Uma consciência tranquila, vê-se que tem
Salles da Fonseca, pois dorme, enquanto no cruzeiro e fora se processam
movimentos sinistros que poderiam resultar em “escaramuça” pouco saborosa. Pelo
sim, pelo não, fui procurar na Internet causas possíveis da perigosidade da
zona, para melhor apreender o descritivo de SF, que confiou nos seus defensores
sem mais problemas, contando a história por informações posteriores, e
minimizando-as com graça, e o suspense ao retardador.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 04.04.19
ALERTA!
ALERTA!
Foi
então que vimos a estibordo um barco de «pescadores» sem redes nem linhas mas
com uns quantos homens atentos ao nosso navio. Estavam parados e assim nos
ficaram a ver. Os seguranças, que já estavam a postos por baixo de nós no deck
8, assestaram os binóculos sobre eles e alertaram alguém por walkie talkie. Mas
esse alguém já devia estar mais do que atento porque logo de seguida vimos um
semi-rígido que meteu motores a fundo e nos fez companhia por estibordo a uma
velocidade que nos poderia ultrapassar. Assim nos observaram durante uns
minutos mais do que suficientes para nos soltarem a adrenalina.
Foto: (imagem de piratas somalis que fui
buscar à Internet pois não tive tranquilidade para fotografar e não ver a nossa
cena directamente – os «nossos piratas» não estavam aparentemente armados como
estes da foto)
Não
se aproximaram mais do que uns 400 metros mas deixaram de acelerar tanto e
afastaram-se a pouco e pouco. Não chegámos a receber ordem de retirada para o
interior do navio mas a observação estava feita e certamente que transmitida a
quem dela se serviria para…
Foi
no dia seguinte que soube que, dormindo eu profundamente pelas 3,30 h da manhã,
a música parou repentinamente na discoteca e os foliões foram mandados para os
respectivos camarotes sem passarem pelos decks exteriores; espreitando por uma
nesga da cortina, uma passageira de um camarote próximo do nosso, viu que
estávamos parados em paralelo com outro navio; sem me acordar, a minha mulher
ouviu uns barulhos que não identificou mas lembrou-se de que por cima de nós
havia um dos postos de tiro dos snipers.
Com
pena de tudo me ter escapado, ao acordar fui saber o que se tinha passado.
Então, terá sido assim: o radar identificara 3 ou 4 barcos suspeitos na
nossa rota, o Comandante dera ordem de alerta aos snipers e mandara fazer alto
para ver no que a «coisa» dava. A companhia de outro navio (seria um «Costa»
que há dias navegava por perto?) terá sido reconfortante não só por somarmos os
meios de defesa como os putativos atacantes teriam que se dividir por dois
alvos. Terá sido por este tipo de circunstâncias que os tais barcos suspeitos
se afastaram da nossa rota para distância considerada segura e seguimos avante
em toda a normalidade.
Os
piratas devem ter ficado tristes por não terem feito «negócio» e eu fiquei
triste por não ter participado nesta quase aventura. O que dá ter sono pesado,
ser passageiro, não ser sentinela e não ter sido avisado de que alguma coisa se
estava a passar.
Infelizmente
(ou felizmente), não devo conseguir que nas minhas redondezas se volte a passar
alguma coisa deste género porque não é assim tão comum sermos emboscados por
piratas em alto mar. Mas como a esperança é a última a morrer, fico à
espera duma próxima oportunidade.
Então,
este foi o primeiro dia do resto do nosso cruzeiro.
(continua)
Abril de 2019
FOTO: Henrique Salles da Fonseca (próximo do
posto de tiro dos snipers sobre o nosso camarote)
Comentários
Anónimo 04.04.2019 10:20: Quase
romance de capa e espada!
Adriano Lima 04.04.2019 13:11: O relato foi tão excitante que mexeu também com a
adrenalina do leitor. Fica-se com a sensação de que navegar turisticamente por
lá não é isento de risco. Mas também dá a ideia de que as forças navais
internacionais que por lá andam não são suficientemente dissuasórias ou
numerosas para evitar que se ande à procura de uma agulha num palheiro. O certo
é que os piratas parecem mostrar certa desfaçatez talvez por se convencerem da
sua fluidez ou presumirem que os ocidentais não têm a mãozinha pesada como os
russos. A verdade é que adorei este relato, tão realista e objectivo é o quadro
pintado pelo turista navegante
Henrique Salles
da Fonseca 04.04.2019 13:21 Meu prezado amigo, Quanta vontade para passar por uma aventura perigosa.
No teu lugar dava graças a Deus por ter dormido sem sentir o medo de ser
abordado por algum pirata ...somali ou não! Mas
se queres realizar o teu desejo de passar por uma situação de risco, dá uma
passada no Rio de Janeiro, percorre a linha vermelha, sobe uma favela, ... há
uma grande chance de te veres atendido ! Heheheh - Eduarda
Fagundes Nunes (Uberaba - Minas Gerais - Brasil)
Henrique Salles da
Fonseca 04.04.2019 13:26...hoje em dia nunca sabemos se estamos em
segurança ou nāo. Tem cuidado! Ab Zé E. S.
NOTAS De APOIO
Golfo de Áden
Origem: Wikipédia, a enciclopédia
livre.
Localização do Golfo de Áden
O
golfo de Áden, golfo de Adem ou golfo de Adém é um golfo situado no Mar de
Omã, no norte do oceano Índico, entre a Somália, no
Chifre da África, e o Iémen, na costa
sul da Península Arábica. O seu nome provém da cidade de
Áden, na
extremidade sul da península. O golfo conecta-se, ao norte, com o Mar
Vermelho, através do estreito de Bab-el-Mandeb,
com mais de 30 km de
largura, e tem o mesmo nome da cidade portuária de Áden, no Iêmen.
Historicamente,
o golfo de Áden era conhecido como "golfo de Berbera",
em alusão à antiga cidade portuária somali,
situada na margem sul do golfo, na atual Somalilândia. Todavia o desenvolvimento da cidade de Áden,
durante a era colonial, fez com que o nome de
"golfo de Áden" prevalecesse sobre a antiga denominação.
Características principais: Este mar marginal foi formado há cerca de 35 milhões de anos,
com a separação das placas tectónicas africana e arábica e faz
parte do sistema do grande Vale do Rift.
O
golfo de Áden é uma via marítima essencial para o petróleo
do golfo Pérsico, tornando-o muito importante
para a economia mundial. Possui muitas variedades de peixes, corais e outras
criaturas marinhas, devido a sua baixa poluição.
Os principais portos são Áden (no Iémen), Berbera e
Bosaso
(ambos na Somália).
Ele não é considerado seguro, visto que a Somália que lhe é limítrofe,
é um país instável, e o Iémene não possui forças de segurança suficientes na
região. É uma das principais áreas de pirataria
mundial, extremamente perigosa para a navegação. Além disso, vários ataques
terroristas foram efectuados no golfo, como o do USS Cole.
Pirataria na Somália:
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
A pesca
ilegal e o lixo tóxico
No
Oceano
Índico barcos Europeus que pescam o atum sofrem com ataques piratas.
De
acordo com a Convenção Internacional para a Conservação dos Tunídeos do
Atlântico,
os países com conflitos armados, mas com águas ricas em pesqueiros têm sido
usados por frotas de pesca pirata de países estrangeiros da Europa, Ásia, a tal
ponto que "dentro das águas territoriais da Somália vieram uns mil
navios deste tipo sendo identificados", disse Ricardo Aguilar. Alegações
do despejo de resíduos tóxicos, bem como a pesca ilegal, têm circulado desde o
início de 1990. Ahmedou Ould-Abdallah, o enviado da ONU para a Somália diz
ter "informação confiável" sobre tais práticas. O porta-voz do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente UNEP, Nick Nuttall, disse que os somalianos
sofrem com esse lixo tóxico desenterrado ao norte do país, após tsunami.
Acredita-se que empresas internacionais tenham enterrado matérial tóxico na
costa da Somália nos últimos 15 anos. Segundo o Grupo de Trabalho sobre
Alto Mar (HSTF, sigla em Inglês), em 2005 mais de 800 barcos estrangeiros
praticaram a pesca ilegal na região da Somália. O Greenpeace também denuncia
esses possíveis acontecimentos
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