Embora sem festa. Resta-nos a
consciência de que é agora que estamos a seguir na íntegra o lema da Revolução
Francesa – Liberdade, Igualdade,
Fraternidade –irmanados através do soez tapume que nos mascara a
cara …
Faz-de-conta que funciona / premium
Máscaras obrigatórias na rua? O
Governo e os partidos estão a tomar decisões sem qualquer base empírica ou
efeito previsível na contenção da pandemia, apenas para agirem de forma visível
e emblemática
OBSERVADOR, 29 out
2020
Houve um tempo em que a política em
Portugal se fazia com betoneiras. Deixar
obra era, na gíria, sinónimo de construir infra-estruturas em todo o lado — nomeadamente
rodoviárias. Esta obsessão não derivava de qualquer
fetiche com maquinaria pesada e tinha uma simples razão de ser: explicava-se
com a necessidade de os políticos eleitos terem algo concreto para mostrar e
assim justificar o voto neles confiado. Afinal,
é mais fácil exibir a construção de uma ponte, que fica ali para ser usada
diariamente, do que garantir a sustentabilidade da Segurança Social ou
modernizar o sistema educativo — reformas estruturais da maior importância, mas
de efeitos lentos e resultados invisíveis a olho nu.
Hoje, o ímpeto do betão esmoreceu
(embora o Governo anseie por reavivá-lo). Mas o
princípio subjacente a esta forma menor de deixar obra mantém-se intacto: o de
infantilizar os cidadãos e eleitores, optando preferencialmente por medidas
políticas vistosas e emblemáticas (mesmo que ineficazes), em detrimento de medidas discretas, orientadas pela investigação e
previsivelmente mais eficazes. A gestão
feita pelo Governo da contenção da pandemia é um exemplo dinâmico disso mesmo,
sucedendo-se as medidas recentes que apenas servem para o Governo alegar
serviço (lembram-se da app?) — e perante as quais ao país compete
fazer-de-conta que funcionam.
A obrigatoriedade do uso de
máscara na rua é uma dessas medidas, de utilidade muito discutível — tudo
indica que será completamente ineficaz para travar o crescimento de infecções
por Covid-19, conforme vários especialistas, epidemiologistas e
médicos reconheceram. Dir-me-ão
que a ciência desconhece ainda muita coisa acerca da Covid-19 — é verdade. Mas
há algo que nos últimos meses se percebeu: o risco de contágio ao ar livre é
baixíssimo, nomeadamente quando cumpridos alguns gestos-barreira. Claro
que, em áreas movimentadas, mesmo que ao ar livre, o uso de máscara deve ser
incentivado — como aliás já acontecia em vários locais. Mas daí a
impor a obrigatoriedade e ameaçar com multas vai uma enorme diferença, até
porque se trata de uma medida desproporcional: é duríssima, mas tem uma eficácia estimada completamente marginal.
Por
isso, o mínimo exigível seria que nos explicassem o racional da medida, em
particular Governo e PSD (partido que foi autor da iniciativa legislativa que
esteve na base da lei aprovada).
Mas, como já estamos abaixo dos mínimos, a única explicação a que tivemos direito
foi esta frase, retirada do projecto-de-lei 570/XIV/2ª (PSD): “A sucessiva multiplicação do número de infectados e de
internamentos hospitalares demonstra a insuficiência das medidas até agora
determinadas pelas autoridades nacionais, justificando plenamente a adopção,
necessariamente transitória, da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços
públicos, como forma de contenção da expansão de contágios.” Se não percebeu, eu traduzo: nós, decisores
políticos e legisladores, não temos ideia sobre como travar a pandemia, mas
sentimos a necessidade de agir firmemente para mostrar serviço, mesmo sem
conhecermos indicadores que atestem a eficácia das medidas que impomos. Eis a
incompetência absoluta.
Pergunto:
na análise comparada da evolução da pandemia nos vários países europeus,
constatou-se que estão melhor aqueles que obrigam ao uso de máscara na rua?
Há alguma experiência internacional bem-sucedida e comparável com a
realidade portuguesa que justifique a medida? Foi feita alguma
quantificação do potencial desta medida na redução dos contágios, tendo em
conta que, segundo informa a DGS, a esmagadora maioria dos contágios ocorre em
contextos familiares ou de convívio com amigos? Nenhuma destas
perguntas teve resposta. E se
olharmos às evidências produzidas pela investigação e sustentadas nos dados,
mesmo que não exista consenso, a larga maioria aponta para que esta medida
em concreto seja um desperdício. Por exemplo, em Espanha, a
obrigatoriedade do uso de máscara na rua foi imposta em várias cidades ainda
durante o Verão e o efeito na contenção da pandemia parece ter sido nulo: o
nosso país vizinho bate recordes de casos de infecções.
Não
me tomem por um activista anti-máscara (ou negacionista, ou seja lá qual for a
expressão em voga), nem leiam neste artigo um incentivo à desobediência civil.
Não é esse o ponto. A questão é só esta: preocupa constatar que,
em vez de combater a pandemia com planeamento e medidas eficazes suportadas na
ciência, o Governo e os partidos na Assembleia da República estão à deriva,
impelidos a tomar decisões restritivas das nossas liberdades sem qualquer
explicação de base empírica, sem qualquer efeito previsível na contenção da
pandemia, sem qualquer objectivo quantificado e sem qualquer propósito que não
seja agirem com firmeza, de forma visível e emblemática. E tudo isto apoiando-se no pressuposto de que os
cidadãos são demasiado parvos para perceberem a sua desorientação. Felizmente,
não o são.
PANDEMIA
SAÚDE PARLAMENTO POLÍTICA PSD
COMENTÁRIOS:
Luis Novais Reis:A máscara
obrigatória ao ar livre tal como está plasmada na lei é uma treta pela
subjectividade que contém. Não é por aqui que se reduzem o número de infectados
... mas o portuguesinho gosta e lá vão apoiando medidas pouco eficazes.
Foquem-se nos dados e ajam em consequência. António Silva: Desde que não seja possível garantir a distância de
segurança entre 2 pessoas, o uso de máscara deve ser obrigatório, porque basta
uma pessoa falar, tossir ou espirrar, para gerar uma série de partículas infectantes
expelidas através da saliva! Com a máscara, isso é neutralizado, mas é ainda
mais seguro com a distância devida!
TheGreatDictator TGD: A proposta
inicial tinha uma "dummy", i.e a stay away covid NUNCA passaria como
OBRIGATORIA, foi apenas uma manobra de diversão para imporem o que sempre
quiseram. A MASCARA. A técnica do atiras 2 para o ar, mas sabes que só vais
apanhar um na descida. Os tugas caem sempre. Leve 2 pague 1. Gustavo Costa: Já agora, mais uma nota. Durante o verão a ARS do
Algarve conseguiu fazer o seguimento da esmagadora maioria de casos de Covid
19. Em todo o Algarve, em todo o verão, não houve nenhum caso confirmado ou tão
só suspeito de transmissão em praias. Muitas tiveram muita gente, como pode
confirmar quem lá esteve. Nem um único caso, milhares de pessoas, em dezenas de
praias durante 3 meses, todas sem máscara! Isto são constatações objectivas e
irrefutáveis. PS: Eu trabalhei todos os dias da pandemia e uso máscara
sempre desde início de Abril, excepto na praia e locais com muito pouca
densidade humana. Faço-o porque quero baixar o meu risco para o mais próximo de
zero. E acho bem que as pessoas usem máscara. Daí a achar que isso vai
resolver o problema, é "fools gold". Espanha tem as máscaras
obrigatórias em espaços exteriores em todas as Comunidades desde 13 de Agosto,
mas na maioria já o era em Julho. A única excepção eram as praias. A obrigação
é total, independentemente das distâncias. Também é proibido fumar em espaços
públicos se não for possível guardar a distância de segurança de 2 metros.
Ainda assim a Espanha tem tido números péssimos! A máscara obrigatória em
espaços públicos exteriores permite uma redução de casos entre 1 e 5%, logo
marginal para o desenvolvimento da pandemia. António Silva > Gustavo
Costa: Em geral, os espanhóis não usam máscara quando se
juntam num bar e não respeitam a distância de segurança entre eles! Os
espanhóis são um mau exemplo, porque são um povo que não dispensa a sua famosa
folia, nem as suas saídas nocturnas! Se convivem bem e saboreiam a vida, em
pandemia deviam ser mais comedidos e esperar que a pandemia passe! Como querem
tudo, tudo perdem! Miguel
Nunes: O Governo e os partidos estão a tomar
decisões sem qualquer base empírica ou efeito previsível na contenção da
pandemia. A partir de
quanta evidência empírica é que se começa a considerar que há evidência
favorável ao uso das máscaras? Como se pode afirmar que essas decisões não têm
fundamentos empíricos? O autor deste texto consultou a literatura científica
recente, que de facto tem vindo a confirmar o papel importante das máscaras em situações
em que o distanciamento não está assegurado? Pelos vistos não. Este artigo é
uma vergonha e enquadra-se na definição da desinformação, com todos os perigos
que daí advêm. mais... Gustavo Lopes: Caro Alexandre: Sabe
porque é que as máscaras não funcionam e a pandemia progride? Aqui e nos outros
países todos? Porque as pessoas são genuinamente mal educadas, civicamente
irresponsáveis e sem um pingo de consideração pelo próximo!!!! Passo a
explicar: a transmissão está a ser feita essencialmente por energúmenos que,
mesmo tendo sintomas, ou obrigação de quarentena por positividade em familiares
próximos, decidem que não querem / não podem parar, pelo que mascaram sintomas
como febre e dores musculares com antipiréticos e analgésicos, tosse com antitússicos,
etc, e continuam livremente a circular / fazer o seu dia a dia como se nada
fosse, criando cadeias de contaminação incontroláveis. Só os que
ficam genuinamente mal e não conseguem aguentar é que recorrem ao médico e são
testados. Pelo que a máscara torna-se efectivamente um adereço de
estética que pouco parece fazer... mas lamento desiludi-lo não concordando
consigo: se não fosse o uso de máscara isto então estaria bonito, com números
assombrosamente superiores e todos em casa confinados, não por vontade
política, mas por indicação / obrigação sanitária!!! E tentar fazer estudos de eficácia de uso de máscara
com energúmenos em circulação, fazendo dos números de infectados o critério de
eficácia, é simplesmente falacioso!!! Mas claro que concordo consigo; estar sozinho num
descampado e ser obrigado a usar máscara é simplesmente ridículo!! Já passear
numa avenida a abarrotar de gente, como qq tarde soalheira à beira mar provoca
nas avenidas próximas, ou qualquer rua da baixa das grandes cidades em período
natalício, ou usa, ou está tramado, por causa dos energúmenos acima, que
"espirram e tossem" vírus alegremente e sem qualquer peso na
consciência! Termino
dizendo que "A liberdade do próximo termina quando põe em risco a
minha!!!"... Pena que poucos considerem isto um lema de vida em
sociedade!! Ping
PongYang: Ó Cristo omnisciente que sabes de TUDO e
não percebes de NADA, segue tu também o evangelho do teu Apóstolo
Mateus em 22:21: "Então ele lhes diz: Dai pois a César o que é de César, e
a Deus o que é de Deus" Por outras palavras: É melhor deixar estes
assuntos sérios para os verdadeiros especialistas. Carlitos Sousa:
O Governo e os partidos estão a tomar
decisões sem qualquer base empírica ou efeito previsível na contenção da
pandemia Nem mais. São medidas de alcance político sem qualquer apoio
científico. O governo toma qualquer medida, por mais pateta que seja, para não
ser acusado de nada fazer. Mas o que deveria fazer, desde que implique verba,
não faz. Testes ? Custam dinheiro. Aumentar a resposta do SNS ? Custa dinheiro.
Aumentar a frota de autocarros? Custa dinheiro. Desinfectar ruas? Custa
dinheiro. Tomar conta dos Lares em termos sanitários? Custa dinheiro. Ao
contrário, mandar as pessoas usar máscara, não circular entre concelhos, fazer
recolher obrigatório, pode render uma boa Receita em multas.
Joaquim Moreira; Esta crónica
tem um objectivo, que, não sendo muito claro para muita gente, não é para quem
o lê atentamente. E, o objectivo é culpar a oposição pelos erros da
“governação”. Mas não toda a oposição, a do PSD, vá-se lá saber porquê! Na
verdade, o PSD é o autor da proposta do uso obrigatório de máscaras, por sua
iniciativa e para a proposta do "governo" evitar, que, essa sim, era
mesmo de pasmar. Mas não posso concordar que diga que o faz “no pressuposto
de que os cidadãos são demasiado parvos para perceberem a sua desorientação”.
Como se quem governa fosse a oposição. E há outra coisa que também não
concordo. De facto, há cidadãos que não são parvos, mas a maioria pede e exige
esta e outras medidas restritivas, e até muito mais imperativas! O PSD, como é
apanágio do seu líder, é coerente, com as críticas que faz a este “governo” de
todo incompetente. Apesar do autor deste comentário, o querer confundir com o
faz-de-conta do vigário!
Fernando Regio > Joaquim Moreira: O objectivo do PSD é o mesmo do presidente da
república, levantar poeira sobre a constituição! Ambos sabem que estas
medidas ferem direitos e garantias dos cidadãos. Não se justificam, tratem
das instalações na saúde e deixem-se de tretas! O PSD quer fazer passar a ideia
de uma ilha como um sucesso, é uma ilha, ponto! Pode não ser o PSD que governa
mas o presidente tem feito um excelente trabalho a rectificar leis
inconstitucionais, lembra-se do NRAU? Que quase acabou e limitou bastante o
direito à propriedade privada? Há gente que perde dinheiro com a brincadeira
desta gente, não só do PS e Bloco. Para evitar multa sempre usei viseira, agora já não
posso. Quando vou fazer caminhadas acha que é prático, confortável, saudável
usar mascara? Eu não uso, também me cruzo com poucas pessoas, e só se não puder
evitar é que passo perto. Mas sempre um bocado com o coração nas mãos pois
nunca se sabe se posso estar a passar por um covideirinho medroso e arrogante
que se sinta com razão para me "pôr na ordem". O facto de não se poder usar
viseira dadas estas circunstâncias absurdas é um rude golpe no nosso conforto e
saúde. E surpreende-me tendo em conta a sua opinião acerca do tema que concorde
com a supressão do uso de viseira, já que torna uma má situação pior.
Concordo que não
é o uso de máscara que vai resolver o problema. Mas mal também não faz e no
inverno até dá jeito... Fernando Regio > Rui Amaral:Isso não quer dizer que seja legal tornar a sua
utilização ao ar livre obrigatória! É inconstitucional e fere direitos
fundamentais e invioláveis dos cidadãos. Sem comprovação científica, o
presidente da república nunca poderia ter rectificado uma lei destas, nem o
tribunal constitucional a pode deixar passar, Nu SouAra > Fernando Regio: Muito bem então. E já agora
qual será a medida mais adequada para parar a propagação do vírus. É que só se
lêem críticas de lesa pátria aos direitos fundamentais...mas e as medidas,
quais as medidas. Só criticar não chega!!! andre sousa > Nu SouAra: É impossível conter este vírus, como foi impossível
conter o vírus da Gripe MESMO com vacina. É tempo de sermos todos honestos
relativamente a este tema. Quanto a soluções, o investimento mais racional
parece-me ser claramente em equipamentos 100% dedicados a cuidados
especializados em Covid. Se pensarmos bem, 400 camas é um Hotel. Um no Norte,
outro no Sul (800 camas) - talvez 150 a 300M€ de investimento. Serviria melhor os cidadãos que
mais sofrem (>70 anos) ao mesmo tempo que protege os cidadãos que não sendo
afectados pela doença, sofrem pelas medidas da "cura". Fernando Regio > Nu SouAra: As mesmas medidas que aqui quem lhe escreve toma desde
que ficou internado em 2009 uma semana, confinado com febres próximas dos 40
graus na gripe dos porcos - gripe A. Lavar as mãos com frequência é muito
importante, não meter as mãos na boca, nariz e olhos! Cuidar bem e
imediatamente de feridas e tomar vitamina c com regularidade. Até pode usar as
mãos para tudo se não for tirar macacos do nariz ou aquele pedaço de carne
entalado na boca a seguir. A disciplina
pessoal não se obriga, ensina-se! Seja como for não há muitas formas de evitar
a propagação de vírus respiratórios visto que são facilmente transmissíveis,
com tratamento ou com imunidade e memória do sistema imunitário são as únicas.
Não se pode é dizer que um direito é melhor que o outro. As máscaras nem
paliativos são quanto mais. A obrigação é o caminho de governos e países
fracos. O presidente da câmara de Loures já disse que nos hospitais de Lisboa,
e mais que uma vez, estão vários internamentos de idosos com alta hospitalar
mas que não têm para onde ir, gente que não tem condições para cumprir
quarentena em casa... situações que não são uso de Máscaras ou não. Nu SouAraFernando Regio: Concordo com a disciplina individual,
esse será o caminho. O problema é que há muita boa gente que não é civilizada e
está a marimbar-se para os outros. Mas é um facto claro que o vírus não irá
desaparecer. É apelarmos ao senso comum de dada um de nós. Fernando Regio > Nu SouAra: O senso comum não se apela com obrigações e acredite
ou não, usar máscara na rua é uma Imbecilidade. Os direitos e garantias não são para
estarem cancelados a pretexto de qualquer ventania! A liberdade não pode estar
condicionada por causa de qualquer rabanada de vento. A minha liberdade
individual está posta em causa com a máscara na rua, contraria as minhas
convicções e conhecimentos e considero uma tortura. Francisco Correia > Nu SouAra: A medida mais importante é o governo não ter dois
pesos e duas medidas. Veja-se o exemplo de no próximo fim de semana os turistas
estrangeiros poderem circular entre concelhos e os cidadãos nacionais não
poderem. Pode haver Avantes e F1s mas depois não se pode ir aos cemitérios.
Patético! Ninguém com dois dedos de testa leva as medidas deste governo a sério. Armando
Ferreira: Sem falar que o país com menos
contágios e menos óbitos, a Suécia, é o país que não tem grandes restrições nem
máscaras. Aliás, ao contrário do que a CS em Portugal incluindo o Observador
passou para a opinião pública não apertou regras, até as alargou. Os eventos
públicos que tinham maior restrição passaram de 50 para 300 participantes e os
idosos com mais de 70 anos foram encorajados a sair de casa.
…………………………
Nenhum comentário:
Postar um comentário