quinta-feira, 11 de abril de 2019

Monumentos. Considerandos de prós e contras

Belas fotos, de monumentos, de figuras de Árabes. Vistas do exterior. Com os comentários certeiros a que estamos habituados, no empenhamento por um mundo menos assustador. Belos registos de uma viagem decorrida não sem sobressaltos, denotando uma alegria sã, e uma real coragem em vencer incomodidades, abrindo pistas a vários níveis de análise do mundo passado e presente, na luta discursiva por um mundo melhor. A gratidão dos amigos pela partilha das experiências vividas.

HENRIQUE SALLES DA FONSECA                 A BEM DA NAÇÃO: 11.04.19

DA CAPO AL FINE
Notada a ausência de relatos sobre monumentos, venho trazer agora umas quantas vistas do que nos foi apresentado tanto en passant como em detalhe:

FOTO: Dubai - foto tirada de dentro do nosso autocarro, daí o reflexo do vidro
Trata-se de uma moldura gigante que mais não é do que um miradouro
Meu comentário: pobre dinheirinho, o que de ti fazem…

FOTO: O edifício à direita é o chamado «Burj Khalifa», tido como um dos mais altos do mundo a cujo piso 145 subimos

FOTO: Monumento ao incinerador de incenso junto ao porto de Mascate, Omã
Muitas mais fotos poderia juntar mas desde já informo que na Internet há imagens muito melhores do que as que a minha mulher e eu fizemos. Contudo, se os monumentos por que passei me motivaram menos do que os meus leitores esperavam, isso deve-se a que me interesso muito mais por outros aspectos da realidade, nomeadamente a perspectiva humana.
Sim, vi algumas mesquitas, arranha-céus e outros monumentos laicos mas gostei muito mais de saber que, afinal, em Omã, a versão religiosa não é o Sunismo nem o Xiismo mas sim o Ibadismo o qual pugna pela exegese conducente à concórdia, ao contrário dos sunitas que negam qualquer exegese e cumprem literalmente os respectivos textos sagrados numa lógica de Talião; os xiitas, fazendo a respectiva exegese, também assentam toda a sua filosofia na mesma lógica de Talião. Eis por que fiquei a admirar muito mais a beleza da mesquita de Mascate do que outras por que passei. Mas como, na altura da visita, eu não sabia da existência do Ibadismo, não me apercebi de nada e passei em falso aquela beleza arquitectónica. Fica a imagem com aprovação tanto do soft como do hardware.

FOTO: Mesquita de Mascate, Omã, o mais importante local de oração Ibadista
Sobre a paisagem humana ainda tenho alguma coisa a dizer: na nossa perspectiva, ocidental, aqueles regimes políticos são medievo-anacrónicos, criticáveis pela lógica democrática e denunciáveis ao abrigo dos nossos actuais conceitos de humanismo.

DUAS FOTOS: As imagens falam por si: medievalismo e laivos de modernismo na comunicação. Resta apurar que mensagem transmitida: de ódio ou de compaixão? Na foto de cima, em Mascate, devem ser ibadistas, os da concórdia, mas na de baixo, num qualquer outro local por onde passei, é por certo um sunita e, então, a «coisa» pia muito mais fininho. Ou piará grosso?
Mas – e há sempre um «mas» - perante realidades como a da Irmandade Muçulmana e outros grupos fundamentalistas sunitas wahhabitas, é imprescindível que os mullahs temam mais o ditador terreno do que a ira divina.
Eis por que os monumentos me passaram ao lado mas a linha verde do combate ao deserto me encantou e a referi.
Abril de 2019, Henrique Salles da Fonseca

FOTO: Dubai – palácio do Emir


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