Belas fotos, de monumentos, de figuras
de Árabes. Vistas do exterior. Com os comentários certeiros a que estamos
habituados, no empenhamento por um mundo menos assustador. Belos registos de
uma viagem decorrida não sem sobressaltos, denotando uma alegria sã, e uma real
coragem em vencer incomodidades, abrindo pistas a vários níveis de análise do
mundo passado e presente, na luta discursiva por um mundo melhor. A gratidão
dos amigos pela partilha das experiências vividas.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA A BEM DA NAÇÃO: 11.04.19
DA CAPO AL FINE
Notada
a ausência de relatos sobre monumentos, venho trazer agora umas quantas vistas
do que nos foi apresentado tanto en
passant como em detalhe:
FOTO: Dubai - foto tirada de dentro
do nosso autocarro, daí o reflexo do vidro
Trata-se
de uma moldura gigante que mais não é do que um miradouro
Meu
comentário: pobre dinheirinho, o que de ti fazem…
FOTO: O edifício à direita é o
chamado «Burj Khalifa», tido como um dos mais altos do mundo a cujo piso
145 subimos
FOTO: Monumento
ao incinerador de incenso junto ao porto de Mascate, Omã
Muitas
mais fotos poderia juntar mas desde já informo que na Internet há imagens muito
melhores do que as que a minha mulher e eu fizemos. Contudo, se os monumentos por
que passei me motivaram menos do que os meus leitores esperavam, isso deve-se a
que me interesso muito mais por outros aspectos da realidade, nomeadamente a
perspectiva humana.
Sim,
vi algumas mesquitas, arranha-céus e outros monumentos laicos mas gostei muito
mais de saber que, afinal, em Omã, a versão religiosa não é o Sunismo nem o
Xiismo mas sim o Ibadismo o qual pugna pela exegese conducente à concórdia, ao
contrário dos sunitas que negam qualquer exegese e cumprem literalmente os
respectivos textos sagrados numa lógica de Talião; os xiitas, fazendo a
respectiva exegese, também assentam toda a sua filosofia na mesma lógica de
Talião. Eis por que fiquei a admirar muito mais a beleza da mesquita de Mascate
do que outras por que passei. Mas como, na altura da visita, eu não sabia da
existência do Ibadismo, não me apercebi de nada e passei em falso aquela beleza
arquitectónica. Fica a imagem com aprovação tanto do soft como do hardware.
FOTO:
Mesquita de Mascate, Omã, o mais importante local de oração Ibadista
Sobre
a paisagem humana ainda tenho alguma coisa a dizer: na nossa perspectiva,
ocidental, aqueles regimes políticos são medievo-anacrónicos, criticáveis pela
lógica democrática e denunciáveis ao abrigo dos nossos actuais conceitos de
humanismo.
DUAS
FOTOS: As imagens falam por si:
medievalismo e laivos de modernismo na comunicação. Resta apurar que mensagem
transmitida: de ódio ou de compaixão? Na foto de cima, em Mascate, devem ser
ibadistas, os da concórdia, mas na de baixo, num qualquer outro local por onde
passei, é por certo um sunita e, então, a «coisa» pia muito mais fininho. Ou
piará grosso?
Mas
– e há sempre um «mas» - perante realidades como a da Irmandade Muçulmana e outros grupos
fundamentalistas sunitas wahhabitas, é imprescindível que os mullahs temam mais o ditador terreno do que a ira divina.
Eis
por que os monumentos me passaram ao lado mas a linha verde do combate ao
deserto me encantou e a referi.
Abril de 2019, Henrique Salles da Fonseca
FOTO: Dubai – palácio do Emir
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