Entre os comentadores deste texto de
alerta, há quem meta, ironicamente, o metano na categoria dos avisos
apocalípticos de fim do mundo, do Novo
Testamento, mas o certo é que o aviso tem carácter científico, e
a nossa ignorância não nos permite contestar tais informações, quem dera que
fosse mentira. Relemos, na Internet, o poema “A Vida” de António
Nobre, e lembramos tantos outros textos de acutilância sofredora, como os de Álvaro de Campos e sentimos quanto hoje o pavor é maior e sem poesia, por ser
comandado por forças climáticas contra as quais a fragilidade impotente humana
é mero pormenor sem préstimo, e sem apelo lamurioso, mais do que nunca se impõe
o conceito de um efémero aterrador. Se…
Ártico. Cientistas descobrem depósitos
de metano que se estão a libertar e podem acelerar aquecimento global.
Expedição internacional indica que há
depósitos de metano congelados no Ártico que estarão a ser libertados para a
atmosfera. Efeito de estufa do metano é 80 vezes superior ao dióxido de
carbono.
OBSERVADOR, 27 out 2020, 17:38 5
Nas encostas do Árctico existe uma grande quantidade de metano
congelado que, quando libertado, produz um efeito de estufa cerca de 80 vezes
superior ao dióxido de carbono
É
conhecido como um “gigante adormecido” do
ciclo de carbono, mas a história pode estar a mudar na costa leste da
Sibéria. Os resultados preliminares de um estudo feito por
cientistas internacionais indicam que há depósitos de metano congelados no Árctico que estarão a ser
libertados para a atmosfera, um fenómeno que pode acelerar o ritmo do aquecimento
global. A notícia é
avançada pelo The Guardian,
que refere que foram detectados altos níveis deste gás com efeito de
estufa até uma profundidade de 350 metros no Mar de Laptev, perto da Rússia.
Segundo a equipa de investigadores a
bordo do navio Akademik Keldysh, os
níveis de metano detectados na superfície foram quatro a oito vezes mais do que
seria esperado. Os resultados são ainda preliminares, faltando confirmar a
escala de libertação de metano no regresso da expedição e analisar todos os
dados.
A
equipa liderada por Igor Semiletov, da Academia Russa de Ciências, viajou para
o Árctico Oriental, para estudar as consequências do degelo do pergelissolo (ou
permafrost), o solo do Árctico constituído por terra, gelo e rochas
permanentemente congelados. É aqui que está “bloqueado” material orgânico. Quando o solo derrete, devido ao
aumento da temperatura global, esse material começa a decompor-se e liberta
metano.
Örjan
Gustafsson, da Universidade de Estocolmo é um dos cientistas envolvidos neste
trabalho, explica ao jornal britânico
que apesar de ser “improvável que, neste momento, já haja um grande
impacto no aquecimento global”, o grande problema é perceber que este processo
de libertação de metano para a atmosfera pode já ter sido iniciado. Os investigadores acreditam que a
libertação de metano já poderá estar a ocorrer numa área ampla a cerca de 600
quilómetros da costa. A causa
mais provável deste fenómeno, acrescenta o The Guardian, será a intrusão
de correntes quentes do Atlântico, impulsionadas pelas alterações climáticas.
Entre 2000 e 2017, recorde-se, as
emissões de metano subiram para limiares que os cientistas admitem que
provoquem um aquecimento de três a quatro graus celsius antes do fim do século,
provocando desastres naturais — de incêndios a secas e inundações –, assim como
perturbações sociais, como fome e migrações em massa. Em 2017, o último ano de
dados globais completos e disponíveis sobre metano, a atmosfera terrestre
absorveu quase 600 milhões de toneladas de gás metano.
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS CLIMA AMBIENTE CIÊNCIA SIBÉRIA ÁSIA MUNDO
COMENTÁRIOS:
Marina Molares: as versões
religiosas dos fim de mundo (Apocalipses) são muito mais giras. que as
cientificas. Giro ver que só mudam as roupagens , a estrutura mistificadora do
homem está lá toda. Herr
Mando: O Observador agora anda a copiar artigos
do Guardian, esse grande referencia do jornalixo woke britanico, tenho dúvidas sobre
esses 80 vezes pior, mas é ciência, logo tem de ser verdade. T R: A
culpa é do Trump, claro. Paulo Alexandre Ateu > T R : A culpa não é do Trump exceptuando aquela que
decorre da negligência e da negação das alterações climáticas. Dele e de todos
os que tudo têm feito para impedir a adopção de medidas que visem a reconversão
industrial e económica. Paulo
Neves > T R: ...e
do Passos, nunca esquecer!
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