É coisa antiga, todos o sabemos. O Reino
da Dinamarca tinha algo de corrupto, segundo Hamlet, um ser depressivo,
envolvido em discórdias e em amores desastrados como hoje também por cá há, mas
nós é mais ataques verbais, por conta da muita podridão que aqui reina, João Miguel Tavares explica,
amado por uns, odiado por outros, à conta das suas acusações atrevidas que lhe
poderão valer vinganças, como as que se deram lá, pelo reino da Dinamarca…
OPINIÃO
O regime está podre — e Marcelo é cúmplice
Marcelo é tão responsável pela
nomeação de José Tavares para o Tribunal de Contas como António Costa. O
contínuo apodrecimento do regime democrático português é um trabalho que está a
ser feito a quatro mãos.
JOÃO MIGUEL
TAVARES
PÚBLICO, 7 de
Outubro de 2020
De
António Costa já se sabe que podemos esperar cada vez menos. Após um primeiro
mandato em que ele, por causa do impacto da Operação Marquês e das próprias
características da “geringonça”, fez algum esforço por se afastar da cultura
socrática que afundou moralmente a democracia portuguesa e arrastou o país para
a bancarrota, aquilo a que temos assistido nos últimos tempos é pouco menos do
que um filme de terror.
Tenho
obsessivamente chamado a atenção para
isso nesta página. Por vezes são casos que ganham alguma dimensão
pública, como o da procuradora Ana Mendes de Almeida, afastada por opção do Governo de um
concurso europeu importantíssimo que ganhou por mérito próprio. Outras vezes
são casos que passam praticamente despercebidos, mas cuja relevância é
gigantesca, como a nomeação de Vítor Escária para seu chefe de gabinete. Há
ainda casos clássicos de velhos boys preparados para todos os fretes no
poder, como está a acontecer com a destruição da independência do Conselho
Geral Independente da RTP.
A
conjugação destas histórias dispersas não deixa margem para dúvidas: o
PS entrou em modo bulímico, açambarcando tudo o que pode, controlando tudo o
que mexe e não deixando ponta solta se puder atá-la. O cheiro dos milhões da
“bazuca” cruzado com o cheiro da crise fez disparar a pituitária socialista,
que age como um vampiro que há muitos anos não vê pescoço. O objectivo é sempre
o mesmo: controlo, controlo, controlo. O padrão é evidente: poder, poder,
poder.
Mas
se de António Costa podemos esperar cada vez menos, a pergunta que se impõe é: onde
está Marcelo? O que anda
ele a fazer? Que utilidade dá à sua popularidade estratosférica? O
Presidente da República foi cúmplice no afastamento de Joana Marques Vidal, foi
cúmplice na nomeação de Mário Centeno para o Banco de Portugal e volta a ser cúmplice
no pontapé nos fundilhos do presidente do Tribunal de Contas.
Às vezes, Marcelo parece que está
a brincar connosco. Na
terça-feira ao final da tarde deixava um recado no Expresso: dizia que Vítor
Caldeira tinha sido “um óptimo presidente do Tribunal de Contas”, que o elogiou
“várias vezes”, e que aguardava que António Costa lhe propusesse um novo nome
dentro “da mesma linha” e “exactamente com o mesmo grau de exigência”. Na
terça-feira ao início da noite estava a nomear José Tavares.
Assim
que recebi a notícia, a primeira coisa que fiz foi googlar “conselheiro
José Tavares”. E a única coisa que me apareceu,
acerca da sua intervenção pública no reino de Portugal nos últimos anos, foram
notícias em que o seu nome aparece cruzado com o de Paulo Campos, com o de
Mário Lino, com o de Guilherme Dray e com essa monumental desgraça que
foram as PPP rodoviárias no tempo de José Sócrates — todos juntinhos
(inclusive ao fim-de-semana) num cambalacho para garantir que as subconcessões
rodoviárias recebiam o visto favorável do Tribunal de Contas. Entretanto, Luís
Rosa já contou a edificante história
no Observador.
Ainda
que em Belém possam faltar bons conselheiros a Marcelo Rebelo de Sousa, imagino
que pelo menos não lhe falte Internet. Tendo em conta a sensibilidade na
escolha do novo nome para o Tribunal de Contas, podia ao menos ter
pesquisado um bocadinho — e, como não o tenho por conta de político amador,
acho obviamente que pesquisou. Donde, Marcelo é tão responsável por
esta nomeação como António Costa. O contínuo apodrecimento do regime
democrático português é um trabalho que está a ser feito a quatro mãos.
Jornalista
TÓPICOS
GOVERNO ANTÓNIO COSTA MARCELO REBELO DE SOUSA TRIBUNAL DE CONTAS JUSTIÇA CORRUPÇÃO OPINIÃO
COMENTÁRIOS:
João Lopes INICIANTE
Diz
a sabedoria popular que quando alguém quer agradar a toda a gente acaba por não
agradar a ninguém. Vamos ver com ficará com o julgamento do roubo das armas... 09.10.2020
Henrique Duarte INFLUENTE: «Mas se de António Costa podemos esperar cada vez
menos, a pergunta que se impõe é: onde está Marcelo? O que anda ele a fazer?
Que utilidade dá à sua popularidade estratosférica? O Presidente da República
foi cúmplice no afastamento de Joana Marques Vidal, foi cúmplice na nomeação de
Mário Centeno para o Banco de Portugal e volta a ser cúmplice no pontapé nos
fundilhos do presidente do Tribunal de Contas.» A presidência com o Marcelo não
é um contrapoder, é puramente decorativa. O Salazar tinha o Américo Tomás. O
António Costa tem o Marcelo. Gens Dias da Silva Ramos INICIANTE: Já disse. O senhor Presidente é igual a si mesmo:
Marcelo Rebelo de Sousa. O senhor primeiro-ministro, trabalha para si. Os
portugueses são apelidamos de: terem bons costumes e poder de adaptação, por
isso, façam o favor de viverem com os seus erros. Somos uma sociedade
democrática; temos eleições democráticas; assim, não se queixem. Actuem. Façam.
08.10.2020 SC RIBEIRO INICIANTE: Gostaria de adivinhar o que diria JMT se Costa
reconduzisse o Presidente do T. Contas. Mas quase apostaria que seria zurzir no
1o Min. clamando que AFINAL Ana Vidal foi corrida porta fora por... interesse
politico. Vamos lá entender estes... colunistas "isentos"... Fernando Luz.550569 INICIANTE: Só falta regressar José Sócrates, e com tudo isto quem
vai marcando pontos, são os que se opõem frontalmente a Costa e a Marcelo. Quem
são eles? O Chega está a esfregar as mãos de contente. ricardo111 EXPERIENTE: Ao menos com tipos como o Sócrates removiam-se os
intermediários. Evolucionista INICIANTE: O Costa tem conseguido fazer o impossível: fazer de
conta que não teve nada a ver com a governação Sócrates. E o triste é que os
partidos da geringonça deixaram. De todas as exigências, nunca lhe exigiram uma
declaração de repúdio e explicação pelo ocorrido. É claro que muitas das
figuras de então são agora as mesmas e aparecem de vez em quando para o
assombrar. E a nós. Muito preocupante. Aónio Eliphis EXPERIENTE: Costa foi parte integrante do governo Sócrates. Mas
obviamente, não viu nada. ALRB EXPERIENTE: Portugal no seu todo (Marcelo, o próprio PS e esquerda
do PS incluídos) está refém de Costa que, tirando partido da actual
distribuição de intenções de votos e o antagonismo entre partidos à esquerda do
PS e partidos à direita do PS, torna este partido o único capaz de formar
governo mesmo que não tenha a maioria relativa como se viu em 2015. Daí Costa
fazer o que quer desde nomear cadastrados até ignorar o próprio PS na escolha
do candidato presidencial. A chegada de dinheiro da UE vai permitir a Costa
assenhorear-se do que falta assenhorear-se e ele tem que preparar a
administração do Estado e da Justiça para dispor desse dinheiro. Eu acho que à
luz disto a relação Costa/Marcelo é entendível. OldVic1 MODERADOR: Há alturas em que Marcelo parece mais preocupado em
parecer que é tudo para todos do que em usar o seu enorme capital político para
cumprir o seu papel de chefe do Estado. Seria bom que ele entendesse que o dito
capital político só é útil se ele for capaz de o gastar quando é necessário. ana cristina MODERADOR: tarde demais. em situações-chave não o fez. Aónio Eliphis EXPERIENTE: Cavaco com todos os seus defeitos, nunca teve
problemas em exercer o seu mandato como chefe de estado. Marcelo quer ficar na
história como agradando a gregos e troianos, e acabará esquecido como um
presidente popular, mas menor. A democracia não é feita de consensos. Jorge Sm MODERADOR: Cavaco? Tem graça, essa. Ficou com a alcunha de múmia
por se abster do exercício das suas competências. Já o Marcelo exerceu as dele:
nomeou o presidente do TC, como lhe competia, e disse não ter hesitado nem um
segundo quanto à não renovação do mandato do anterior presidente e quanto à
nomeação do novo presidente. Se o Aónio não gostou, nem de uma coisa, nem da
outra, tem bom remédio: não vote nele. Chama-se Democracia. Fernando Ferreira INICIANTE: Que o regime está podre, não oferece dúvidas. Há muito
que está, devido a uma "partidocracia" reinante que sempre se
preocupou acima de tudo com tachos para os seus boys e com negociatas muito
pouco transparentes e extremamente prejudiciais para o país.Com a corrupção na
Justiça o regime bateu no fundo, com o total silêncio de toda a classe política
e governante. Factos são factos, vimos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar. Agora,
relativamente ao artigo de JMT há também um facto demasiado evidente, JMT está
com uma grande falta de memória e com uma grande falta de olfacto, pois a
podridão do regime, podridão que ele refere, tem imensos anos. Recomenda-se ao escriba
tomar Memofante para a memória e a fazer um teste covid pois a falta de olfacto
é um dos sintomas reconhecidos. Óculos também. publico1234567 INICIANTE: Sempre foi e será podre: "Um povo imbecilizado e
resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta
de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma
rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as
orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se
lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai (...) Uma burguesia,
cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do
mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na
vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes
de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao
roubo..." - Guerra Junqueiro, in "Pátria (1896)" GILDA INICIANTE > publico1234567
INICIANTE Chamar para aqui Guerra Junqueiro não
tem nada a ver...a não ser que se esteja a ver ao espelho, eu como povo ou
mesmo burguesia não me reconheço. ALRB
EXPERIENTE: Gilda, o Guerra Junqueiro também não
estava a falar de si. É preciso olhar para a floresta e não para a árvore (ou
para o umbigo, no seu caso).
JPR_Kapa EXPERIENTE: O exagero faz parte da doença que se quer maior, para
exibicionismo retórico. Há pessoas que falam do passado, que nunca viveram,
como se fosse o paraíso perdido. o que revela uma ignorância histórica que nem
os miúdos do ensino básico, que estudem, possuem. Por mais que as evidências
mostrem que até estamos hoje entre as melhores democracias do mundo, isto é,
evoluímos, e nenhuma é só virtudes, insistem nestas lamúrias, prova de que há
aqui gato escondido com rabo de fora, ou seja, uma visão clubista exacerbada ou
incapacidade para compreender e agir na complexidade. É redutor e totalmente
inútil, É uma crítica viciada, servindo apenas o alarme social e uma vontade de
destruir a democracia, ou seja, o único regime que permite o escrutínio e a
discussão. ana cristina MODERADOR: Uma esquerda minimamente madura não tem medo de ouvir
a expressão «regime podre». A crítica faz parte da democracia. O receio da
crítica é que é próprio da ditadura. Não se escondam atrás de frissons reaccionários. dsog.899665 INICIANTE: O regime é a república... Estes ensaios de demagogia
de extrema-direita irão ter consequências para todos os democratas... ALRB EXPERIENTE: A esquerda tem medo da expressão "regime
podre" porque foi ela que sustentou um governo repleto de figuras
fundamentais, estruturantes e apoiantes do Socratismo. JPR_Kapa EXPERIENTE:O regime é "podre" só quando governa a
esquerda, pelo que estamos conversados sobre a verdadeira natureza da crítica (começou
no primeiro dia em que tomaram posse, tipo pavloviano) - crítica viciada é o
típico exercício do trumpismo e dos seus seguidores. Se o que encontram de pior
são os "casos" relatados, então Cavaco deve ser o "diabo"
em pessoa... enfim, o absurdo também tem adeptos e reagem mal quando criticam
as suas "críticas", as quais somos obrigados a venerar, sempre muito
"pertinentes" e carimbadas por um qualquer deus, caso contrário somos
excomungados. A esquerda democrática em Portugal foi sempre o seguro de vida da
democracia e da liberdade, Trolha Areosa INICIANTE: Pois o problema é mesmo esse, o jornalistas são um
poder que não é sufragado e sabemos que são uns vendilhões, estão ao serviço de
quem lhes paga mais……! Publicam o que lhes interessa e omitem o que não lhes
agrada e a meu ver devem ter um papel nulo nas nossas escolhas politicas sejam
de esquerda ou de direita mas a realidade é bem outra, veja o caso dos grupos
de informação americanos e o seu papel feroz nas campanhas dos candidatos…..e o
povo quer é sorteios de carros novelas e bisbilhotices. IZANAGI01 INICIANTE: Em política o pragmatismo em situações pontuais exige
coragem para esquecer a fidelização partidária Quantas vezes MRS se opôs a
decisões de AC em todo o seu mandato? Apoiar MRS é apoiar o governo. Esta é que
é a realidade. Quem se identifica com a oposição a este governo, tem que ter a
coragem de não apoiar MRS porque acessoriamente está a apoiar AC. Também não
deve abster-se, mas contribuir com o seu voto para que a eleição do PR não
aconteça à primeira volta. paulo rodrigues INICIANTE: Tá tudo podre! E faz séculos ou milénios que é assim.
E todos somos complacentes e coniventes e participantes nessa podridão. Não
existem inocentes, para além de algumas tribos isoladas que ainda não
contactaram com a "civilização"...Todos participamos de diversas
formas e com diferentes estados de alma no caos ordenado da 1ª civilização
planetária! É uma beleza monstruosa e ciclópica, mas é o que temos. Até ao dia
em que a humanidade como um todo atinja um tal desenvolvimento universal de
consciência, que se possa instaurar a anarquia, sem mais injustiça, violência e
corrupção que aquele que o sistema actual já produz. Até lá, querem mudar
alguma coisa. Inscrevam-se numa associação legal criminosa... perdão, partido
político, e trabalhem para que a mudança efectivamente se dê, ou bardamerda Gens Dias da Silva Ramos INICIANTE: Acho que tem
razão JMT. Isto, em termos de progresso no país, a coisa está preta/vermelha, como
diria o Chico. Não esqueçamos que daqui a 2,5 meses temos eleições; sim,
Marcelo vai vencer, contido, a percentagem conta; por isso, vamos ver a
maturidade portuguesa de que tanto se fala.
(…) JORGE COSTA EXPERIENTE: O leitor Mário Borges ainda vive o 25 de Abril de 74
como se fosse hoje. Ouça homem, o mundo evoluiu! Temos Extrema-Esquerda em
Portugal sabia?! Sim, o BE. E pior ... com apenas 8% eles mandam neste
rectângulo à beira-mar plantado!! Todos temos direito a comentar mas no seu
caso, e com os argumentos apresentados, respire, respire muito e muitas vezes e
abstenha-se de dizer tamanhos disparates. Não lhe fica bem.... Haja vergonha!
barbosa de almeida MODERADOR: Eu, que muitas vezes discordo de JMT, tenho que admitir
que o Pais está podre. Só não vê, quem está lucrando com a situação ALRB EXPERIENTE: O Costa é um exímio gestor de fragilidades. Coloca, em
funções chave, indivíduos com rabos-de-palha a começar pelo Presidente da
Assembleia da República e a acabar no seu chefe de gabinete. Esses nomeados são
facilmente dirigidos por ele (Costa) já que estão sempre sob a ameaça de ele
deixar de os proteger. A capacidade de Costa explorar todo o tipo de
fragilidades é multifacetada, extensiva e eficaz. 07.10.2020
……………………………..
Nenhum comentário:
Postar um comentário