O do PM, é claro, e os do seu staff, que
só dele precisaram para a viagem inaugural – ou eleitoral, o que é muito
natural. Mas os passes sociais até que têm dimensão e inegavelmente facilitarão
a vida a muita gente. Vê-se que A. Costa é ministro de resoluções rápidas,
quando se trata de apoiar as classes trabalhadoras segundo o lema da “vila
morena”, que julgo que não tem dimensão para passe, mas não se lhe dá que os das
grandes áreas urbanas o tenham, que é “terra
da fraternidade”, com amigos em todas as esquinas, até do país inteiro que tanto
a canta. Não sei se o 1º Ministro viajou com o seu passe, acompanhado pelos
demais representantes do governo, na tal viagem que AG descreve como um embuste, pois ele não faz tenções de
repetir façanhas assim, isto foi só para o “supônhamos”
e com o espalhafato chamariz, caso também da árvore que plantou para
reflorestar, e este ano vai ter novamente ocasião disso, que as eleições vêm aí
e os incêndios também. AG é que é demasiado
virulento e de tudo descrê, vaidoso e desdenhoso sempre, mas acho que devia
compreender melhor as fraquezas dos cidadãos de um país fraco, mesmo os mais
importantes, que sabem como conquistar os lugares de relevo e de mantê-los, pelo
exemplo - no caso dos passes, ainda que seja só por uma vez - mas a suficiente
para nós, povo, percebermos melhor como ele é nosso amigo, atento às nossas
necessidades de deslocação, na alegria do trabalho, principalmente. Votamos nele, sim senhor.
Eis a notícia dos passes, extraída da
Internet:
«Já conhece os novos passes sociais
(mais baratos)?: Os preços dos
passes sociais vão baixar significativamente já em abril. Em alguns casos, os
novos tarifários podem permitir uma poupança mensal superior a 100 euros. Para
incentivar o uso dos transportes públicos foi lançado, em 2019, o Programa de
Apoio à Redução Tarifária (PART). Uma medida que se concretiza num apoio
financeiro às autoridades de transportes das áreas metropolitanas de Lisboa e
do Porto e das 21 comunidades intermunicipais (CIM). Pelo menos 60% do
financiamento será aplicado na redução dos tarifários dos passes sociais. Os
restantes 40% serão utilizados para melhorar e aumentar a oferta ou criar
melhores condições no acesso à rede de transportes coletivos….. A
fixação dos tarifários cabe às autoridades de transportes de cada área
metropolitana e comunidade intermunicipal.
Novos passes sociais na área
metropolitana de Lisboa: A partir de
abril, já pode adquirir o Navegante Municipal e Navegante Metropolitano. No
entanto, as versões “família” só estão disponíveis a partir de julho. Navegante
Municipal – 30 euros: Preço: 30 euros. Onde pode usar: Com
este passe, pode utilizar qualquer transporte público dentro de 1 dos 18
municípios da área metropolitana de Lisboa. Quem pode utilizar: Uma
pessoa (titular do Navegante Municipal). Válido: Para todos
os serviços de transporte público. Prazo: Do primeiro ao último dia do mês para o qual foi adquirido. Exemplo: Uma pessoa que tenha o Navegante Municipal para o município de
Lisboa, pode utilizar este passe social para se deslocar dentro desta
cidade. No entanto, já não pode utilizar este título se pretender deslocar-se
para Cascais. Navegante Municipal Família – 60 euros………………….»
Os dias das mentiras /premium
OBSERVADOR, 6/4/2019
Em
meras 3 horas e pouco António Costa percorreu 73 quilómetros, proeza notável
nos idos de 1850. Ou, nos centros urbanos portugueses, em 31 de Março de 2019.
Não fazia ideia do atraso em que vivemos.
Talvez
por falta de patriotismo, oportunidade ou decência, prefiro viajar para dentro
lá fora do que para fora cá dentro, pelo que não sou íntimo de boa parte do
“país real”. Principalmente a sul.
Por isso, não sabia que, antes da passada segunda-feira, 1 de abril, “era
difícil viajar na Área Metropolitana de Lisboa”, para citar uma autarca dali.
E não sei exactamente o que aconteceu desde então. Sei que o governo lançou
um cartão milagroso para os transportes públicos. Sei que o cartão poupa aos
“utentes” (desculpem) dezenas de euros mensais. Sei que metade do governo se
enfiou nos ditos transportes para demonstrar essa revolução na “mobilidade”
(termo técnico). E sei que o dr. Costa estava às 7.30 da manhã em Mafra e às
10.41 penetrou Setúbal, fresco como uma alface e luzidio como uma azeitona. Em
meras três horas e pouco o primeiro-ministro percorreu 73 quilómetros, proeza
notável nos idos de 1850. Ou, nos centros urbanos portugueses, em 31 de Março
de 2019.
Sinceramente,
não fazia ideia do atraso em que viviam as nossas gentes. E continuo sem fazer.
Quanto tempo se demorava até agora, duas semanas? Não havia estradas para
Setúbal? As pessoas iam a pé, a desviar-se de lezírias e salteadores? E hoje,
inaugurou-se de repente a locomotiva a vapor ou, por insondáveis leis da
física, o desconto no “passe” acelera a viagem por carroça? E o assalariado que
dorme em Mafra, levanta-se a meio da noite e desagua no Sado quase ao almoço,
não é despedido porquê? As questões acumulam-se.
Outra
questão prende-se com o alargamento dos descontos, ainda que em dose minguada,
à região do Porto. Para quê? Nos meus percursos por aqui, na vasta maioria,
prévios ao recente dia das mentiras, os mesmos 73 km percorrem-se numa hora, hora
e meia com trânsito, duas horas com o eventual acidente. Só se demora três
horas e dez se um camião-cisterna explodir na VCI e dois camiões-cisterna
explodirem na Circunvalação. Ainda no último fim-de-semana cheguei a Guimarães
(50 km) em meia hora, numa sexta à tardinha. E regularmente chego a Bragança em
90 minutos.
Sucede
que eu uso carro. É claro
que os carros, inventados e popularizados há já algum tempo, são caros de
comprar e caríssimos de alimentar, devido aos impostos que o Estado cobra para
financiar – com vasta generosidade, note-se – os descontos nos “passes”,
sobretudo lisboetas. Porém, rodam com relativa velocidade e desembaraço. São
tão úteis que aconselho aos governantes a respectiva utilização.
Suspeito,
porém, que os governantes não me ligarão nenhuma. Vi-os, com estes que a terra há-de comer, assaz
contentinhos a mostrar os novos “passes” às câmaras dos repórteres que por
acaso se encontravam nas exactas carruagens do dr. Costa, dos amigos do dr.
Costa e dos familiares dos amigos do dr. Costa. Não acredito que o
contentamento fosse simulado para propaganda: seria uma rematada pulhice em
políticos de cuja honestidade ninguém duvida e uma imensa trafulhice em
jornalistas cuja ética ninguém belisca. Estou convicto de que o séquito do dr.
Costa abusará dos “passes” a ponto de estes se transformarem em pergaminho.
A
alegria dos estadistas era com certeza sincera, e a de quem levou a vida a
procurar mover-se nas imediações da capital em cima de burro, trotinete ou
monociclo. E era a alegria de quem, doravante, pode erguer com o orgulho o
“passe”, e “ir a Sintra comer queijadas, gelados a Cascais, marisco a Mafra,
choco a Setúbal”, e “escolher as praias onde lhe apeteça ir, os ventos do
Guincho, as da costa oeste, da costa azul”, além de “ir ao Parque Natural
Sintra-Cascais, a exposições a Lisboa, ao teatro a Almada.”, nas bonitas
palavras do dr. Costa.
Ignoro
o que leva o ser humano médio a desejar ardentemente apanhar com os ventos do
Guincho ou com o teatro de Almada, para cúmulo na companhia do conselho de
ministros em peso. De
qualquer maneira, é óptimo percebermos que, com os 20 ou 30 euros que
economizam no “passe”, os trabalhadores sem capacidade de sustentar um
automóvel poderão perder-se em folias gastronómicas e culturais a escassas
horas de distância. É igualmente verdade que, caso não tivessem os rendimentos
delapidados pelo Estado, inclusive para o patrocínio dos transportes públicos,
alguns trabalhadores conseguiriam visitar ocasionalmente os restaurantes de
Madrid e os museus de Londres – de resto mais rápidos de alcançar. E muitos
conseguiriam, imagine-se a loucura, ter carro. Assim os deixassem escolher.
O que vale é que não deixam. Largados
sozinhos e sem a devida orientação fiscal, os cidadãos tenderiam a tomar
decisões temerárias e fatalmente irresponsáveis. No limite, não me
surpreenderia que houvesse gente a gastar o seu dinheiro em benefício próprio,
com previsíveis, e desastrosas, consequências. À semelhança do que calha ser público, os transportes
são um excelente exemplo da importância de existirem uns poucos a subtrair em
nome de todos o que é de cada um. De seguida, atafulham-se com tudo e devolvem
um nada sob forma de esmola a uns tantos. É aconselhável celebrarmos o
exercício com entusiasmo, quiçá com uma queijada de Sintra ou um choco não sei
de onde. Também é aconselhável sermos terminalmente imbecis. Com ou sem
“mobilidade”, não vamos longe.
COMENTÁRIOS:
Xico Nhoca: Julgo que o AG deu aqui uma nova definição de socialismo: "existirem
uns poucos a subtrair em nome de todos o que é de cada um. De seguida,
atafulham-se com tudo e devolvem um nada sob forma de esmola a uns
tantos".
Domingas Coutinho: Concordo com o
contexto pois está-se a criar um País para os pobres viverem contentes e
dependentes do Estado mas mesmo assim não é tão fluido como o Governo quer
demonstrar pois pode-se ter de esperar uma hora pelo comboio para Setúbal e
vice versa.
J.C. Maya: Houve países em que quase tudo era de borla. A saúde, o ensino, a água, a
electricidade, os transportes, etc., etc., etc. Depois foi o que se viu. A
implosão. Hoje também há um país em que tudo, sempre a bem do povo, é quase de
borla. E também aumentam o salário mínimo em mais de 300% - numa inflação em
2018 em cerca 1.000.000%/ano. A dependência das pessoas do Estado, só cria
necessidades que mais cedo ou mais tarde esse mesmo Estado perde a capacidade
de poder cumprir e os dependentes, manietados pela sua dependência, ficam na
miséria. Veja-se o que se está a passar na Venezuela.
Liberal Impenitente > J.C. Maya: É uma crença comum e bem tola a de que o Estado tem
poderes sobre-humanos. A realidade diz-nos que o poder real dos Estados é não
só limitado, como mesmo muito limitado, e tanto mais limitado quanto mais pobre
o país.
josé Maria Alberto: não gosta da
redução dos passes públicos, preferia que o governo promovesse a redução do IA
sobre os porsches panamera. Bem vistas as coisas, é fiel à sua filiação
ideológica direitista : forte com os fracos, fraco com os fortes.
Liberal Impenitente > josé maria: Caro Bill, aqui tem mais uma
cassete acabadinha de aterrar! Será a mesma?
José Ramos > Liberal
Impenitente Já reparou, Kamarada, que quando se avizinham eleições os "cabeças de
santola" se encarniçam muito mais?... Mas como não têm imaginação,
coitados, sai material contrafeito e sem qualquer qualidade...
Liberal Impenitente > José Ramos Kamarada Sparta, outra coisa a
merecer análise é o conhecimento que os cabeças-de-santola prosélitos do
marxismo mais ortodoxo revelam sobre bens de luxo, tal como Porsches. Como pode
alguém que quer aniquilar o capital, o inimigo afinal de contas, exibir tais
paixões capitalistas? Ou será que algum capital deverá ser preservado? O
kamarada Orwell já sabia tudo o que havia a saber sobre os animais!
William Smith: outra para ti, ó Passos, 24% Já reparaste que o teu dono (o K-o-sta), sempre
que se sente acossado, tenta fazer tudo com uma rapidez indecente. Agora é uma
lei sobre incompatibilidades dum dia para o outro.
Mas tenho de reconhecer-lhe um dom invulgar: consegue combinar um
discurso "tipo valentão" (vamos investir milhões aqui e acolá, etc.)
com uma acção totalmente inexistente - os investimentos que acabam por nunca se
realizarem.
William Smith: Chega a ser chocantemente indigna toda a subserviência demonstrada pela
maior parte da CS (principalmente das TVs), sempre que acompanham o K-o-s-ta
nesta propaganda trafulha ou quando ele anuncia mais uma das suas aldrabices,
do tipo investimento de milhões aqui, investimento acolá, etc.
Alexandre Barreira: ...estes "gajos" do "observas".....primeiro dão o
nega.....depois publicam.....em "catadupa"....!!!!
Pedro Ferreira > Pedro Miguel Guerreiro: de acordo, mas dadas as
iniquidades, parece que o processo não foi bem pensado e tratou-se de uma
medida eleitoralista feita à pressa.
Pedro Miguel Guerreiro > Pedro
Ferreira: A medida vem de um partido que tem uma “enorme escola política”, a resposta
tem que ser progressista e futurista, sem hipótese de resposta. Nunca
frontalmente contra o uso dos transpores públicos. Qualquer democracia nórdica,
qualquer nórdico, tem orgulho em utilizar os transportes públicos, nunca o
inverso.
Liberal Impenitente > Pedro Miguel
Guerreiro: Os cidadãos devem escolher como se deslocam, e, de facto, é assim mesmo que
as coisas funcionam nos países mais ricos, e ninguém tem nada que se sentir
orgulhoso por escolher os transportes colectivos, que podem ser aqueles que
melhor o servem, mas não os que melhor servem o seu vizinho.
Pedro Miguel Guerreiro: Ser progressista é ser amigo do planeta, não é ser calão e andar de carro.
O governo PS é uma família napolitana, com “primos” em Chicago pseudo-mafiosos?
É, na verdade é mesmo. Mas a medida é progressista e válida. Ser liberal é ser
moderno, ser menos CO2, menos pegada ecológica, menos calão. No fundo é ser
mais ser humano independentemente da ligação politica.
Pedro Ferreira Acabei de ler que alguns concelhos do oeste: Bombarral, Caldas, Torres
Vedras, Sobral e outros não foram abrangidos pelo passe dos 40 euros, pagam
cento e tais por mês e vão reivindicar direitos iguais. Força gente! Mas que
palhaçada é esta dos passes?
Jay Pi: AG toca no ponto fulcral da actual conjuntura política e governativa: a
mentira. De facto vivemos um clima de logro, embuste, falsidade, dissimulação,
engano e mentira como nunca antes se viu na história política nacional. Das
nomeações para a CGD, passando por Tancos e acabando na actual campanha para as
Europeias/legislativas, em tudo a mentira é a pedra de toque. A essência da
geringonça é o maquiavelismo torpe da mentira. Os dias cinzentos
aproximam-se...
Liberal Impenitente > Jay Pi: Vivemos o terceiro guterrismo. Todos os guterrismos se
baseiam na mentira "somos ricos". Acabam quando já não há mais como
mentir.
Jose Neto: Alberto Gonçalves excelente, como de costume. O humor é uma arma poderosa.
Contra esta gente, que se vai governando à grande e desgovernando o país com
mentiras e demagogias, quanto mais inteligente e corrosivo for, tanto melhor!
Luís Faria: Depois disto, dizer o quê? Simplesmente brilhante, como sempre!
Infelizmente, esta prosa e o que significa, deveria ser fácil de entender pelo
comum dos mortais, mas não é. O que mostra, é a pobreza de espírito deste povo
entre portas. Quando emigram, esta prosa torna-se cristalina como água. Assim
que passam a fronteira de volta, toldam-se as ideias como que por milagre.
Porque será?
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