quinta-feira, 25 de abril de 2019

Delírio



Estamos no desfiladeiro. Um país que sofre, mas que não tem soluções. Leiamos alguns escritos, não para nos regozijarmos, mas para ponderarmos, antes de soçobrarmos. Na continuação.
POLÍTICA: A primeira semana do ano de 2020 /premium
RUI RAMOS     OBSERVADOR, 23/4/2019
O que tivemos antes da Páscoa, com a greve dos camionistas e os rumores de demissão do governo, foi uma antevisão do que vai ser o ano de 2020: luta e instabilidade.
Não sei se ainda se recordam, mas a semana passada, antes de toda a gente sair para as férias da Páscoa, prometeu por uns momentos vir a ser memorável. De um lado, eram os combustíveis a acabar, por causa da greve dos camionistas; do outro lado, era o governo a fazer constar que se poderia demitir, caso os outros grupos parlamentares lhe impusessem os custos de satisfazer o sindicalismo dos professores. De repente, o país começou a imaginar-se sem gasóleo e sem governo. Parecia o fim de qualquer coisa – mas após alguma excitação, acabou por ser apenas o fim de semana.
Vale a pena voltar a esses dias que afinal não deram em nada? Vale, por esta razão: o que tivemos antes da Páscoa foi muito provavelmente uma espécie de primeira semana do ano de 2020, uma antevisão do que aí vem, com um governo minoritário socialista, um parlamento do lado da despesa, e um país onde a disputa política por rendimentos escapará a qualquer controle.
A reedição do governo minoritário socialista é o que auguram as sondagens. Como podia ser diferente, perante a manifesta falta de encanto dos portugueses, quer com a geringonça, quer com a oposição? A geringonça vivia do “medo da direita”, que já não há; a oposição vivia do culto de Passos Coelho, que se retirou. Faltam os receios e os entusiasmos necessários para grandes deslocações de votos.
Mas o facto de o parlamento poder gerar a mesma solução política, não quer dizer que o país ou mundo estejam na mesma. Não estão. Nem o sistema partidário está na mesma, apesar das aparências. Tudo está mais fraco. Durante quatro anos, o PS andou a fazer de radical e o PCP e o BE de moderados. Na oposição, o PSD esteve dois anos à espera do diabo, e outros dois à espera de um anjo que fizesse ver a António Costa que o seu verdadeiro parceiro era Rui Rio. Por isso mesmo, PCP e BE continuarão a ter razões para a geringonça. Mas também por isso mesmo, e como já ameaçaram a semana passada, terão igualmente razões para aumentar a pressão sobre o Orçamento, de modo provar que só eles fazem diferença. E nesse ponto, é possível que tenham, como já tiveram, a companhia de uma direita determinada em trespassar ao PS a fama de austeridade. As previsões de crescimento da economia sugerem que não será difícil criar a ideia de mesquinhez socialista. Em tal contexto, é provável que a demissão do governo se torne um rumor permanente.
Isto será no parlamento. Fora de São Bento, a turbulência poderá não ser menor. A geringonça, em 2015, pensou ter o trunfo que o novo regime também julgou haver obtido em Maio de 1974, quando entregou o ministério do Trabalho e os sindicatos nacionais ao PCP: o controle comunista da “agitação social”. Haveria apenas as greves que o PCP quisesse. Tal como então, o país descobriu que o sindicalismo comunista, podendo muito, não pode tudo. As greves dos enfermeiros e dos camionistas foram um sinal de que o PCP, só por si, não chega para fabricar “paz social”. Num país que há vinte anos deixou de crescer como no passado, seria sempre fatal que muitos grupos acabassem por se convencer de que não vale a pena esperar que o bolo aumente para todos, e que o melhor é cada um tentar cortar uma fatia maior para si próprio. Mas a geringonça, com as suas “narrativas”, reforçou essa cultura de “luta”, isto é, a convicção de que os rendimentos não se obtêm pelo trabalho e pelo investimento, mas junto do poder político, pelo lóbi e pela greve. Esperem, por isso, mais semanas sem cirurgias ou sem combustíveis.
O futuro em poucas palavras? Instabilidade e luta. Vamos viver em tempos interessantes.
COMENTÁRIOS
josé Maria: O que tivemos antes da Páscoa, com a greve dos camionistas e os rumores de demissão do governo, foi uma antevisão do que vai ser o ano de 2020: luta e instabilidade.
Maria José Melo: Todos os dias há uma greve... ou duas... Isto está a ser preparado ... por quem? Pelos do costume. Apoiam no Parlamento, contestam na rua.
Maria Narciso: Hoje Podemos  Afirmar Seguramente de que o Futuro do Pais está nas Mãos dos Portugueses e Não nos Políticos . Hoje Não está em Causa o Factor Destino ou a Fatalidade. Hoje os Portugueses Têm em Pleno o Livre - Árbitro para Decidirem o que é Melhor para as suas Vidas e para Portugal. Para Investir Mais e Melhor é Óbvio que tem de Haver Reformas Estruturais que só serão Possíveis com o Apoio da Oposição ou com uma Maioria Absoluta. O Governo está a abrir caminho num Contexto de Equilíbrio : - Não é Retirando os Estímulos às Pessoas Nem com Cortes que a Economia Avança ! O Governo PS está Empenhado no Desenvolvimento e no Bem Estar das Pessoas - Do Crescimento Económico e da Quebra do Empobrecimento.
Mosava Ickx > Maria Narciso: A Maria é mesmo uma anedota!
Maria Narciso:  Ao Contrário do Governo Anterior que Cortou 4 Mil Milhões de Euros na Despesa Pública e isso - SIM é que Provoca Crise Social . O Governo PS Devolveu os Rendimentos às Pessoas
Jorge Tavares > Maria Narciso: Não todas. Só uma minoria de "eleitos"
Maria Narciso: O Governo PS aposta na Distribuição da Riqueza e Propriedade - Diminuindo a Distância entre Ricos e Pobres - Criando Programas de Apoio pars Eliminar Injustiça Social. Deve-se questionar como ficaria Portugal se a Frente de Esquerda fosse Derrotada. A Questão da Desigualdades é que tem Destruído as Democracias.
MCMCA: A mais pertinente afirmação de Rui Ramos "...a geringonça, ....reforçou ....a convicção de que os rendimentos não se obtêm pelo trabalho e pelo investimento, mas junto do poder político,pelo lóbi e pela greve.
Joaquim Moreira: Na oposição, o PSD esteve dois anos à espera do diabo, e outros dois à espera de um anjo que fizesse ver a António Costa que o seu verdadeiro parceiro era Rui Rio”. Este parágrafo só prova que há uma grande diferença entre a realidade e as narrativas que têm como objectivo criar a ideia de que o que parece é, mas não é. Eu esclareço: a narrativa do “diabo” foi criada pelo PS para dizer que, afinal, o “diabo” não veio. Ou seja, parece que não veio, mas veio, até porque ele anda aí, mas até parece que não anda; a outra narrativa, a da “aproximação de Rio ao PS”, tem outros criativos, mas não deixa de ser mais uma construção de mais um “parece”. Na verdade, nem tudo o que parece é. Continuo a acreditar que vai ser possível mudar este Estado do Faz de Conta. E não é só por uma questão de fé! Mas pela certeza de que o “anjo” vai mudar a política “do que o parece é”, para a política “do que é, é”.
Maria Narciso: A Resposta a estes Movimentos Autoritários Não é Voltar ao Estudo - Nação - Mas á Soberania Democrática.
MCMCA > Maria Narciso: Troque por miúdos o slogan 
Maria Narciso: Não Há que ter Medo das Palavras :- As Tentativas Têm sido Muitas para Limitar a Liberdade e Querer Acabar com a Democracia., estamos a Assistir a Convencer os Não Fascistas a Eleger um Fascista.
A Democracia tem de Conseguir Integrar a Revolta no Confronto Democrático. A Resposta a este Fenómeno Populista tem de ser a nível Global. As Lideranças Politicas finalmente começam a perceber que a Democracia está a Viver um Momento Difícil.
Antonio Alvim: As Próximas Presidenciais vão ser a altura da Mudança. Alguém se chegará à frente com o Lema -"Um novo Presidente para uma nova maioria" e caso tenha sucesso dissolverá o parlamento e promoverá eleições legislativas,. Será a vertente mais presidencialista do nosso elástico sistema Presidencial. A que ainda falta experimentar. Será a altura de fazer as profundas reformas estruturais que o País precisa 
Pérolas a porcos > Antonio Alvim: Está a pensar no Costa, ou no Rui Rio...?
MCMCA > Antonio Alvim: E o povo elege o Tino de Rans
Manuel Pinto: Pois assim será, caso se repitam nos próximos actos eleitorais, a mesma "graça" de 2015. "Fabricar" riqueza, aumentando a despesa, em vez de a criar trabalhando, Tem sido este, o desígnio nacional, após a "democracia" importada no tal 1974. A ver vamos, quando termina a romaria!!!
chints CHINTS: Que pena o governo não ter caído. Assim vão continuar no roubo, 1 milhão para publicidades, uns milhões para o comendador caloteiro, outros para o ex pm aldrabão e mais umas coisitas. Foi irresistível, a ideia de que ainda têm uns mesitos para mais roubos, hein, oh grande governo?
Fernando Prata: Este artigo faz lembrar o pântano de Guterres, que se avizinha.
Antonio Elias: Ainda vou gostar de ver o Rui Ramos a vir aqui retratar-se das dezenas de textos contra Rui Rio. Só precisamos de esperar até Outubro, quando RR ganhar as eleições. Não vos passa pela cabeça que RR ganhará nas próximas legislativas? 
A.N. de Sousa: Oh diabo, vem aí o diabo! O Passos foi-se mas o Movimento Radical Passista Português - Mais Passista que o Passos (MRPP-MPP) continua em crescendo!
Felipe Azyral: O Costa Bancarrota ataca em força a oposição do PCP e BE, esquecendo-se da submissão desses Partidos Irmãos durante os últimos quatro Orçamentos...!!!!
victor guerra: Rio não vai tão longe no apoio ao governo Costa II .Resta saber, qual a força eleitoral dos parceiros da geringonça e se o PCP vai levar já um cartão amarelo
Ana Maia: Interessantes para quem exactamente???? mais uma vez os trabalhadores privados não vão achar interesse nenhum naquilo que está para vir, afinal quem paga são sempre os mesmos. 
Ahfan Neca: Tempos interessantes são para mim tempos de progresso e desenvolvimento. O que se perspectiva neste artigo, e com razão, é a continuação da decadência política, social e económica deste país chamado Portugal. A parte interessante será a fuga dos ratos. Os ratos do PS, do PSD, da SIC, do Expresso.
Madalena Barreto: "...a geringonça, ....reforçou ....a convicção de que os rendimentos não se obtêm pelo trabalho e pelo investimento, mas junto do poder político, pelo lóbi e pela greve." Absolutamente de acordo.
Pérolas a porcos: O futuro vai ter instabilidade e lutas, mas não vai ser nada interessante. Vai apenas ser um lento declínio até ao próximo Resgate. Aí, é que talvez se torne interessante!!!

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