Ao que parece, aqui joga-se muito ao ser e parecer:
Ser o que parece; não ser o que parece; ser o que não parece; não ser o que
não parece.
Ou, noutros sintagmas de expressão
oposta e sentido idêntico: Parecer o
que é; não parecer o que é; parecer o que não é; não parecer o que não é…
Dá para todos os gostos. E assim se joga
o presente e o futuro desta nação, com exemplos variados de contextos variados,
na ilusão das aparências ou na certeza das realidades.
O certo é que não saímos daqui, pobres
que somos, sempre em investigações comprometedoras e nunca em realizações de
rectidão exigente e rigorosa, a ser o que parece, a parecer o que é, sem
subterfúgios. Mas José Diogo
Quintela parece certo do que é, de facto, por cá – sempre com subterfúgios - e
brinca com isso, talvez em desespero de causa.
O MITO DO MITO DA MÁ UTILIZAÇÃO DE
FUNDOS EUROPEUS /PREMIUM
Parece que aquela ideia, de que em
Portugal os fundos são desperdiçados, é uma lenda baseada apenas em alguns
casos remotos. Hoje, é quase impossível aldrabar porque a fiscalização é
implacável.
JOSÉ DIOGO
QUINTELA, Colunista do Observador
OBSERVADOR, 13 out 2020
Quando
li que o Nobel da Economia tinha sido entregue aos inventores de um novo
tipo de leilão, gritei: “Viva! Mais um prémio Nobel para Portugal!” Só
depois percebi que o prémio foi atribuído a dois investigadores americanos e
não ao nosso Governo. Pena. Achei que o Primeiro-Ministro tinha ganho com
esta nova forma de leilão, em que consegue vender não só a quem licita o maior
lance, mas também a quem licita o segundo maior lance e, ainda, a quem licita o
terceiro maior lance.
Como é que se consegue vender tantas vezes o mesmo produto? É essa a
genialidade de Costa: consegue-se,
porque o produto não é real, o produto é a ilusão de se
participar na governação. Por isso
pode vender-se ao BE e PCP,
que pagam com menos exigências para aprovarem o Orçamento do
Estado, mas também ao PSD,
que paga com apatia no despedimento do Presidente do Tribunal de Contas. Alinham todos na fantasia.
Num leilão
organizado por António Costa, o pregoeiro grita: “Temos aqui a fantasia de se ter algum poder. Quem dá mais? Aquele
senhor ali na ponta? O velhinho lá atrás? Esta senhora aqui? Mais alguém? Arrematado pelo PSD, que oferece passividade! E
também pelo BE, que admite o truque de tirar o Novo Banco do OE. E pelo PCP, que vai deixar que o
aumento do salário mínimo seja residual!” E
bate com o seu martelinho na cabeça dos licitadores, que no dia seguinte não se
lembram da figura que fizeram. É pena o Comité Nobel ter esnobado esta
estupenda inovação. Mas percebo, deve ter ficado baralhado: por
um lado, é um feito merecedor do Nobel da Economia, por outro, também podia
ganhar o da Medicina, porque é uma nova forma de meter a oposição a dormir sem
recorrer a medicamentos.
O caso do Tribunal de Contas é curioso.
Desde que se soube que Vítor Caldeira
não ia ser reconduzido, depois de ter avisado para as possibilidades de
corrupção que os fundos europeus trazem, começaram a surgir vários artigos
sobre um tal de “mito da má utilização do dinheiro que vem da UE”. Parece que aquela ideia que sempre tivemos, de que
em Portugal os fundos são desperdiçados ou mal atribuídos, é uma lenda baseada
apenas em alguns casos remotos quando aderimos à antiga CEE. Hoje
em dia, é quase impossível aldrabar porque a fiscalização é implacável.
No
fundo, estes comentadores estão a dizer que agora a distribuição dos fundos
corre lindamente por causa do bom trabalho da fiscalização, daí
não fazer mal afrouxar a fiscalização.
Ou seja, como as falcatruas diminuíram por causa da vigilância do TdC,
já não é precisa a vigilância do TdC. É
como estar a fazer escalada e, às tantas, como não se caiu com gravidade,
decidir retirar a corda de segurança.
Mas
eu percebo, que nestes tempos excepcionais, em que é preciso fazer chegar
rapidamente o dinheiro aos projectos, faça sentido ter no TdC alguém menos
picuinhas, menos preocupado com as regras. José Tavares não é má opção, ajudou o Governo Sócrates a
ultrapassar as reservas do TdC para poder fazer PPP onerosas. Mas se queremos um presidente do TdC mesmo
facilitador, um especialista a tornear as leis à volta destes fundos para
melhor os sacar, então a pessoa ideal é Hortense Martins. Se há quem saiba aproveitar subsídios
europeus até ao último cêntimo, é a ágil deputada do PS que recebeu ajudas à
construção para um empreendimento que já estava construído – menos as
prateleiras do bar, eu sei.
E
é, para além de todos estes atributos, alguém que confere prestígio à função,
uma vez que, fazendo fé nos comentadores que dizem que isto das falcatruas nos
fundos europeus já é passado, Hortense Martins é um fóssil vivo. Como o Buck Rogers (vão ao Google, millennials), ficou preservada no
gelo e, com o aumento das temperaturas, descongelou agora. Imediatamente,
recomeçou com práticas que eram típicas da década de 80 do século passado
quando, ao contrário de agora, os fundos europeus eram desbaratados.
Ou
o mito da má utilização dos fundos é um mito, ou Hortense Martins é o monstro do Lago Ness.
Receba
um alerta sempre que José Diogo Quintela publique um novo artigo.
TRIBUNAL DE CONTAS PAÍS CORRUPÇÃO JUSTIÇA GOVERNO POLÍTICA FUNDOS COMUNITÁRIOS UNIÃO EUROPEIA EUROPA MUNDO
Adriano Alves da Rocha: Se realmente não fosse um mito a boa utilização dos fundos europeus, então
deveríamos estar ao nível de uma França e não na cauda da Europa em que até os
países de leste estão a ultrapassar Portugal.... António Duarte: Só não percebo a razão por que o Costa não põe a
Hortense como ministra de tudo...
Amílcar Alhão: O que é
preciso é que venham os milhões para eu e os meus camaradas podermos manter e
se possível melhorar a vida de verdadeiros nababos de que já beneficiamos à
custa do povo português e do resto da Europa
antonyo antonyo: Já
que Hortense Martins não se demitiu , convém não deixar esquecer essa falcatrua
inacreditável. José Monteiro > antonyo antonyo: Hortenses & Fertuzinhos (Sónia), SA
Partido. B) A deputada
Sónia Fertuzinhos recebeu, nesta legislatura, do Parlamento, mais de mil euros
por mês por subsídio de deslocação para Guimarães... apesar de viver em Lisboa.
Foi detectada a situação em final de 2017; A)
Sócrates times ou antes: uma irmã nos EUS com saudade da mana deputada; uma
semana nos EUA em apoio familiar (fora do regulamento, dito pela Sra
Secretária-geral da AR; um Boss do Partido no Parlamento, que releva a sua
total confiança; uma venda da ´honra' da Sra For(ur)tosinhos, por um punhado de
dólares, cerca de 800 euros. Aleluia. Filipe Costacarlos
andrade: Tem toda a razão. A V: É tão lenda quanto a atribuição de fundos para
entidades públicas aplicarem em terreno privado como se estivéssemos em 1975...
valham-nos os fiscais que dormem tão beneplacitamente e a burocracia que nos
permite exercer a imaginação para ultrapassar a falta de autorizações e afins...
Mas vá, tenhamos uma discussão profícua sobre os conceitos de "mito"
e de "lenda" para que possam ser usados com maior propriedade pela
administração (ia dizer pública, mas depois lembrei-me que também temos de
discutir o significado de "res publica"). josé maria: O José Quintela ainda não reparou que o maior cancro
da economia portuguesa são os ajustes directos ? Está a fingir-se distraído ou
quê ? Não lhe interessa colocar o dedo na ferida? Nós precisamos de humoristas,
sim, mas daqueles que não se entretenham com manobras de diversão relativamente
ao essencial. Sparks and
Sparrows: "Parece que aquela ideia, de que em
Portugal os fundos são desperdiçados, é uma lenda baseada apenas em alguns
casos remotos. Hoje, é quase impossível aldrabar porque a fiscalização é
implacável" Este parágrafo corresponderia em absoluta à realidade se
expurgado do "parece que". Não parece é um facto! António
VieiraSparks and
Sparrows: Sim
Hortense... tudo legal filha. Os tansos pagam. Henrique Pt: Querem um conselho? Preparem as malas, um pé de meia e
reforcem contactos com família ou amigos no estrangeiro que é para quando o
burgo torcer o rabo possam sair rapidamente dele. Não tenho dúvidas de que tal
vai acontecer só não sei é dizer quando. Para mim acho que vai ser em 2023. Gens Ramos: Deus nos ajude! Henrique
Costa: Eu também ouvi o Contraditório na Antena
1 e também fiquei escandalizado. Da Luísa Meireles não esperava outra coisa, do
António Teixeira nem tanto, agora do Raul Vaz???????? Vergonhoso!!! António Vieira > Henrique
Costa: Ainda não ouvi o Contraditório desta
semana, mas você esperava algo diferente do António José Teixeira? Veja a
condução do debate que ele fez entre o Rui Rio e o André Silva, onde todas as
perguntas foram sobre a especialidade do André Silva. E serviu-lhe bem... está hoje
à frente da RTP. E a Meireles à frente
da Lusa. antonyo antonyo
> Henrique
Costa: Do António José Teixeira nem tanto!? António
Vieira: De facto e' um discurso interessante
destes últimos dias, em que a corrupção foi atirada para os idos anos 80 quando
os malvados direitistas estavam no poder. Todos os escandalosos casos dos últimos
20 anos subitamente desapareceram e o nosso único problema são as "forças
de bloqueio" que insistem em fazer cumprir a lei que eles próprios (os que
se queixam) escreveram e aprovaram.
Assumindo que não pagaram a algum gabinete de advogados de alguém casado com
ministros para escrever essas mesmas leis.
Martelo de Belem ....:
Como Bolsonaro diz: eliminei a Lava Jato porque no governo dele a corrupção
deixou de existir. Em Portugal o TdC não existe mais porque a corrupção é
normal. Os extremos parecem tocar-se.
Nenhum comentário:
Postar um comentário