Hoje, que se desvalorizou a questão da
prostituição, que Madalenas arrependidas já não fazem sentido, com a igualdade
de direitos que o género fêmea conquistou em relação ao género macho, além da
desvalorização genérica das questões da virtude e do pecado, é difícil, sim,
atirar a primeira pedra a esses de quem se trata – Assange e Pinto – tão
apagada está já a distinção entre o Bem e o Mal. Talvez ninguém possa apontar o
Mal, tão disseminado anda consciente ou inconscientemente no mundo. Mas eu
acho-os a ambos os heróis, criaturas nojentas, dum atrevimento todo poderoso
que pode ajudar a descobrir, é certo, muita falcatrua, mas essa invasão na
privacidade alheia, se bem que útil para conter redes criminais feitas a
ocultas, não deixa de parecer asquerosa, e esses indivíduos personagens
hediondas, sedentas de sangue, como quaisquer hitlers perseguindo judeus, por
ambição ou inveja, ou puramente alcoviteiras ansiosas de baixo estatuto.
HENRIQUE
SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 14.04.19
FOTO: Julian Assange
Há
temas que habitualmente ladeio por me parecerem menores ou apenas
circunstanciais mas, de vez em quando, há um ou outro que inesperadamente chama
a minha atenção. É o caso de Assange.
E
a questão que me coloco é a de saber se Assange é um bandido ou um herói da
transparência contra as manigâncias daqueles que estão habituados a manipular o
rebanho dos mansos e amorfos. Só que estes mansos e amorfos votam e, portanto,
os poderosos não podem prescindir deles num processo que se diz democrático.
E,
de preferência, querem-nos – aos mansos e amorfos - devidamente manipulados,
bem mansos e bem amorfos, distraídos.
A
confirmar-se uma circunstância deste género, a da manipulação, quero
crer que Assange deve ser considerado um herói.
Mas
– e lá vem o tal «mas» que sempre existe – há questões legais (e
éticas, haverá?) que o incriminam. E parece serem muitas, essas questões desde
a invasão da privacidade individual até à extorsão e outras coisas horríveis…
Fica agora a minha dúvida sobre
se este monte de ilegalidades de que o acusam não será, afinal, o castelo
defensivo dos tais poderosos que se estão a ver descobertos e, apressadamente,
o querem calar a todo e qualquer preço.
Por
muito que venham por aí agora todas as costumeiras parangonas a dizer que o
tipo é um bandido, eu fico na dúvida.
Mas,
cautelosamente e por enquanto, não ponho as mãos no fogo em sua defesa. Por
enquanto…
Idem,
para com Rui Pinto.
13 de Abril de 2019
FOTO:
Henrique Salles da Fonseca
(arredores
de Sidney, pelas terras de Assange)
COMENTÁRIOS:
Anónimo 14.04.2019 09:16: Esta historia do Assange é como diz, estranha. Mas
cutucou no vespeiro dos bandidos e não acredito que lhe perdoem. A falta de
transparência é universal, infelizmente.
Adriano Lima 14.04.2019 12:27 Penso que ainda há muita coisa a saber sobre este
caso. Mas o mais certo é nunca vir a saber-se coisa alguma porque será
criado um "buraco negro" que absorverá tudo o que possa mexer com os
segredos dos deuses menores que manipulam os cordelinhos das nossas vidas. A
esperança é que esse "buraco negro" não tenha densidade suficiente
para engolir toda a luz.
Henrique Salles da Fonseca 14.04.2019 13:16: Estou de acordo consigo, coisa que raramente
acontece! Um abraço com amizade Teresa Malheiros Lemos Peixoto
NOTA:
Toda a minha escrita é feita em total desacordo e completo desrespeito pelo
novo acordo ortográfico.
Henrique Salles da Fonseca 14.04.2019 19:36:
Tenho exactamente the same aproach to
this subject matter - Jorge
Gaspar de Barros
TEXTOS DE APOIO
NOTÍCIAS
(Internet)
1 - Fundador do Wikileaks Julian Assange
detido após sete anos refugiado Equador anulou o asilo e a polícia britânica
foi autorizada a entrar na embaixada onde estava refugiado desde 2012.
Julian Assange detido em Londres Reuters 120 1A expulsão de
Julian Assange da embaixada do Equador terá sido causada pela falta de higiene
e os abusos repetidos do fundador da WikiLeaks. Numa altura em que o presidente
do Equador, Lenín Moreno, está sob suspeita de ter cedido às pressões dos EUA
para retirar o asilo a Assange, o embaixador equatoriano em Londres revela um
lado da história bem mais prosaico. Em declarações ao ‘The Daily Mail’, Jaime
Marchan conta que a falta de educação e de limpeza de Assange levaram a tensão
com o asilado a um ponto de rutura. VIDEOWikileaks disponibiliza relatório da
PJ sobre caso de Maddie Site apresenta documentos após após a detenção de
Julian Assange. "Quando queria ser desagradável punha excrementos nas
paredes e deixava roupa interior com excrementos no lavatório. Tínhamos de
insistir com ele para despejar o autoclismo e para lavar a loiça", afirma
o embaixador, frisando que Assange, que os EUA querem julgar por revelar
ficheiros confidenciais, abusou repetidamente do asilo que lhe foi concedido em
2012, pelo então presidente Rafael Correa. O governo do Equador divulgou,
entretanto, os custos do apoio ao australiano. O MNE do Equador, Jose Valencia,
afirma que o país gastou quase seis milhões de euros com Assange: mais de cinco
milhões em segurança, 354 mil euros em despesas médicas, comida e lavagem de
roupa e 267 mil euros em aconselhamento jurídico. Detido na quinta-feira após
sete anos de asilo, Assange pode agora ser extraditado para os EUA ou para a
Suécia, onde um caso por violação poderá ser reaberto em breve
2 - Quem são os poderosos tramados pelas denúncias do
"pirata" Rui Pinto
Sabemos agora o que Rui Pinto fez no fim
do verão de 2015, em setembro. Licenciado em História e génio informático,
decidiu abandonar a vida pacata em Vila Nova de Gaia, onde nasceu, e
infiltrar-se nos bastidores opacos do mundo do futebol. Lançou o site
Football Leaks, que se tornou um “tsunami” de denúncias de contratos ilegais,
comissões dissimuladas, negócios proibidos e esquemas de evasão fiscal, com um
oceano de milhões à mistura. Para demonstrar a sua “imparcialidade”, nem o FC
Porto, de que é adepto, poupou. Ou Cristiano Ronaldo, o seu ídolo – mas apenas
dentro das quatro linhas.
Do Benfica foram expostas milhares de
mensagens de email trocadas entre 2008 e 2017 por responsáveis da Luz, e, no
estrangeiro, o Paris Saint-Germain, o Manchester City, o Real Madrid, o
Barcelona e o presidente da FIFA, Gianni Infantino, viram o Football Leaks
desviar documentação reservada e comprometedora. José Mourinho, Neymar e o
“superagente” Jorge Mendes foram outros dos visados do “pirata” Rui Pinto, que
se apresenta enquanto “denunciante”, à imagem de whistleblowers como
Edward Snowden e Julian Assange.
Em abril de 2016, o Football Leaks
anunciou uma pausa, mas Rui Pinto passou a um consórcio europeu de investigação
jornalística cerca de 70 milhões de documentos e 3,4 terabytes de informações,
incluindo emails pessoais de algumas das figuras mais influentes do futebol
mundial. E as notícias bombásticas sucederam-se.
Nenhum comentário:
Postar um comentário