segunda-feira, 22 de abril de 2019

Nem Fátima nos acudirá



O artigo de Helena Matos sobre o paralelo entre o “Estado Novo”, que durou 48 anos,  e a “Democracia”, que já vai em 45, e traduz maior inquietação ainda em termos da Segurança Social, pendente sobre as gerações vindouras, parece-me perfeito, como o são os comentários que ele mereceu, reveladores de iguais preocupações, e por isso, traduzindo apreço pelo seu texto, fora os muitos habituais roncadores, um pouco diferentes dos de Vieira, exceptuado o tamanho -  mínimo - idêntico. Sim, a diferença está em que, do Estado Novo, regime de ditadura, sobraram dinheiro e barras de ouro; destes governos democráticos nada restará, sobrando, contudo, as reivindicações para o presente, ignoradas as possibilidades de as satisfazer, e desprezado o futuro não só pelos que formalizaram a nova etapa política, mas pelos seus generosos adeptos e sucessores, em conluio governativo amistoso. Nunca foi tão verdadeira a canção do Zeca Afonso, “Os Vampiros”: Só que estes, de agora, não só comem tudo, como deixam um país inânime, sem um Ourique à vista, que nos traga Cristo.


Não tinha de ser assim /premium
HELENA MATOS   OBSERVADOR, 21/4/2019
Em 1974, politicamente bloqueado, o país aguardava que os militares tratassem do assunto. O assunto era o Ultramar. Em 2019, o país está bloqueado de novo. O assunto chama-se Estado Social.
Pois é. Só faltam três anos para chegarmos àquele número/símbolo – 48 – que levámos o século XX a soletrar como sinónimo de decrepitude política. Quiçá imaginando que a democracia, à semelhança de nós mesmos, seria jovem para sempre e como tal um tempo eterno de promessas, sonhos e desejos, cujo saldo, a ser feito, só aconteceria daí a muito tempo. Pois o tal “muito tempo” chegou: a democracia vai fazer 45 anos anos e mais uma vez quem nos governa conduziu-nos a um beco que não digo sem saída porque na História há sempre saída pode é ser uma saída que nem nos piores pesadelos pensámos ter de palmilhar.
Em 1974, 48 anos depois do golpe do 28 de Maio de 1926 que levou à instituição do Estado Novo, o país estava politicamente bloqueado, com as suas elites tratando da sua vidinha enquanto esperavam que os militares resolvessem o assunto. O assunto em questão era a natureza ditatorial do regime e o Ultramar.
Em 2019, as elites continuam tratando da vidinha, o país está novamente bloqueado, só não se sabe quem vai agora tratar do assunto. O assunto agora chama-se Estado Social. Ao contrário do que aconteceu com o Ultramar, deste novo cenário de guerra não podemos partir. Não há caixotes nem pontes aéreas que nos levem para fora do inferno.
O grande falhanço do Estado Novo foi o Ultramar. Quanto mais o regime dizia e convictamente queria defender o Ultramar mais condenava o Ultramar a ser entregue a uns impropriamente designados movimentos de libertação que de libertação não tinham rigorosamente nada e de movimentos ainda menos, como bem se viu na sua bárbara inépcia. Como é óbvio, para que o Ultramar se pudesse defender precisava de líderes, logo de liberdade política e associativa. Mas dar esse passo ia contra a própria natureza ditatorial do Estado Novo.
Se substituirmos Ultramar por Estado Social e Estado Novo por Democracia, ou, numa versão mais restrita mas mais notória, por Segurança Social, chegamos à nossa situação actual: quanto mais o regime diz e convictamente quer defender o Estado Social/Segurança Social mais condena o Estado Social/Segurança Social à falência. Pois para que o Estado Social possa ser defendido precisa de ser realmente discutido, analisadas as diferentes formas de o tornar sustentável e não de patéticas declarações sobre a sua solidez. Mas dar esse passo vai contra a natureza de quem, em Portugal, lidera o regime democrático: os dirigentes da democracia optaram não por um discurso de responsabilidade e de avaliação dos diversos impactos de cada escolha mas sim pela via populista (o que é isto senão populismo?) de se afirmarem melhores quer em relação ao passado quer na luta política entre si porque “davam” mais reformas ou alargavam mais os beneficiários dos serviços “gratuitos”.
Tal como aconteceu com o Ultramar, também a defesa do Estado Social se faz à custa da segurança das gerações futuras: o regime congratulava-se com os sucessos militares (à excepção da Guiné eles eram evidentes) mas essa opção levava a que simultaneamente Portugal fosse atirado para as mãos dos militares a quem o que faltava em competência para governar sobrava em interesses corporativos e fantasias ideológicas. Actualmente aquilo a que se chama salvar a Segurança Social é tão só transferir o ónus da tranquilidade presente para as gerações futuras cujas pensões serão muito mais baixas. E não apenas por causa do factor de sustentabilidade mas também devido a este facto incontornável: ou cada vez mais impostos são transferidos para o pagamento das pensões (a esta opção no vocabulário instituído pela esquerda “chama-se modelo de financiamento mais corajoso”) ou elas têm de ser calculadas doutro modo.
O esgotamento político das lideranças e o egoísmo das suas elites repetem-se de forma assombrosa neste momento em que a Democracia e o Estado Novo contam quase o mesmo tempo de vida. O Ultramar sabemos como acabou. O Estado Social/Segurança Social não queremos saber como vai acabar. Ou melhor, agonizar. Por enquanto atacamos os mensageiros congeminando intencionalidades obscuras nessa sua atitude: umas vezes é porque querem destruir a Segurança Social (quer nos anos 60 do século passado quer agora o simples acto de questionar a razoabilidade do sistema tornou-se sinónimo de ser contra ele). Outras porque quem formula a questão serve interesses de privados. Vale tudo para não responder à questão: que reformas (e já agora que serviços de saúde) vão ter os actuais jovens e adultos de meia idade? Sim, aqueles que estão a sustentar com as suas contribuições um Estado Social de que dificilmente poderão usufruir em idênticos parâmetros de qualidade quando envelhecerem?
Tendo herdado um Estado Social embrionário (o Estado Social é criado em 1969 por Marcelo Caetano) em que para cada pensionista existiam 12,7 trabalhadores no activo (actualmente esta proporção é de 1,5 trabalhadores no activo para cada pensionista), os dirigentes políticos da democracia desde meados dos anos 80 que lhe conhecem as fragilidades. No final dos anos 90, no primeiro governo de António Guterres, cria-se uma Comissão encarregue de redigir um Livro Branco da Segurança Social e de imediato a discussão se transforma num confronto maniqueísta em que os “bons” defendem a imutabilidade do sistema e garantem a sua sustentabilidade, desde que se combata a subdeclaração de rendimentos e se cobrem as dívidas, e os “maus” são aqueles que propõem alterações no sistema, alterações essas rapidamente apresentadas não como garantia da sua sustentabilidade, mas sim como manobras do “lobby das seguradoras” e do “lobby do plafonamento”.
Quando, em meados de 1998, é dado a conhecer o Livro Branco, era já claro que a reforma da Segurança Social enquanto tal não iria acontecer. Numa ânsia de notícias que trouxessem certezas felizes a um universo que fora tumultuado pela possibilidade de alteração através de uma reforma, esta última rapidamente começa a ser apresentada como desnecessária. Números avulsos, como o facto de em 1996 terem nascido mais três mil nados-vivos que nos anos anteriores, pareciam ter a chave da sustentabilidade da Segurança Social na mão: “Os custos reais ou imaginados das medidas da reforma são agigantados mediaticamente e, por isso, aquelas podem soçobrar ou ser esquecidas antes de executadas. (…) a miragem de uma modernização totalmente indolor, asséptica e convenientemente anestesiante veio antagonizar o custo incontornável das reformas.” – escreve Ribeiro Mendes que, enquanto secretário de Estado da Segurança Social entre 1995 e 1999, viu como se esboroava a possibilidade de intervir na sustentabilidade do sistema. (Ironicamente uma das raras medidas a ser então aprovada não só contemplava mais despesa como acentuava o lado assistencial das verbas da Segurança Social: foi a criação do Rendimento Mínimo Garantido).
À reforma nem sequer tentada dos anos 90 (o então ministro Jorge Coelho explicou aos colegas de executivo que defendiam a reforma que, “no meio das legislativas, nomeadamente quando há eleições autárquicas, é preciso tirar conclusões”) juntou-se a reforma chumbada de 2013-2014, quando o Tribunal Constitucional se pronunciou contra a Contribuição de Sustentabilidade e também contra a convergência entre os pensionistas da Caixa Geral de Aposentações e o chamado regime geral da Segurança Social.
Paulatinamente, o imobilismo do sistema da Segurança Social tornou-se o seguro de vida para políticos reféns da popularidade e corporações cujo poder as levou a conseguir para si mesmas regimes excepcionais: eram os célebres casos dos ex­‐administradores do Banco de Portugal, a quem bastava exercer essas funções durante cinco anos para, independentemente da idade, terem automaticamente direito à pensão por inteiro; dos juízes do Tribunal Constitucional com direito à sua pensão após apenas dez anos no cargo, ou o antigo regime dos titulares de cargos políticos.
Em 2019, o sinal exterior de poder de um grupo passa por conseguir para si um regime excepcional na Segurança Social: neste momento os camionistas de matérias perigosas exigem que cada quatro anos de trabalho sejam convertidos num ano de abatimento na idade de reforma. Caso vejam satisfeita esta reivindicação logo os outros camionistas reivindicarão algo de semelhante. E porque não os trabalhadores das bombas de combustíveis, também eles expostos aos produtos químicos? Os trabalhadores do sector portuário já têm um regime especial. Os funcionários públicos, apesar de trabalharem menos horas e terem mais dias de férias, também se podem reformar mais cedo com menos penalizações…
A cada ano que passa a complexidade duma eventual reforma cresce porque também cresce a necessidade do sistema por mais verbas. Qualquer medida visando assegurar a situação dos futuros pensionistas compromete o funcionamento presente do sistema.
As alterações às regras de cálculo sucedem-se em catadupa porque aquilo que se foi impondo e a que se tem chamado reforma da Segurança Social é tão só manter tudo como está no que à cobrança das contribuições respeita enquanto se transfere o desequilíbrio das contas para o momento em que os actuais contribuintes começarem a receber as suas reformas e descobrirem que ela é mais baixa que aquela que eles mesmos pagaram aos anteriores pensionistas.
Quarenta e cinco anos depois o pais mudou mais por razões externas do que por mérito das suas elites. O povo continua a acreditar que não se interessa por política e que, com esperteza qb, conseguirá tratar da sua vida. No fim a factura vai chegar e todos vão dizer que a culpa foi de quem não avisou, de quem não fez, de quem não tratou. Não tinha de ter sido assim
COMENTÁRIOS
José Ramos: : Que artigo fenomenal este! Em Abril de 1974, estava eu nas FA, mobilizado em Moçambique, mas, por um feliz acaso, de férias em Lisboa, vivi o melhor dia da minha vida. Hoje é o Inverno do nosso descontentamento - refiro-me, naturalmente, às pessoas sérias, lúcidas e que não vivem de "slogans" e outras mentiras. De facto, não tinha de ser assim. Mais de quatro décadas volvidas, ficou a liberdade reconquistada em Novembro, mas vigiada por uma constituição "rumo ao socialismo"; ficou a impecabilíssima adesão à agora União Europeia; e mudaram as moscas. A Nação, e as suas "elites" dignas de uma republiqueta da América Latina, continua a ser aquilo que se poderá facilmente deduzir.
Stra. Anabela Faísca: Bem: o argumento de a descolonização ter corrido mal a Portugal por ter sido feita demasiado tarde tem pouca adesão à realidade, se tivermos em conta as descolonizações feitas anteriormente por Inglaterra, França e Bélgica que também não correram bem, nem para europeus, nem para africanos.
:Andamos sempre a repisar os mesmos problemas. Em 1928 já Salazar defendia uma política de verdade que esclarecesse o povo dos problemas deixados pela I Republica que, quanto mais tarde fossem abordados, mais graves se tornariam. Este foi um tempo em que emergiram governos autoritários na sequência de crises nos regimes liberais. Aqui havia uma moral por detrás das políticas: O povo, a pobreza, a pátria, os valores tradicionais eram pontos- chave dos discursos. Nas novas propostas de autoritarismo disfarçadas de globalismo, deslegitima-se o povo, as tradições e a moral para se defraudar a propriedade individual, a riqueza colectiva e a liberdade. Podemos ir á bancarrota as vezes que quisermos porque o povo já não é povo, somente uma soma de indivíduos que não conseguem encontrar uma plataforma política comum para derrubar a tirania.
António Marques Mendes: Excelente comparação entre o período de socialismo de direita (Estado Novo) e o socialismo de esquerda (Democracia). Infelizmente, o maior problema nem é a segurança social, mas o facto de o socialismo aqui, como em qualquer lugar do planeta onde foi experimentado, só trazer miséria.
Liberal Impenitente: As prestações dos regimes não-contributivos da tal de "segurança social" não são pagas com as contribuições dos trabalhadores. Mas atenção, há uma prestação, pesadíssima por sinal, que foi e é paga com os seus descontos: o "subsídio de desemprego".
Helder Vaz Pereira: Não esperem pela demora;  Daqui a 10 ou 15  ou mesmo 20 anos  não quero que os meus filhos e netos me joguem na cara  que os descontos que eles fizeram para eu receber uma pensão eles não verão um "chavo" pois o Inverno Demográfico  aí está  cada vez mais frio a cada ano que passa. Espero já não estar cá para assistir.
Carlos Guerreiro > Conde do Cruzeiro (…): Mas que falta de liberdade existia antes do 25 de Abril? Só se estiver a falar dos subversivos ds  comunas que ansiavam instalar no país uma ditadura que não tinha qualquer comparação com a que existia. Ou dos sabotadores da guerra do ultramar. Agora depois do 25 de Abril tivemos prisões arbitrárias dos que eram considerados fascistas, colocados em prisão sem julgamento, tivemos os famosos mandatos de captura em branco assinados pelo Otelo, sabe o que eram? Mandatos de captura que o Otelo assinava e cujo nome era preenchido pelo pelotão quando pretendia prender alguém. Era isto a democracia? Até lhe vou dar um exemplo concreto. Antes do 25 de Abril, numa loja da UCAL próximo da casa onde vivia a filha do Marcelo Caetano (portanto com alguma vigilância, mas não tão ostensiva como têm os pulhiticos democratas) a senhora que lá trabalhava fartava-se de dizer mal dos dirigentes do antigo regime, apesar dos conselhos dos clientes de que não o fizesse. Curiosamente nunca foi incomodada durante a longa noite fascista. Vieram os democratas e a ira da senhora virou-se contra os novos senhores. Teve uma visita dos militares do COPCON e com um mandato de captura do Otelo foi colocada em Caxias, sem julgamento claro, para que se iriam preocupar estes democratas com estes aborrecidos pormenores? Valeu o marido ser militante do PS e existirem uns militares residentes na zona que intercederam pela senhora, que como é evidente nunca mais falou como falava no tempo do fascismo. O que temos que celebrar não é o 25 de Abril, que ia levando a uma ditadura mais sanguinária e repressiva do que a que existia, mas o 25 de Novembro de 1975 que nos colocou de novo no caminho da democracia. O facto de os comunas ortodoxos do PC e as esganiçadas caviar serem contra a celebração do 25 de Novembro só corrobora que essa é a data que deve ser festejada.
Liberal Impenitente: Já se sabe Helena Matos, a culpa ... foi do macaco! Agora a sério, é por causa de artigos como este que vale a pena ser assinante do Observador. O paralelo entre a questão colonial para o Estado Novo e o "Estado Social" falido para o regime semi-democrático da abrilada é brilhante, simplesmente brilhante. Se os militares deveriam ser chamados a resolver o problema colonial, parece-me bem que serão agora os credores que serão chamados a resolver o "probleminha" guardado na gaveta fechada à chave, e que agora até inclui passes "sociais" gratuitos! Visto que os credores não são portugueses, naturalmente que é a independência nacional que estará em causa. 
Carlos Sousa: No fim a factura vai chegar e todos vão dizer que a culpa foi de quem não avisou, de quem não fez, de quem não tratou. Neste momento vemos como a esquerda se recusa a discutir a Segurança Social, como o ministro Vieira da Silva por várias vezes, e depois de ter feito alterações ao regime da SS, garantiu aos portugueses que tudo estava sob controlo, e que a bancarrota da SS nunca iria acontecer. Mas todos sabemos que está a mentir. Matematicamente, analisando a demografia, e extrapolando os dados conhecidos, a falência é inevitável, ou as pensões serão tão simbólicas que a palavra "segurança" será uma piada de mau gosto. Nesse dia, com a proverbial desfaçatez e lata, a esquerda dirá ao país... a culpa é do Passos Coelho !
Maria José Melo: Muito bom este artigo! Isto é um escândalo! Aconselho que vejam o programa da Paula Moura Pinheiro, na RTP2, sobre a colonização interna, no tempo do Estado Novo. É bom ver como se “dava a cana para pescar” e não, como agora com os subsídios da Segurança Social, “se dá o peixe”. Agora o resultado é dramático, pois as pessoas acomodam-se e não trabalham, eterniza-se a dependência. E os que trabalham têm de os sustentar e depois a reforma a diminuir... Urge uma mudança!
Liberal Impenitente > Maria José Melo: Em rigor, "dá-se o peixe" que se tirou aos outros.
Joaquim Moreira: Não tinha nem tem que ser assim. ... ... Quando o povo perceber que só é assim por interesse da elite que tem andado a cuidar da sua vidinha, como a Helena Matos muito bem explica nesta crónica. Quando o povo perceber que aquela de Pedro Passos Coelho querer "cortar 600 milhões" na Segurança Social, foi mais uma das narrativas da esquerda socialista para denegrir um político sério, corajoso e transparente que demonstrou ser um Estadista - o que está mais preocupado com as futuras gerações do que com as próximas eleições. Só espero que agora que se perfila um outro Estadista, - não pode ser acusado da mesma narrativa dos "600 milhões" -, que já deixou muito claro que está muito preocupado com as Reformas das próximas gerações. Assim o povo, que não as elites que já resolveram o seu problema, defenda os valores da seriedade, da coragem e da transparência nas próximas eleições.
Antonio Fonsecachronos doispontozero: as leis em Portugal são feitas para legalizar os piores atropelos à ética e à honestidade. Veja o Costa que quer uma lei para legalizar os tachos aos familiares dos ministros. ou a recente lei para legalizar as ofertas do GalPGate.
…Silva: Não tinha de ser assim .... mas é!!!! O que Helena não nos conta é que este ciclo de mediocridade já perdura entre nós desde tempos imemoriais.  Não há governo, há governo-me, há governa-mo-nos, há governem-se que é como quem diz "tchau, fui ... e invariavelmente vamos para fora deste ambiente de pequena cunha, de favores que se trocam, de familismo de clã". Claramente, quem se safa neste embrulho, que denominamos por Democracia são os desavergonhados que mais facilmente surfam o esquema e driblam a lei!!! O povo, esse, contenta-se com os 3 F's do costume, seja a definição de costume a qual o indígena, ache a cada momento, a mais apropriada. O Estado Social é apenas mais uma construção humana que a natureza real das coisas irá desconstruir com a voracidade do tempo, o que irá sobrar será uma revolta e desespero iguais a tantos outros momentos da história onde o povo descobre que a natureza dos homens é dúbia e a palavra dada não é honrada.  Há ainda uma pertinente interrogação...O regime que governou antes da "revolução", não soube solucionar, a tempo, o problema do ultramar.  Deixou no entanto, os cofres a abarrotar de dinheiro e ouro e, um país que não parava de enriquecer. Os génios que a "democracia" importou, "solucionaram" o ultramar, gastando tudo quanto estava amealhado, endividando-nos até aos ossos. Era assim que tinha de ser???
Felipe Azyral: Enquanto o Jerónimo e o Comité Central do PCP determinarem que este Partido deve ser um Acólito e Satélite das Políticas de Direita do PS (Cativações, Falta de Investimentos, Destruição do SNS, etc,etc...), o Costa não terá qualquer problema em lançar Portugal na Bancarrota e fá-lo-à com gosto e afinco...!!!
Manuel Lisboa XII: Exactamente, não tinha que ser assim. Quando não sabe o que fazer, inventam-se mitos. O chamado "estado social" tornou-se a mitologia das esquerdas e das direitas actuais. Principalmente as primeiras. Permite o consumismo, a ilusão de segurança na velhice, a estulta miragem que os serviços "gratuitos" são uma benesse de governos e políticos. As pessoas vivem afogadas em impostos directos e indirectos, taxas, coimas, sobretaxas, etc e a principal razão evocada é o "estado social".  Atrás dessa carga fiscal sustentam-se governos de mais de cinquenta membros, assessores, comissões, observatórios e camadas de burocracias inúteis. E depois descobre-se, através de notícias, que no fundo tudo parece pertencer à mesma família que vive, há décadas, à custa da propaganda da defesa do "estado social"... 
Pedro Ferreira: Do melhor que já li sobre o fim do regime. E tem de ser uma historiadora a questionar a sustentabilidade do Estado Social, quando as nossas brilhantes Universidades cheias de mestres e doutores, formados em economia, não vêem nada. Em democracia, não é possível reformar nada e agora como sair disto? Toda a situação foi agravada por mais esta legislatura perdida, aumentou a despesa pública, com a receita conjuntural de um turismo, que gerou empregos de bandeja na mão e a  fazer camas a turistas. A situação é gravíssima e mesmo que os socialistas sejam corridos, a dita "direita" não tem condições para governar, a carga fiscal é altíssima e as empresas não criam riqueza, resta o empobrecimento paulatino e a emigração anual de uns 50000. Mas imaginem a frustração da população se ao mudarem de governo constatarem que nada muda?
Carlos Castro: Prezada Helena Matos. Será que devemos continuar a chamar de democrático um regime em que governam os que perdem as eleições? Que paralelo poderemos estabelecer com o resto do mundo democrático nesse capítulo? Iremos evoluir para ser uma democracia à imagem da República Democrática do Congo onde é mais ou menos pacífico que as eleições sejam falsificadas e a oposição comprada? Por outro lado uma sugestão: Não conheço qualquer estudo que permita perceber a correlação entre o avanço do estado social e o recuo da taxa de natalidade que é uma ameaça fundamental ao mesmo estado social. Não estará o estado social em situação de autofagia sugando a vida ao corpo de que se alimenta? Este efeito e outros como a fuga da juventude para o resto do mundo em busca de condições de vida mais aliciantes, o empobrecimento, o condicionamento da autonomia e liberdades individuais (nomeadamente para ter filhos) provocado pelo regime fiscal extorsionário sobre o Trabalho, seriam muito bem-vindos. Obrigado pelo trabalho esclarecedor. 
Carmen Maia: o 25 de abril foi uma benesse para muita gente. Agora o país está completamente a saque. uma doença que se agudiza com a esquerda, que assalta o poder. uma pena...

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