José Manuel Pinto Teixeira conta a sua
história sobre a perfídia de Ana
Gomes - em tentativa (talvez assustada, movido
por patriótico pensamento, talvez vingativa, em pensamento menos nobre) - de mostrar
a quem o ler, o perfil de uma candidata pouco acomodado a uma hipotética
presidente da República Portuguesa. Penso que o alerta foi útil. Haverá mais
quem a conheça. Eu não gostei dela, desde que a conheci – televisivamente – por
alturas do caso de Timor, em que se mostrava sempre aguerrida e displicente,
impertinências vindas, provavelmente, dos tempos das suas lutas ideológicas, de
filiação juvenil MRPP, ao que parece, em breve - conseguidas as realizações
políticas indispensáveis ao trambolhão histórico que pretendiam para o seu país
– mudando cautelosamente de partido, para um mais afim dos seus interesses, não
mais do foro espiritual, mas do foro material. Aliás, não foi caso único,
segundo leio na Internet, desses que se mudaram de partido.
O
retrato aí está, para quem o queira conhecer. Mas se José Manuel Pinto Teixeira pretende
ser força dissuasora da glória presidencial da ex-colega unionista, julgo que
está bem enganado. Aqui é pouco relevante o carácter, em termos de progressão
carreirista, viu-se com outros casos, vê-se por aí fora…
Ana Gomes, a irresponsável e perigosa
candidata que aspira a ocupar Belém
Com a partilha da minha dolorosa
experiência com o comportamento de Ana Gomes, espero contribuir para
desmascarar essa senhora, que fez uma carreira à custa de benesses e apoios
políticos de poderosos
OBSERVADOR, 17 out
2020
Uns
dias após o anúncio da sua candidatura a Belém, vi uma entrevista de Ana Gomes
à RTP3. Com uma postura “de Estado”, que nada tem a ver com a que nos habituou,
repudiou as sugestões do jornalista de que ela é conhecida por acusar sem se
preocupar em verificar o bem fundado das suas acusações, manchando o bom nome e
honorabilidade das suas vítimas.
Esta
entrevista instou-me a contar a minha experiência com essa senhora
irresponsável e perigosa que aspira a chefiar o Estado Português.
Desde
já esclareço, que não tenho qualquer actividade política ou partidária, sendo
apenas um cidadão comum movido pelo dever de alertar para a minha experiência
com a Sra. Ana Gomes, fazendo-o,
agora, por se terem concluído os processos de averiguações a que estive sujeito
no seguimento das suas calúnias.
Durante
mais de 30 anos servi as relações externas da União Europeia, nas suas várias
vertentes da cooperação para o desenvolvimento, da ajuda humanitária e da
diplomacia. Grande parte da minha carreira foi realizada em situações complexas
em Angola, ex-União Soviética – Cáucaso: Arménia e Azerbaijão
(Nagorno-Karabakh, Spitak ), Geórgia (Abcázia, Ossétia do Sul), Federação Russa
(Chéchnia ) -, região dos Grandes Lagos (Burundi, Ruanda, Zaire/Congo),
ex-Jugoslávia (Bósnia, Croácia, Macedónia do Norte, Kosovo).
Fui embaixador na Macedónia do
Norte, Moçambique, Bielorússia, Ucrânia e Cabo Verde, meu último posto, antes
de me aposentar do serviço diplomático europeu a 31 de Agosto de 2017.
Quando
me preparava para gozar o que pensava ser uma merecida e descansada reforma,
vejo-me alvo de uma campanha difamatória e pidesca levada a cabo por alguém
que nunca me conheceu, nem sequer se preocupou em saber minimamente quem eu
era: Ana Gomes!
Durante
os quase cinco anos em que fui embaixador da UE em Cabo Verde, a então deputada
europeia Ana Gomes nunca se
interessou por este país irmão, ao qual eu vinha preparando uma visita do Parlamento
Europeu (PE), em
retribuição de uma visita da Comissão de Negócios Estrangeiros da Assembleia
Nacional de Cabo Verde a Bruxelas, em 2015.
A
visita do PE a Cabo Verde foi adiada várias vezes até que, finalmente, se
realizou em finais de Setembro de 2017, já eu estava reformado, integrando dois
parlamentares activos nas relações com Cabo Verde (um britânico e um búlgaro )
e…Ana Gomes.
No
fim da minha missão em Cabo Verde
decidi construir uma residência na Praia e ali residir, dedicando-me a acções
humanitárias.
Ao
iniciarem as obras, a então embaixadora de Portugal insurge-se contra a
construção da minha casa (num terreno ao lado do da sua residência), instando
as autoridades municipais e até nacionais a mandarem parar a obra.
Os
motivos alegados, que foram objecto de uma publicação no Facebook da embaixada
de Portugal, a 21 de Setembro 2017, e amplamente divulgados pelos media, eram
que eu constituía uma ameaça à segurança da residência de Portugal e que a
embaixada tentava, desde 1979, adquirir aquele mesmo lote de terreno. Julgo que
este incidente está relacionado com as atitudes que Ana Gomes tomou
posteriormente.
Finda
a sua missão a Cabo Verde, Ana Gomes não perde tempo e escreve cartas para a
Alta Representante da UE para a Política Externa e para o Director-Geral da
OLAF (Serviço da luta anti-fraude), acusando-me das acções mais absurdas, como
ter financiado um partido político, ter prejudicado outros interessados na
compra do terreno, ter requerido a nacionalidade cabo-verdiana no exercício das
minhas funções (quando sempre tive e, até hoje, apenas tenho a nacionalidade
portuguesa) e ter estado o último ano de serviço “a preparar o meu futuro”!
Passados
dois meses, talvez frustrada por Bruxelas não ter respondido imediatamente às
suas cartas, Ana Gomes desfere
uma campanha mediática contra mim na imprensa portuguesa, cabo-verdiana e dos
PALOP. As acusações são as que já constavam da carta acima referida, sem se
preocupar em esperar a conclusão das investigações entretanto encetadas.
Em declarações públicas não poupa o
autor destas linhas e ainda desfere ataques aos legítimos e democraticamente
eleitos representantes de Cabo Verde, acusando-os de participarem em actos
ilícitos, assim
pondo em causa a transparência de um processo eleitoral realizado quase dois
anos antes e pelo qual ela nunca se interessou e muito menos acompanhou.
Este
acto irresponsável, se praticado noutro país com um grau de democratização
menos consolidado, teria dado lugar a conflitos possivelmente violentos com a
parte por ela considerada lesada, reclamando a falta de legitimidade do poder
estabelecido por via das anteriores eleições. Felizmente, o sistema
político-partidário em Cabo Verde tem mais maturidade e sentido de
responsabilidade do que Ana Gomes, pelo que, além das ofensas às instituições e
seus responsáveis, não houve outras consequências.
Em Maio de 2019, a OLAF conclui as
suas investigações, mandando arquivar o processo e comunicando-me “não ter
encontrado qualquer indício a seu respeito de ter cometido fraudes ou
irregularidades, que afectassem os interesses financeiros ou outros da UE“.
Contudo,
Ana Gomes não se dá
por vencida e desfere nova ofensiva contra mim na imprensa cabo-verdiana
(Jornal A Nação, de 13/6/19), pondo em causa as conclusões do inquérito da
OLAF, que achou “muito estranhas“!!
Esta atitude de Ana Gomes, ao duvidar
publicamente das conclusões do órgão da UE competente para investigar as
acusações que ela me fez, revelam o seu carácter destrambelhado, irresponsável
e perigoso.
Concluídas
as investigações às acusações que me foram feitas no âmbito das minhas actividades
como funcionário da UE, e tendo sido completamente ilibado de qualquer “wrong
doing” (acção imprópria), faltava ainda aguardar pelas investigações que o
Ministério Público de Cabo Verde fazia ao processo de venda do terreno pela
Câmara Municipal da Praia.
Há
dias, este Ministério Público emitiu um comunicado em que informa que
“realizadas todas as diligências de investigação consideradas pertinentes
para a descoberta da verdade material dos factos – entre eles a audição de
vários intervenientes e o exame exaustivo de toda a documentação pertinente
requisitada junto de instituições relevantes –, o Ministério Público declarou
encerrada a instrução e ordenou o arquivamento dos autos, nos termos do nº1 do
artigo 315º do Código do Processo Penal, por ter recolhido prova bastante de
que os factos denunciados e suscetíveis de integrarem ilícitos criminais não se
verificaram“.
Ficou assim demonstrado que o acusado
por Ana Gomes seguiu todos os procedimentos em vigor e, ainda, que nunca
ninguém manifestou interesse em comprar aquele lote de terreno, contrariamente
às acusações dela.
Concluindo, todas as acusações
de Ana Gomes contra a minha pessoa foram provadas falsas!
Contudo,
cometi o “crime” de ter “preparado o meu futuro” no último ano antes de me
reformar.
De
facto, preparei um investimento em Cabo Verde com poupanças feitas do meu
trabalho honesto e dedicado ao longo de muitos anos. Investi num terreno que
nunca ninguém quis, até porque nele construir tinha elevados custos para o
tornar aproveitável; investi numa obra, que durante os dois anos em que
decorreu deu sustento a muitas famílias dos trabalhadores que nela foram
empregados; após a minha instalação, criei quatro empregos directos, que têm
salário assegurado mesmo nos difíceis tempos da Covid.
Finalmente, desenvolvo, pro
bono, actividades humanitárias em Cabo Verde, tão necessárias neste período
muito difícil por que passa o país.
Com
a partilha desta minha dolorosa experiência com o comportamento de Ana Gomes
espero contribuir para desmascarar essa senhora que, sob a capa de impoluta lutadora
anti-corrupção, fez uma carreira à custa de benesses e apoios políticos de
poderosos, alguns, até, acusados de crimes de corrupção, ao contrário de quem
ela acusou, que fez uma carreira apenas à sua custa em postos de grande
dificuldade.
Ana Gomes vangloria-se de denunciar
os poderosos, sendo, no entanto, ela própria uma poderosa que usa e abusa do
seu acesso mediático para acusar sem qualquer fundamento aqueles que, como eu,
dificilmente conseguem fazer ouvir a sua voz para defender a sua honra e o seu
bom nome.
Além dos danos morais causados pelas
campanhas caluniosas de Ana Gomes contra a minha pessoa, tive também prejuízos
materiais, sendo-me negadas oportunidades profissionais que me foram propostas,
devido à notoriedade que tiveram as suas calúnias.
Se houvesse o mínimo de decência da
parte da Sra. Ana Gomes, ela devia pedir desculpa, a mim e às autoridades
cabo-verdianas, pelas suas atitudes. Contudo, não espero dela nenhum gesto
nobre e honroso.
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alerta sempre que José Manuel Pinto Teixeira publique um novo artigo.
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COMENTÁRIOS:
Carla Nunes: Obrigada pela partilha. Infelizmente, muita gente acredita na boa fé desta
senhora. bento guerra: Essa tipa é uma charlatã da escola
soarista do PS, um estilo muito apreciado pelo povo tuga…. Felizmente, que há
outro artista mais consagrado, que terá a a preferência dos eleitores, outro
comentador televisivo, já que é no écran que se educam os portugueses Dos Limites: Que a Sr. mudou de atitude após o
anúncio da candidatura isso é inegável. Parece que tomou Lexotan, ou foi
anestesiada. Estranha mudança de posicionamento para alguém tão firme e independente.
E quem muda de posição pública com tamanha rapidez, deixa algo a
desejar/desconfiar. Alberto Pereira: Ana Gomes é uma oportunista que não
olha a meios! Maria Augusta: Muito esclarecedor o seu texto Obrigado por partilhá-lo.
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