quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Trave-se o metano

 

Entre os comentadores deste texto de alerta, há quem meta, ironicamente, o metano na categoria dos avisos apocalípticos de fim do mundo, do Novo Testamento, mas o certo é que o aviso tem carácter científico, e a nossa ignorância não nos permite contestar tais informações, quem dera que fosse mentira. Relemos, na Internet, o poema “A Vida” de António Nobre, e lembramos tantos outros textos de acutilância sofredora, como os de Álvaro de Campos e sentimos quanto hoje o pavor é maior e sem poesia, por ser comandado por forças climáticas contra as quais a fragilidade impotente humana é mero pormenor sem préstimo, e sem apelo lamurioso, mais do que nunca se impõe o conceito de um efémero aterrador. Se…

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Ártico. Cientistas descobrem depósitos de metano que se estão a libertar e podem acelerar aquecimento global.

Expedição internacional indica que há depósitos de metano congelados no Ártico que estarão a ser libertados para a atmosfera. Efeito de estufa do metano é 80 vezes superior ao dióxido de carbono.

ANA CATARINA PEIXOTO

OBSERVADOR, 27 out 2020, 17:38 5 

Nas encostas do Árctico existe uma grande quantidade de metano congelado que, quando libertado, produz um efeito de estufa cerca de 80 vezes superior ao dióxido de carbono

É conhecido como um “gigante adormecidodo ciclo de carbono, mas a história pode estar a mudar na costa leste da Sibéria. Os resultados preliminares de um estudo feito por cientistas internacionais indicam que há depósitos de metano congelados no Árctico que estarão a ser libertados para a atmosfera, um fenómeno que pode acelerar o ritmo do aquecimento global. A notícia é avançada pelo The Guardian, que refere que foram detectados altos níveis deste gás com efeito de estufa até uma profundidade de 350 metros no Mar de Laptev, perto da Rússia.

Segundo a equipa de investigadores a bordo do navio Akademik Keldysh, os níveis de metano detectados na superfície foram quatro a oito vezes mais do que seria esperado. Os resultados são ainda preliminares, faltando confirmar a escala de libertação de metano no regresso da expedição e analisar todos os dados.

A equipa liderada por Igor Semiletov, da Academia Russa de Ciências, viajou para o Árctico Oriental, para estudar as consequências do degelo do pergelissolo (ou permafrost), o solo do Árctico constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados. É aqui que está “bloqueado” material orgânico. Quando o solo derrete, devido ao aumento da temperatura global, esse material começa a decompor-se e liberta metano.

Örjan Gustafsson, da Universidade de Estocolmo é um dos cientistas envolvidos neste trabalho, explica ao jornal britânico que apesar de ser “improvável que, neste momento, já haja um grande impacto no aquecimento global”, o grande problema é perceber que este processo de libertação de metano para a atmosfera pode já ter sido iniciado. Os investigadores acreditam que a libertação de metano já poderá estar a ocorrer numa área ampla a cerca de 600 quilómetros da costa. A causa mais provável deste fenómeno, acrescenta o The Guardian, será a intrusão de correntes quentes do Atlântico, impulsionadas pelas alterações climáticas.

Entre 2000 e 2017, recorde-se, as emissões de metano subiram para limiares que os cientistas admitem que provoquem um aquecimento de três a quatro graus celsius antes do fim do século, provocando desastres naturais — de incêndios a secas e inundações –, assim como perturbações sociais, como fome e migrações em massa. Em 2017, o último ano de dados globais completos e disponíveis sobre metano, a atmosfera terrestre absorveu quase 600 milhões de toneladas de gás metano.

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS  CLIMA  AMBIENTE  CIÊNCIA  SIBÉRIA  ÁSIA  MUNDO

COMENTÁRIOS:

Marina Molares: as versões religiosas dos fim de mundo (Apocalipses) são muito mais giras. que as cientificas. Giro ver que só mudam as roupagens , a estrutura mistificadora do homem está lá toda.     Herr Mando: O Observador agora anda a copiar artigos do Guardian, esse grande referencia do jornalixo woke britanico, tenho dúvidas sobre esses 80 vezes pior, mas é ciência, logo tem de ser verdade.     T R: A culpa é do Trump, claro. Paulo Alexandre Ateu > T R : A culpa não é do Trump exceptuando aquela que decorre da negligência e da negação das alterações climáticas. Dele e de todos os que tudo têm feito para impedir a adopção de medidas que visem a reconversão industrial e económica.       Paulo Neves > T R: ...e do Passos, nunca esquecer!

Nenhum comentário: