quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Pontos de vista


Que, afinal, são lugares comuns, na maioria silenciosa de que fazemos parte… 

OPINIÃO

Cartas ao director

PÚBLICO, 1 de Outubro de 2020

1ª - A aplicação da bazuca dos fundos europeus para a recuperação pós-covid recebeu o nome de resiliência. Não me parece feliz. Resiliência é resistência, aguentar, mas nós precisamos muito mais de que a manutenção e a salvaguarda do que existia antes.

Precisamos de desenvolvimento, a sério, de formação e qualificação, a sério, um Estado de direito a funcionar, de ter a justiça a aplicar a legislação célere e a sério. De novas mentalidades, de uma cultura de inovação, de risco. Basicamente fazer mais coisas e melhor. De preferência coisas que sejam facturadas por empresas, em ambiente competitivo e não em circuitos fechados, controlados. Não deverão existir dúvidas sobre a pertinência deste princípio, não será certamente um tema fracturante.

Infelizmente, parece que o conceito de resiliência prevaleceu. Resiliência de um sistema que não funcionou, que é o Estado gastar, gastar... Estes anúncios de “investimento” público no SNS, que necessita, e em pontes e estradas, bastante mais discutível, faz-me lembrar, tristemente, a resposta a uma outra crise e aos “investimentos” no parque escolar e TGV’s… de má memória. Efectivamente, o betão é muito resiliente.

CARLOS J F SAMPAIO, Esposende

 

2ª - A propósito da “disciplina sexy”

Filinto Lima escreveu um artigo no PÚBLICO no passado dia 28 com o título em epígrafe. Refira-se que vale a pena ler os textos de Filinto Lima sobre educação pelo que relevam de sensatez, equilíbrio ponderação e clarividência. No caso do seu artigo não sei se não poderemos, de alguma forma, falar de “doutrinação”. Embora mantenha algumas reservas sobre alguns temas que podem, enviesadamente, ser abordados na disciplina de Cidadania, não deixo de subscrever as afirmações de Filinto Lima no seu artigo. Contudo, permita-se-me uma observação. O título que Filinto Lima deu ao texto, Disciplina “sexy”, poderia conter um ponto de interrogação. Porque, na verdade, na disciplina de Cidadania, entre vários temas prementes e actuais, pode permitir-se também uma abordagem de certo tipo de sexualidade variante que não se pode, é certo, escamotear/ocultar mas que é propícia a espicaçar a curiosidade de jovens imaturos, incautos e desprevenidos que poderão cair na “esparrela”. Et pour cause, também compreendo, em certa medida, a preocupação dos pais face a estes modernismos e a esta permissividade laxista e dissoluta da sociedade em que vivemos. Que tempos desauridos! O tempora! o mores!

ANTÓNIO CÂNDIDO MIGUÉIS, Vila Real

 

3ª- Biden vs Trump

Nunca imaginei que Joe Biden, candidato democrata à presidência dos EUA, pudesse descer a um nível tão baixo, frente a Donald Trump, candidato do Partido Republicano. Biden perdeu o verniz e um considerável capital político. Mandar calar e chamar palhaço a Trump demonstrou ser um candidato caceteiro. Afinal, o bolsonarismo ultrapassou fronteiras. Como é possível assistir a um debate vazio de novas ideias, de uma mensagem de paz para o mundo e de um projecto que revitalize a economia norte-americana. A mensagem belicista dos dois candidatos deve preocupar todos os democratas.

ADEMAR COSTA, Póvoa de Varzim

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