheiros Lemos Peixoto
NOTA: Toda a minha escrita é feita em total desacordo e completo desrespeito pelo novo acordo ortográfico.

Henrique Salles da Fonseca  14.04.2019  19:36: Tenho exactamente the same aproach to this subject matter -  Jorge Gaspar de Barros

TEXTOS DE APOIO
NOTÍCIAS (Internet)
1 - Fundador do Wikileaks Julian Assange detido após sete anos refugiado Equador anulou o asilo e a polícia britânica foi autorizada a entrar na embaixada onde estava refugiado desde 2012.
Julian Assange detido em Londres Reuters 120 1A expulsão de Julian Assange da embaixada do Equador terá sido causada pela falta de higiene e os abusos repetidos do fundador da WikiLeaks. Numa altura em que o presidente do Equador, Lenín Moreno, está sob suspeita de ter cedido às pressões dos EUA para retirar o asilo a Assange, o embaixador equatoriano em Londres revela um lado da história bem mais prosaico. Em declarações ao ‘The Daily Mail’, Jaime Marchan conta que a falta de educação e de limpeza de Assange levaram a tensão com o asilado a um ponto de rutura. VIDEOWikileaks disponibiliza relatório da PJ sobre caso de Maddie Site apresenta documentos após após a detenção de Julian Assange. "Quando queria ser desagradável punha excrementos nas paredes e deixava roupa interior com excrementos no lavatório. Tínhamos de insistir com ele para despejar o autoclismo e para lavar a loiça", afirma o embaixador, frisando que Assange, que os EUA querem julgar por revelar ficheiros confidenciais, abusou repetidamente do asilo que lhe foi concedido em 2012, pelo então presidente Rafael Correa. O governo do Equador divulgou, entretanto, os custos do apoio ao australiano. O MNE do Equador, Jose Valencia, afirma que o país gastou quase seis milhões de euros com Assange: mais de cinco milhões em segurança, 354 mil euros em despesas médicas, comida e lavagem de roupa e 267 mil euros em aconselhamento jurídico. Detido na quinta-feira após sete anos de asilo, Assange pode agora ser extraditado para os EUA ou para a Suécia, onde um caso por violação poderá ser reaberto em breve
2 - Quem são os poderosos tramados pelas denúncias do "pirata" Rui Pinto
Sabemos agora o que Rui Pinto fez no fim do verão de 2015, em setembro. Licenciado em História e génio informático, decidiu abandonar a vida pacata em Vila Nova de Gaia, onde nasceu, e infiltrar-se nos bastidores opacos do mundo do futebol. Lançou o site Football Leaks, que se tornou um “tsunami” de denúncias de contratos ilegais, comissões dissimuladas, negócios proibidos e esquemas de evasão fiscal, com um oceano de milhões à mistura. Para demonstrar a sua “imparcialidade”, nem o FC Porto, de que é adepto, poupou. Ou Cristiano Ronaldo, o seu ídolo – mas apenas dentro das quatro linhas.
Do Benfica foram expostas milhares de mensagens de email trocadas entre 2008 e 2017 por responsáveis da Luz, e, no estrangeiro, o Paris Saint-Germain, o Manchester City, o Real Madrid, o Barcelona e o presidente da FIFA, Gianni Infantino, viram o Football Leaks desviar documentação reservada e comprometedora. José Mourinho, Neymar e o “superagente” Jorge Mendes foram outros dos visados do “pirata” Rui Pinto, que se apresenta enquanto “denunciante”, à imagem de whistleblowers como Edward Snowden e Julian Assange.
Em abril de 2016, o Football Leaks anunciou uma pausa, mas Rui Pinto passou a um consórcio europeu de investigação jornalística cerca de 70 milhões de documentos e 3,4 terabytes de informações, incluindo emails pessoais de algumas das figuras mais influentes do futebol mundial. E as notícias bombásticas sucederam-se.


Nenhum comentário: