sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Também ouvi a doutora

 

E estava zangada, e sobressaltei-me. Afinal aquela figura monocórdica, pequenina e séria sem deslize, a embalar-nos o sono, parecia zangada a dar-nos reguadas. A figura maternal exaltara-se, eficientemente explícita, estátua animada, robot sensível. Quanto ao resto, ao que diz Tunhas… está tudo dito, não se mudam os tempos, nem as vontades assim.

A palavra com R /premium

A Dra. Graça Freitas é pequenina e trata-nos – incluindo os cachopos e cachopas da AR – como pequeninos, como uma professora primária do tempo do Dr. Salazar. É tudo pequenino. Ponto.

PAULO TUNHAS

OBSERVADOR, 08 out 2020

No outro dia, a Dra. Graça Freitas declarou na Assembleia da República, a propósito das críticas aos números da Covid divulgados pela DGS: “É altura de deixarmos de pôr o país nas bocas do mundo, dizendo que a informação não é boa. Isso até nem é patriótico”. Há toda uma mundividência nesta frase. As críticas põem-nos nas “bocas do mundo”, quando o melhor é, em matérias desagradáveis, passarmos desapercebidos, colados às paredes, não vá o mundo falar de nós e proceder a mais uma humilhação ritual da pátria. Porque o mundo conspira malevolamente para nos rebaixar, não tenhamos dúvida. A inferioridade convive muito bem com a ilusão da importância própria. E colaborar com o mundo no capítulo, pô-lo a dizer mal de nós, do que se passa cá em casa, é trair Portugal, é “antipatriótico”. É muito curioso como esta mundividência cola na perfeição com todo o estilo da Dra. Graça, que podemos observar desde há vários meses, e com a configuração mental que se pode deduzir desse estilo. Sem trocadilho, é uma desgraça. É Portugal dos Pequeninos e patriotismo dos pequeninos. Ela é pequenina e trata-nos – incluindo os cachopos e cachopas da AR — como pequeninos, como uma professora primária do tempo do Dr. Salazar. É tudo pequenino. Ponto.

Não tenho a mínima ambição de pôr Portugal nas “bocas do mundo” por más razões, e, infelizmente, duvido que tenha a capacidade de o fazer por bons motivos. Mas quero falar de uma experiência pessoal que partilho com muitos, mas mesmo muitos, portugueses e cuja menção a Dra. Graça não hesitaria por um só instante em qualificar de antipatriótica. A experiência diz respeito ao funcionamento do meu Centro de Saúde, no Porto. Há já vários meses recebi um SMS que me aconselhava vivamente a não pôr lá os pés: o que houvesse a ser tratado, sê-lo-ia por telefone ou mail. Obedeci, é claro. Acontece que, a certa altura, precisei de uma receita para vários medicamentos que tomo para um número desrazoável de doenças crónicas. E telefonei. Ninguém atendia. Telefonei, telefonei, telefonei. Ao longo de um período de tempo que não ouso sequer mencionar. E enviei emails. Enviei, enviei, enviei. As vezes que enviei, e o tempo que entretanto passou, nem digo. Com o mesmo resultado dos telefonemas: nem uma só resposta. Com o adiamento das minhas consultas hospitalares, que forneceriam uma solução alternativa ao problema das receitas, lá fui comprando, e comprando, os medicamentos de que precisava (um deles, por sinal, bastante caro). Até que uma tarde, farto disto tudo, lá me decidi a apresentar a minha magnífica pessoa no Centro de Saúde, violando o conselho do SMS. Estava, com a excepção visível das funcionárias do atendimento, impecavelmente vazio. Expliquei as minhas tentativas de outros contactos, e o seu flagrante insucesso, para o qual não ofereceram qualquer razão, e deixei a lista de medicamentos de cuja receita precisava. Teria a receita no meu telemóvel em meados da semana seguinte. A esta altura, já não surpreenderá ninguém que não a tenha tido. Nem na semana prometida nem em nenhuma vinda a seguir. Felizmente, a mulher (que é médica) de um amigo a quem tinha contado o meu infortúnio (obrigado, João!), passou-me a receita de que precisava. Como de costume por cá – mas não ponham isto nas “bocas do mundo”! –, as relações pessoais suprem a crónica ineficiência do Estado.

Ao longo de todo este processo, veio-me ao espírito vezes sem conta a horrível palavra com R, que tomou conta do discurso político. O “R” em questão – tremo só de o sequer pensar – é o “R” de “resiliência”. O que eu precisava, horror dos horrores, era de ser “resiliente”. Eu e toda a gente. Dantes dizia-se “paciência e pó para as pulgas”. Agora, a palavra com R substituiu, com proveito cosmopolita (é importada do inglês), os vocábulos do português tradicional.

O documento engendrado pelo Professor António Costa Silva – “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030” – usa obviamente a palavra com R. No meio de um oceano de muitas outras palavras, que servem praticamente para designar todos os objectos possíveis e impossíveis do universo, com Portugal ao centro, segundo a lógica do “tudo comunica” levada às suas mais grotescas proporções. Por exemplo, é urgente a criação de novos “paradigmas” – invariavelmente uns com os outros articulados – em praticamente todos os domínios que o plano aborda. Quer dizer: em tudo e em mais alguma coisa. O uso da palavra com P é quase sempre sinal de ausência de conteúdo efectivo. Na verbosidade extrema da “visão estratégica” de Costa Silva só falta aparecer aqui e ali o “corte epistemológico”. Esqueceu-se, sem dúvida. Mas aparece o mar, muito mar, e a Europa, muita Europa. Portugal deve olhar – provavelmente com olhar esfíngico e fatal, como, dado à poesia, sem dúvida teria escrito se disso se tivesse lembrado – simultaneamente e com inusitada intensidade nas duas direcções. Esse duplo olhar permitir-nos-á combater a “visão neoliberal do mundo” e restabelecer o primado do Estado sobre o mercado, algo que o Professor Costa Silva coloca no centro do novo paradigma, destinado a consolidar definitivamente o softpower (a sério!) de Portugal. E tudo isto, como disse, abundantemente apelando à palavra com R.

A palavra com R figura com relevo e distinção no título do programa que o governo apresentará a Bruxelas para justificar a pipa de massa – a “bazuca”, como gosta de dizer António Costa (sem “Silva”) – que virá aí:Plano de Recuperação e Resiliência”. É uma felicidade. Com tanta transição climática e digital como aquela que o Plano nos promete, a palavra com R confundir-se-á doravante com o prazer. Para todos? Idealmente, sim. Mas se esse máximo não puder ser atingido, pelo menos para alguns. Pois o governo, com o prestimoso auxílio do Presidente, já tomou as necessárias iniciativas para que a tal bazuca não caia no vazio e lance pelo menos algo ao fundo. Os últimos movimentos nesse sentido foram sérios e avisados. Primeiro, promover a alteração ao regime dos contratos públicos, para facilitar os disparos da bazuca. Depois, com o apoio também do nominalíssimo líder da chamada “oposição”, proceder à substituição do anterior Presidente do Tribunal de Contas, Vítor Caldeira, um homem excentricamente preocupado com legalidades, por um indivíduo, José Tavares, que tem por ponto máximo do seu currículo ter participado na renegociação das PPP rodoviárias, levando o Estado português a ficar lesado em 3,5 mil milhões de euros. Ora, eis alguém que indiscutivelmente sabe fazer contas e que merece ser presidente. Tudo se conjuga, pois, para que a felicidade, para muitos, se encontre à mão. Ou ao dente, se preferirem. Porque a mim o tiro da bazuca se arrisca a assemelhar-se muito ao espectáculo de uma manada de gnus que atravessa um rio e que é esperada ardentemente por uma pequena multidão de crocodilos que, com o seu sorriso franco e aberto, amorosamente os querem, com suaves carícias dentais, levar para o fundo do rio. A diferença é que com os euro-gnus o espectáculo será sem dúvida mais discreto – Marcelo, entre outros, parece garantir que assim será – e nenhum David Attenborough nos relatará os tropismos desta nossa particular fauna.

Entretanto, não estou excessivamente confiante nos destinos dos nossos Centros de Saúde, nem do SNS em geral. E a palavra com R não é especialmente confortante. Convém lembrar que ela tem duas acepções: uma psicológica, outra física. Na psicológica, significa a capacidade de resistir e de, por assim dizer, sobreviver e aguentar os abalos que a vida nos traz. Na física, ela remete, entre outras coisas, para a capacidade de certos materiais retomarem a sua forma original depois de serem submetidos a uma deformação. Contrariamente ao que se pretende, não é a acepção psicológica que melhor se aplica ao presente uso da palavra com R, é o sentido físico. O dinheiro que aí vier arrisca-se a trazer o corpo social para o seu estado original. Ora, foi esse estado original que permitiu exactamente que chegássemos onde chegámos. Quer dizer: voltaremos, segundo todas as probabilidades, ao princípio de um filme que conhecemos demasiado bem. Como diria a Dra. Graça: viva Portugal! E não falem de nós lá fora, por favor.

CORONAVÍRUS  SAÚDE PÚBLICA  SAÚDE

COMENTÁRIOS.
José Paulo C Castro:
Ao cuidado de Paulo Tunhas: sugiro-lhe um livro de Nassim Taleb, no seguimento do mais famoso (o do conceito do 'Cisne Negro') onde ele introduz o conceito de Antifrágil (é esse o título). Isto, obviamente, na eventualidade de não conhecer a obra... Ele usa esse conceito para distinguir precisamente da Resiliência e do da Robustez. A Resiliência, também vista como oposto de fragilidade, implica uma certa capacidade de adaptação, que a Robustez não tem, mas tem essa característica de retomar a forma original (não se transforma nem evolui). Assim, ele introduz esse conceito de Antifragilidade, uma 'Resiliência' que tira proveito da própria opressão para se transformar e ganhar com isso. É o perfeito oposto de Fragilidade, segundo ele, pois esta nem resiste nem se pode adaptar. E difere da Resiliência nessa capacidade de ganhar com a opressão porque lhe retira 'energia' para mudar para melhor. Não se lhe opõe directamente. A Resiliência é vista apenas como uma forma mais adaptativa da Robustez e que pode evitar os colapsos fatais desta (os únicos possíveis, do tipo ou vai ou racha...). Ele mistura todos estes conceitos com a teoria das probabilidades e do Caos, as áreas favoritas dele, de onde tirou o conceito de Cisne Negro (um fenómeno altamente improvável mas com efeitos profundamente impactantes). Conclui que só a Antifragilidade consegue evoluir bem com esse fenómenos. Não a Resiliência, que só tenta atrasar ou adiar até um 'Cisne Negro' igual ou maior. E tudo isto aplica-se perfeitamente ao surgimento do Covid.     O Serrano: Parece-me que é bem evidente que à custa do Covid 19 toda a gente que trabalha nos centros de saúde de Bragança a Faro, mas são todos mesmo, não são só os médicos, estão de férias prolongadas desde Março e não mostram vontade nenhuma de acabar com elas, têm pouca sensibilidade social  como se dizia de manhã à noite no tempo de Passos Coelho esse verdadeiro monstro de insensibilidade social que aconselhou a emigrar porque sabia bem o que nos esperava, pelo menos não era cínico e falso.     Helder Machado: Isso de precisar de receitas para as mazelas já configura a prática de um anti patriotismo sórdido. Não estar atento às conquistas do socialismo pode levar a graves enfermidades.     Francisco Gonçalves: Muito bem escrito.    Mario Areias: Brilhante como sempre. Sparks and Sparrows: GF tem tiques de mãe galinha? Tem! E isso, atendendo à função que ocupa diariamente há seis meses, simplesmente admirável a resiliência e desempenho da senhora, é forçosamente mau? Não! Pelo contrário. A informação é correcta, e equilibrada no sentido que é dispensada com preocupação pedagógico/"maternal" a quem sofre. Obrigado drª!    Maria Augusta > Sparks and Sparrows: Muito gostam os canhotos de serem tratados como uns incapazes (que são), a GF é "maternal", o "Pai Natal indiano" é fraternal, e o "Papagaio de Belém" é paternal....que bom!    Maria Eduarda Vaz Serra > Sparks and Sparrows: Obrigada?!?!!!!!!! Estamos sem serviço nacional de saúde!     Vasco Silveira: Caro Senhor:   A Drª G Freitas (a Dupont, da dupla com a inefável e sempre sorridente ministra Temido), também tem as suas modernices: -trata-nos por "Tu" nos avisos e comunicações nos eixos viários; - mente com a mesma cara ao serviço dos interesses e circunstâncias do dia (o dano das máscaras faciais é um bom exemplo). Enfim, tem todas as características para ter chegado ao topo do funcionalismo público. Melhores cumprimentos.   Gens Ramos: Pois, Portugal é assim: quietos e calados. Um funcionário público teve um processo disciplinar por ele considerado injusto; foi condenado c/ pena suspensa; naturalmente recorreu, passaram-se quatro anos! Ainda não obteve resposta. Entretanto a pena, existe, injusta, embora suspensa. Viva Portugal!    José Paulo C Castro: Eu estou com uma infecção nas vias respiratórias desde o fim-de-semana, o que me levou a ligar à tal linha Saúde 24 no final de terça-feira, quando a febre subiu para perto dos 38. Resultado: descrição da situação a duas profissionais de saúde, uma enfermeira e a segunda não percebi bem. Após tudo isso, mandaram-me isolar em casa, e que seria contactado pelo delegado de saúde em 48h. Eventualmente, viria a indicar-me o teste ao Covid. Caso não o faça em 48h, logo disseram para contactar o meu centro de saúde a 20km daqui (onde há um, o meu de sempre, mas fui 'recolocado': o médico deve ter mudado de família...). Felizmente, a evolução da doença não está a correr mal, mas imagino que não terei resposta em tempo útil, nem ninguém para me atender no caso de precisar medicação. Terei de ser Resiliente. Acontece é que, no caso, não voltarei à mesma forma: o SNS não existe pelo que, numa próxima vez irei a um privado (a 100km) assim que me apetecer e só um médico que me analise a sério é que me dirá para confinar ou indicar para testagem. Ao menos, quero ter o prazer de não pagar a quem se recusar a atender-me. Os privados fornecem-nos essa opção... Entretanto, entendi porque aumentou o número de mortes não-covid. E temo que a redução para as 35 horas de trabalho na FP ainda é uma exigência muito forte.     josé maria > José Paulo C Castro: Tem toda a razão na sua crítica. Um amigo meu morreu de doença não covid e foi completamente negligenciado no período do confinamento pela médica que o devia assistir e medicar. E também conheço vários casos de pessoas que não fazem testes de despiste, mesmo tendo estado em contacto com outras infectadas, porque o SNS não determina esses testes a pessoas assintomáticas, mesmo tendo estado em contacto com contagiados. Isso é de uma irresponsabilidade tremenda. Apesar das nossas divergências políticas e pontos de vista diversos, desejo-lhe sinceramente uma breve e rápida recuperação. Somos todos iguais na precariedade de nossa condição humana. José Paulo C Castro > josé maria: Obrigado. Agora imagine se muitos, sabendo disto, começam a evitar contactar as autoridades para terem ao menos alguma liberdade de movimentos e opções de tratamento... Lá se vai o controlo dos surtos, caso sejam infectados... Eu já não esperava muito do SNS mas esta atitude é um tiro no controlo do Covid a prazo pois a natureza humana não colabora com esquemas securitários sem ter benefícios em troca. Acho que a sorte é as pessoas ainda não se terem todas apercebido como as coisas funcionam e vão acreditando. Quando perderem a confiança, não haverá medidas públicas que resistam. Se o resultado final for o de que morrem os que tiverem de morrer, independentemente das medidas, então a corrente dos suecos e dos Bolsonaros sai justificada por si só e a crença na atitude científica como forma de aconselhar a governação cai a pique. É que não basta só justificar as acções correctas: é preciso ter condições para as aplicar.     Maria Eduarda Vaz Serra > José Paulo C Castro: Está a esquecer um pequeno grande pormenor: é que quem paga o SNS somos nós com os nossos impostos!       José Paulo C Castro > José Paulo C Castro: Pois bem, tenho de me retratar um pouco. Afinal, não posso aferir do estado do SNS pelo meu caso particular. Às vezes, há coincidências... Tomei a iniciativa de ligar para o centro de saúde, dado o delegado de saúde não me ter contactado. Como já suspeitava, nem sequer tinham conhecimento do meu caso mas a explicação é que caí num buraco do sistema. Há uns poucos dias, o delegado de saúde reformou-se (era o mesmo desde há muito anos) e o lugar está vazio temporariamente. Resultado: nem o meu médico de família foi contactado pelo delegado, nem o SNS24 sabia da ausência do delegado de saúde a quem comunicou o caso. Afinal, o protocolo normal (o de eu contactar directamente o centro de saúde) era o mais indicado mas ninguém sabia disso. Depois do meu contacto, está tudo tratado e vou testar amanhã cedo.  Neste caso, a falha é o protocolo do SNS24 não estar preparado para a reforma dos profissionais. O meu caso não serve para aferir o estado do sistema em funcionamento normal.  Cipião Numantino > José Paulo C Castro: Caro José Paulo, conheço pessoas que, estando doentes, se recusam a ir ao hospital e ainda menos aos Centros de Saúde, onde são logo escorraçados e tratados à patada. Eu próprio, tenho pago os medicamentos que tomo há muitos anos sendo um deles muito caro, já que estou sensível às férias sustentadas nos Centros de Saúde e receio incomodar as florzinhas de estufa em que se tornaram os FP's. Está tudo à balda e já nada funciona na saúde pública deste desgraçado país. O mais grave é que provavelmente nada voltará a ser como dantes e o sector da saúde será uma espécie de campo de férias onde alguma gentinha vai até lá só para que não se diga que nada fazem. Isto está sem rei nem roque. E ambos sabemos que a lógica socialista nada resolve, antes vem estragar tudo o que é normal e funciona. Só temos garantidos cada vez mais impostos! Que tudo lhe corra bem e vá-nos dando notícias do seu caso. Grande abraço!        José Paulo C Castro > Maria Eduarda Vaz Serra: Não, não estou. Por isso é que digo que num privado eu sempre teria a satisfação de não lhe pagar perante a recusa dele. Aqui não tenho: já estão pagos ! No entanto, a falha no meu caso foi uma coincidência estranha para a qual o protocolo não está preparado: o período após a reforma de um delegado de saúde. Algo falhou na transmissão da informação. Globalmente só fui atrasado num dia, o que não é grave (embora até isso pode ser fatal em certos casos muito graves...)    José Paulo C Castro > Cipião Numantino: Obrigado, Cipião. Eu próprio também tenho essa experiência de quando vivi na zona de Lisboa e do efeito que a elevada concentração populacional tem na saturação desses serviços. Na prática, tendo privados disponíveis, optava por eles sempre que podia. A sua experiência e a do Paulo Tunhas eu também já conheço, tendo-a vivido por interposta pessoa familiar. Acontece que a minha experiência era diferente: eu agora vivo numa zona de baixa densidade (eu até conheço pessoalmente o, até há dias, delegado de saúde) e não encontrava essa explicação habitual para esta ineficiência. Para mim, isto significava que o sistema não funcionava de todo. Afinal, a causa disto foi a reforma dele, pelo que não posso generalizar. Apenas posso concluir que um sistema demasiado centralizado, como o SNS24, tem dificuldades a adaptar-se a mudanças na estrutura (mas isso todos sabemos, excepto os jovens marxistas...) Cumprimentos.   Adelino Lopes: À Resiliência do Paulo Tunas em Resolver o seu problema com o SNS temos de acrescentar outras alternativas: no meu caso o recurso a um hospital privado, com custos acrescidos para a minha pessoa. Na verdade, eu que nem preciso muito de ir ao médico (1 vez a cada 2 anos), tenho o privilégio de poder aceder aos serviços privados. E, sempre que falo com os meus amigos, existe uma unanimidade: também conseguimos libertar o centro de saúde local. E a avaliar pelo discurso da minha médica de família, que também conheço pessoalmente, esta ajuda permite que o caus não tenha aquela dimensão que teve em Itália por alturas da pandemia; ou seja, até antes da pandemia, muitas pessoas tinham que recorrer aos serviços de urgência do hospital para serem atendidos, porque uma consulta no centro de saúde estava a demorar mais de 6 meses. E as consultas urgentes do dia estavam cheias antes da porta abrir. É a vida do serviço público de saúde num país socialista.    Carlos Quartel: Alguns factos: Nós somos pequeninos e gostamos de ser tratados como tal. Quando o granizo estraga as couves ou as cerejas, vamos à televisão chorar para que o governo nos dê um subsídio. Costa e o PS funcionam nesse registo paternalista, mais 10 euros no próximo Agosto, mais uma vacina de borla e a narrativa colhe. Têm a imprensa capturada, com uma excepção ou outra, o povo anestesiado com bola e mexericos e tudo corre pelo melhor. O mais grave é que essa captura se estende ao PR e ao maior partido da oposição. A pressa, a argumentação e o destaque dado ao novo homem do TC, o tal amigo do Paulo Campos, foi uma prova da determinação de pôr na ordem os atrevidos que se atreceram a sugerir alguns odores desagradáveis. Assim, em termos eleitorais, restam IL, CDS ou Chega, o resto está contaminado. Façam a vossa escolha, senhoras e senhores ..... João Sousa: Eu só acho piada quando a esquerda usa o “fascista” para descrever tudo e todos, quando parecem saídos do tempo de Salazar. 

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