Como se esperava, aliás. Se grande parte do povo válido para o trabalho mal se esforça para produzir decentemente, neste país, o que provoca o seu nível de vida inferior, sustentado ultimamente por empréstimos e dádivas sucessivos que, envergonhando uma população mais cordata, tenderão, certamente a desvanecer-se, à la longue, esgotada a paciência dos emprestadores, bem se compreende a pressa de estabelecer por cá uma eutanásia eficaz, por mais uns tempos, para a sobrevivência dos jovens de hoje, sem o peso dos não necessários… Nem apetece comentar de outra maneira, o excelente texto de Raquel Abecassis, talvez inútil, como os dois últimos comentários dão a perceber…
OPINIÃO
Eutanásia agora? O cúmulo do cinismo
Se estamos todos concentrados em
salvar vidas e que essas vidas não são inúteis, por mais que a idade já vá
avançada e as doenças surjam, não faz sentido que ao mesmo tempo legislemos
para dar a estes mesmos cidadãos, neste momento de sofrimento, a possibilidade
de acabar com a vida, julgando que assim resolvem o problema dos seus.
RAQUEL ABECASSIS
PÚBLICO, 22 de
Outubro de 2020
Desde
Março vivemos diariamente de forma mórbida e doentia, diria eu, dependentes de
um registo diário de infectados e óbitos da covid-19. Sabemos pouco
mais sobre a realidade, porque as autoridades só nos querem revelar os
números do susto e não, como sempre, as causas, as razões e as lições que os
números, devidamente tratados, nos mostram.
E o que sabemos afinal, com os dados que nos são facultados? Que a maior parte dos óbitos se registam em pessoas maiores de 70 anos e
normalmente que já têm outras doenças associadas. Correctamente, os Estados fazem de tudo para poupar
estas vidas, tendo até sacrificado a economia em nome do primado da vida,
fechando os olhos a idades e maleitas associadas.
Mas
a verdade é que se numa primeira fase Portugal ficou conhecido por um suposto
milagre de contenção da pandemia, ao mesmo tempo que na Europa o cenário era
dramático, infelizmente, nesta segunda vaga, a fama que vamos ganhar é a de
cínicos e hipócritas, por aprovarmos uma lei da eutanásia, ao mesmo tempo que
nos sacrificamos todos para salvar as vidas daqueles que os autores da lei
defendem que podem ser dispensadas.
Eis que no meio da fase mais crítica da pandemia e com centenas de
idosos fragilizados e deprimidos com a situação e com o seu futuro, muitos
deles há meses sem poderem ter contacto com a família, o Parlamento decide avançar com o processo da
eutanásia.
Sou contra a eutanásia, porque acho que a
vida humana tem sentido e valor em qualquer circunstância e que o tempo de vida
que nos é dado é necessário para cumprir a nossa missão. A minha opinião sobre
o tema pode até ser discutível, admito-o, só que em democracia, o debate de
ideias e opções deve ser feito de forma leal e transparente e não de forma
atabalhoada, apressada e às escondidas das pessoas, aproveitando uma época em
que todas as atenções estão focadas noutra emergência.
Muito
já se disse sobre a forma como este
tema foi decidido no Parlamento depois de uma campanha eleitoral
em que não se falou de eutanásia. Eu própria fui candidata nessas eleições
e tive que forçar a nota para que o tema fosse falado num dos vários debates
que tive.
A verdade é que em cima da mesa, neste momento, está uma lei em
elaboração e uma petição
pública com 95.287 assinaturas
de cidadãos a reclamar um referendo sobre o tema.
Face às actuais circunstâncias, o que é que era razoável e leal com
os portugueses? Deixar que estas duas questões fossem resolvidas, depois da
situação de emergência por que estamos a passar.
Mas
o objectivo dos promotores da lei é mesmo levar a sua avante custe o que
custar, doa a quem doer. Isso da opinião pública e da democracia
é coisa de somenos. Vai daí, agendaram
para estes dias as duas decisões. Claro que um dos argumentos que vingará é o
de que num tempo destes, falar-se em referendo é um disparate, os deputados têm
legitimidade para decidir.
Aos
que não estão de acordo e percebem a tramóia, resta-nos esta tribuna da opinião
para desmascarar o cinismo e a deslealdade.
Talvez quem nos leia perceba que, se estamos todos concentrados em salvar vidas
e que essas vidas não são inúteis, por mais que a idade já vá avançada e as
doenças surjam, não faz sentido que ao mesmo tempo legislemos para dar a estes
mesmos cidadãos, neste momento de sofrimento, a possibilidade de acabar com a
vida, julgando que assim resolvem o problema dos seus.
Ex-jornalista
TÓPICOS
PARLAMENTO EUTANÁSIA SAÚDE PARTIDOS POLÍTICOS REFERENDO ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA MORTE
COMENTÁRIOS:
Maria Marques INICIANTE: A eutanásia teve o apoio popular e médico na Alemanha
nazi para ser praticada em doentes não reabilitáveis e acabou no Holocausto. Os
estudiosos contemporâneos da eutanásia, tal como está a ser praticada,
concluíram que é o triunfo final do Capitalismo de
Mercado e a galinha dos ovos de ouro para os Orçamentos para a Saúde dos
Estados. A probabilidade de futuramente virem a ser sacrificados todos aqueles
que a ideologia considera descartáveis, é imensa. Médica, ateia e sem filiação partidária. 22.10.2020
PFVanc: INICIANTE: Excelente artigo... mas má hora a destes 95000 tugas
reaccionários. O tempo está propício para a "matança assistida" que
vai decerto ajudar o SNS a esvaziar as preenchidas UCIs e poupar onerosas
terapêuticas oncológicas ou de doença mental. Alem disso, os brilhantes
proponentes da lei até podem imitar os iluminados holandeses e estender já (e
não mais tarde como decerto farão) a lei aos jovens e crianças. 22.10.2020
Gualter Cabral EXPERIENTE: A Raquel está absolutamente a "leste" da
realidade. Nem sequer compreendeu que o documento propondo o referendo é
precisamente daqueles que se lhe opõem. E, é isto deputada. Depois vai
acrescentando asneira sobre asneira. Valha-nos a santa paciência!
22.10.2020
DemocrataXXI EXPERIENTE: O cúmulo do cinismo, da hipocrisia e atropelo, à
vontade manifestada por uma representativa parte da população, é o da autora
deste artigo, ao recorrer a todo um falacioso de argumentação
Nenhum comentário:
Postar um comentário